Floresci entre quatro paredes E discos... Aleff Lavoisier

Floresci entre quatro paredes
E discos dançantes
Movimentaram meu corpo nu
Pela sala de estar.

Peguei o controle remoto
E me desliguei do mundo.
Cansei do código de barras,
Não sou seu produto
Para que me use,
Sou produto da minha criatividade,
Que me transporta onde
Você nem sonha ir.

Quadro em flor,
Flor emoldurada,
Moldura de sonhos,
Sonhos despedaçados.

Pedaços agora multiplos,
Multiplicação das horas,
Horas inconstantes,
Inconstância da permanência,
Permanece a ausência,
Ausência de você.

Você que já se foi,
Foi não sei pra onde,
Onde não quer ficar.

Se fica, quer voltar
E ao voltar, não sabe se quer.
O que quer, já se perdeu,
Perdeu ao te esperar.

E a espera me fez
Entre paredes
Sentar-me invernecido
Vestido de mangas compridas
Novamente reproduzindo
As notas dolorosas
Da antiga caixinha de música
Que diz que a dor não cessa.

Enfeito-me de um colar inventado
Com peças achadas
Num velho guarda-roupa,
Igual àquele antigo amor
Para quem já me enfeitei.

As rosas jogadas ao chão
São sinais do romantismo que se perdeu
Diante das farsas que presenciei.

Os cristais que julgava ser
teus olhos brilhantes,
Logo se mostraram pedras falsificadas
Por especialistas do meio...
Num mundo onde almas baratas
Não se transformam,
Mas vendem sua preciosidade desvalida
Em vitrines de poder.

O violão tem seis cordas
Pra emitir as suas notas,
e alguns homens tem seis faces
Para mostrar seus
Cinquenta tons de mentira
E essa música não quero ouvir.

Se for pra cantar seus enganos,
Procure outra vitrola,
Pois aqui não entram
Seus discos fuleiros.

A música agora é,
O canto da liberdade.