█ BOM DIA BOA TARDE BOA NOITE Senhoras... Gérson Gomide

█ BOM DIA
BOA TARDE
BOA NOITE



Senhoras e senhores, bom dia.

Poderia ser boa tarde ou boa noite, mas o sentido e o desejo, sem dúvida, são os mesmos.

Não é sem razão o título que preambula este texto. O gesto ou palavra de saudação sempre denota atenção para com outrem, exatamente aquela atenção que é reclamada como cortesia ou delicadeza para si próprio.

Merecemos tal distinção? Sem dúvida que sim. E os demais, também a merecem? Esta resposta está com você ou em você.

É extremamente difícil calcular o custo de um cumprimento, mas sabemos que o valor de boas e cordiais palavras é inestimável no círculo de convivência prolongada ou fugaz e, igualmente, nos rápidos encontros por onde as pessoas circulam.

Entendemos que para uma quantidade indefinida de pessoas, a prática de descer-rar os lábios e desejar bom momento a alguém exige tremendo esforço e operoso trabalho, pois que ainda se encontram longamente distanciados do comportamento gregário e que qualquer atitude que possa demonstrar sociabilidade não estão em conformidade com suas posses e alcance. É por esse motivo e razão que cruzamos com altivos senhores, senhoras e candidatos(as) a sê-los, que se julgam descendentes ou herdeiros de abastado rei, conduzindo-se de tal maneira que os observadores ironicamente concluem que o dito cujo (ou dita cuja) transporta sua majestade na proeminência externa do abdome. Não raro os envaidecidos se julgarem o próprio monarca.

Vale recordar, por oportuno, que por derivação, na extensão do sentido e regionalismo rio-grandense-do-sul, monarca é, também, a definição de um animal imponente.

Animal imponente, essa é muito boa!

Apois, denegar a saudação; deixar de cumprimentar quando deveria fazê-lo; ignorar o cumprimento e não contribuir de alguma forma para que o dia, a tarde ou a noite de alguém seja mais suave é próprio de quem pouco possui.

Aliás, no trânsito da vida, cada qual oferece o que tem, o que é, o que quer ou pode oferecer. Nada além da impossibilidade ou mesquinhez, inobstante recebam ao longo do percurso muito mais do que merecem...

Não podemos recusar a veracidade de que os ascendentes transmitem aos descendentes noções de comportamento que irão estabelecer o seu modo de viver e de conviver. Não vamos ignorar que muitos se fazem ou se desfazem por si próprios. Os filhos mal educados nas diretrizes paternas têm forte tendência em criar os seus à sua imagem e semelhança e é exatamente por isso que o edifício, a comunidade, a cidade, o Estado e o País se encontram na base do salve-se quem puder, se puder...

O básico na educação do ser humano é o sentimento que o leva a tratar outrem com digna atenção, sem invasão ou perturbação de seu espaço. Tal atitude conduz cada um, tanto em apartado como em conjunto, a reconhecer os direitos alheios. Este é o constitutivo que imprime característica essencial de convivência e respeito.

Para bom entendedor meia palavra basta; para quem sabe se expressar meia palavra não existe; para os que se recusam ouvir ou falar, a solidão é o epílogo de uma vida que não teve bom princípio e tampouco agradável seguimento. Uma vida que jamais possuiu o charme do sorriso ofertado e recebido.

Nem sempre o espelho reflete a imagem real de quem se posta à sua frente; a ação e omissão, sim!

Empós de tudo quanto dito está, só resta a saudação final, que copia à sua maneira a saudação inicial:

Bom dia, senhoras e senhores.

Autor: Gérson Gomide