Eu e minha mochila Ontem, enquanto eu... HUGO PIRES

Eu e minha mochila

Ontem, enquanto eu saía do colégio, parei diante de uma lixeira na esquina e decidi fazer uma limpeza rápida em minha mochila. Só então me dei conta do quão importante ela é para mim e do quão eu fui descuidado com ela durante todos esses anos.

Por isso decidi escrever algo, afinal não é sempre que vemos as pessoas reconhecendo o valor de quem está conosco todos os dias. Somos tão apegados aos nossos planos e aos nossos compromissos, à nossa correria do dia a dia e à nossa gana por chegar lá, que nos esquecemos que para chegarmos temos que ter bagagem, e essa bagagem pode estar um pouco dentro de uma mochila.

A verdade é que foram tantos anos juntos desde o vestibular na primeira faculdade, tantos e diversos livros que ela carregou, algumas poucas peças de roupas nas viagens que fiz, a pé, de carro, de ônibus, de carroça e até de avião, que muitas vezes não sei ao certo se sou eu que a carrego ou se é ela que me leva.

E se é ela que me leva, que carrega parte dos meus sonhos e enaltece a minha sombra quando olho para trás, que deita ao lado da minha cama ou jogada em algum canto do quarto, que esteve comigo nos dias de alegria e nos dias de tristeza, que venceu comigo a Faculdade de Letras, que esteve comigo nos tempos em que trabalhei como vidraceiro (Chaplin, que também cumpriu esse ofício, sentiria pena em não tê-la como eu a tenho), que carregou meu primeiro Vade Mecum na Faculdade de Direito, e que hoje (dia 25/11/2014) protegeu da chuva a minha monografia, quero poder dizer que ontem, naquela esquina de Santa Cruz, depois de um dia de aulas no colégio, com todas as desventuras da vida, eu reconheci verdadeiramente o valor das coisas pequenas em si, mas grandes nos significados.

Mochilas não são só mochilas, depende de nós...