Um dia como uma vida inteira - Reflexão... Alan Felipe Trindade de...

Um dia como uma vida inteira - Reflexão entre minhas lembranças, sentimentos e anseios

23 de novembro! Um dia me perguntaram se eu ainda me lembrava desta data. Fiquei a imaginar o porquê de tal pergunta, por saber que a pessoa, apesar de ter questionado, já sabia da resposta. Em meio a esta pergunta retórica, eu acabei simplesmente respondendo que jamais havia me esquecido de tal data. E, saiba você onde estiver que, realmente, ainda não consegui retirá-la da mente.

Assim como músicas, momentos e poesias, os números também se tornam significativas lembranças, sobretudo, quando estão vinculados a acontecimentos ou pessoas que contribuíram para que em nós despertasse algo incomum.

De origem espontânea, assim se fez presente um sentimento que apresentou ao meu mundo uma pessoa que, apesar das disparidades para com a minha personalidade, encantou-me como nenhuma outra, até então, jamais conseguiu.

Nesta experiência, deparei-me com meus sentimentos e emoções se aflorando, de forma tal, como nunca foram percebidos. As mãos trêmulas, as pernas “bambas”, a voz ofegante, o esquecer constante das palavras que foram tão planejadas, um querer e um não querer, que não por contradição, mas por insegurança. Surgia aí, uma paixão que não queria ir embora depois de uma noite, de um dia, ou de um mês...

Contudo, como nem a vida dura para sempre, se assim acreditamos, tampouco seria este sentimento. Desta maneira, as melhores coisas da vida um dia se vão com ela. Todavia, foi a pessoa e permaneceram as músicas, os momentos, os números, as poesias... Permaneceu tudo aqui, guardado no peito.

Durante um tempo, como uma sensação natural de proteção, tranquei as portas do coração e não deixei chaves para ninguém mais entrar. Porém, sem admitir, eu tinha medo do reencontro. Medo por saber que esta pessoa não precisava de chave para entrar de volta no meu coração protegido. A simples presença dela oferecia riscos para minha barreira, pois ela era a única que, sem as chaves, conhecia meus pontos fracos e sabia que, se quisesse, arrombaria a porta e estaria com meu coração nas mãos sempre que quisesse.

Entanto, como dizia Mário Quintana, somos culpados pelo que fazemos, mas não somos culpados pelo que sentimos. E entre os desencontros, o que era pra sempre, tornou-se findo. Quisera o destino ou nossas errôneas atitudes para com o outro, que tais desencontros surgissem e, neste 23 de novembro, que os seus braços já estivessem esquecido dos meus abraços.

Confesso que faz bem cuidar e ser cuidado por alguém, mesmo que de outras vezes o cuidado tenha acabado com uns ferimentos profundos no peito. Entretanto, não vale a pena definir culpados por conta dos inúmeros planos que foram frustrados, bem como, não vale a pena guardar lembranças ruins no peito. “O mundo muda, mudamos nós”, mas só permanece o que é verdadeiro!

Creio que todos nós merecemos viver histórias lindas de amor. Merecemos alguém que nos ame de verdade e que nos faça sentir muito melhores. Veja só: eu preciso de alguém que se preocupe comigo, com a minha vida... Eu preciso de alguém que desperte em mim o que de melhor eu posso ser. Eu quero poder “morrer de amor e continuar vivendo”, sabe? Poder comemorar com a pessoa que eu amo cada momento especial, cada instante ao lado dela... Tá me entendendo?

Talvez eu não tenha me sentido amado como desejava ter sentido. Faltava entrega, faltava compreensão e faltavam muitas outras coisas que só depois, estando fora da relação, eu pude enxergar. Só não sei explicar o porquê de eu ter me apaixonado tanto por uma mulher tão distante do meu tipo ideal - o qual sempre idealizei. Deixei de lado o tipo perfeito para poder perceber o encanto de um olhar singelo, de um sorriso verdadeiro que te toca até à alma e começa a te fazer feliz por dentro - de fato, vivemos coisas incríveis e não percebemos que coisas incríveis não precisam ser eternas para serem sempre lembradas. E de acreditar que havia algo especial entre eu e essa pessoa, cheguei ao ponto de não esquecê-la depois de tudo que aconteceu e nem de pensar que pudessem ser esses os motivos que fariam eu deixar de me encantar por ela.

Realmente, há coisas na vida que não dá para explicar... Eu só espero poder encontrar uma mulher que me faça sentir amado também - da forma intensa como imagino que deve ser. Eu ainda não sei como é ter a plena sensação de tudo isso. Ter alguém que me admira, que me elogia, que olhe para mim e consiga me enxergar além do que eu realmente sou. Que considere que até mesmo meus defeitos me fazem perfeito por simplesmente não querer mudar nada em mim. E que não desista de mim quando eu falhar com ela - dado que esta nunca foi minha intenção!

Sei que um dia ainda vou agradecer por ter ao meu lado uma mulher incrível - e que eu saiba reconhecer nela esse valor. Pois que ela me faça uma pessoa melhor, um homem imensamente feliz e realizado para que eu possa agradecer a Deus todos os dias por ela ter entrado na minha vida e por me permitir fazer parte da vida dela. Destarte, não é difícil compreender que é fácil ser o melhor namorado do mundo para a melhor namorada do mundo, e vice-versa. Não pela mística de ser o par perfeito um do outro, a metade da laranja ou outra coisa do gênero, mas por ser a pessoa que o destino pode ou não ter colocado no meu caminho e que decidiu me fazer presente em sua vida por todos os dias a partir de então.

Compreendo que o segredo para um bom relacionamento é uma relação na qual tanto o homem quanto a mulher estejam presentes um na vida do outro, mesmo estando longe. Fazer-se presente não é ligar toda hora ou procurar direto, pois isso não caracteriza presença. Presença, a meu ver, é saber que aquela pessoa que temos do lado é atenta para o que estou passando, sabe ouvir quando preciso que me escute, sabe criticar quando preciso ser criticado. Uma pessoa ideal não é aquela que te guia para o caminho que você já sabe andar, mas sim que te leva a lugares que você ainda não sabe chegar. Hoje temos muitas relações que caem na rotina e pessoas que convivem há anos e, muitas vezes, não se conhecem por inteiro. Para tanto, são essas e outras que demonstram que “não é o amor que mantem um relacionamento, é a forma de se relacionar que mantem o amor”.

É preciso doar-se constantemente. É necessário presentear a mulher amada, muito além do que com flores, bombons ou ursinhos em datas comemorativas... É preciso um abraço, um beijo, uma palavra de afeto, um carinho, ato ou pensamento e talvez um pouco mais.... É preciso querer, estar, zelar, amar... Sendo indispensável a sinceridade. Como percebeu, amar não é pra qualquer um, amigo! Permanecer no amor, muito menos. Nesse ramo da vida, quem pensa enganar o outro, acaba enganando a si mesmo.

Desta forma, não sinto receio em ressaltar que houve o dia em que a minha felicidade teve nome, endereço e o sorriso mais lindo do mundo. Porém, ilustro meu pensamento e concluo meus dizeres com a frase que hoje me guio: “Ninguém torna alguém feliz. Uma companheira serve para você compartilhar a sua felicidade, e não para ser a razão da mesma”.