Um canto insano, onde ninguém nunca... Benni benvenuti

Um canto insano, onde ninguém nunca conheceu, onde a moradia é inabitável aos demais. É uma cabana fechada, sem janelas, sem portas, sem luz, sequer o cantar dos pássaros de dia e as corujas de noite, transcorre o pitoresco calabouço.
Não havia nada de belo ao redor, somente lama, sujeira, um pântano malcheiroso, hostil e cercado por completa negritude. Ao lado, um poço, tão fundo quanto as olheiras da idade...a queda não tinha fim, pelo menos é o que diziam, e ao se aproximar da beirada, era possível escutar os gritos agoniantes da dona sem rosto.
Uma vez invadiram aquele casebre que inalava mistério. Era antes tão bonita, encantadora, todos gozavam da sua acolhedora estadia mas, num momento de descuido, o sujeito inescrupuloso havia colocado os pés imundos no chão de cera, destruindo tudo o que era de valor pela frente, memórias riscadas e apagadas e toda uma vida roubada. As chamas de raiva era tamanha que logo começou um fogaréu, perdendo o que construíra, desequilibrando e corroendo o interior já apodrecido, sem cessar...fugazmente.
Deixou exposto a uma noite de tormentas, dejetos de um passado nebuloso, que pairavam sob aquela natureza mórbida, e não...não iam embora até infectar por inteira.
Sem cuidado ou seguro algum, é uma daquelas construções em que ninguém se atreve a passar perto, a adentrar, a entender.
Muitos tentaram destruir com a desculpa de que era aquilo um desperdício, algo inútil, sem atrativos, mas os segredos que circulavam segurava forte como vigas.
Não há lapso sequer de alguma humanidade...deve ter sido desligada juntamente com o brilhantimo de uma luz fraca.
Havia tanta velharia guardada, que os ratos começavam a roer...remoendo...extinguindo...tão massantemente.
Entre uma jaula ao ar livre e uma prisão de sete paredes. Entre o mundo lá fora e a própria fantasia dentro.
Porém, em contraposto com o macabro singelo, é um cafofo que tem algo belo, de uma forma grotesca e sem sentido; quisera que excitava, e muito, os olhares curiosos de quem ali se atrevia.
São, sem cogitar ou duvidar, andares incompreendidos.
Localizada num lugarejo inóspito, de difícil chegada e improvável saída.
Com incontáveis buracos, pedras agudas e montanhosas estradas, tantos acabavam por abandonar...dao meia volta e seguem rumo a rua lugar nenhum, na avenida escolha fracassada.
Tetos que proliferam melancolia, pinturas bizarras de uma palhaça tristonha...um casarão de cultura sádica e um único porta retrato que mostra a felicidade vivida tão efêmera dos dias simples de um amor completo.
Não está para alugar. Não esta á venda. É somente uma morada tentando se manter em pé, apesar das previsões imprevisíveis do TIC TAC chamado tempo.