Navego solitariamente nas minhas... Vinícius Soares Ferreira

Navego solitariamente nas minhas lembranças, ao som de Caetano. Ardilosos sentimentos que insistem em ficar, me fazendo sentir da maneira mais indiscreta ciúmes do que não me pertence. Ingenuidade pensar que isso seria fugaz. Pérfido querer, me aprisionando a um sentimento claramente singular, fazendo-me de forma vulgar chamar-te a atenção. Em vão. Me visto da melhor roupa, ponho o mais doce perfume. Tolo, tolo, tolo, aprenda de uma vez por todas, que a beleza externa não supri a fome interior. Quem me dera, se minha matéria, saciasse a sua fome. Ando perdido e esperançoso na sombra das tuas mentiras. Vago por este mundo e, já não sinto o desabrochar do meu sorriso. Escrevo com ardor, a poesia já se apossou do poeta. Pobre poeta, se deleita da poesia, embriagando-se de palavras, aos poucos vai naufragando no deserto dos desejos e, acha na poesia o seu espelho da alma. Por mais que meus interesses sejam ambíguos, o amor apontou-me a magia de uma bruxa, a malícia de um ser profano, e a estranha beleza de uma mulher da vida.

por Vinícius Soares