Se me perguntassem qual minha risada... Kamylla Cavalcanti

Se me perguntassem qual minha risada preferida eu diria sem medo de errar que é a sua, o som estridente de uma gargalhada que parece avessa a toda dor, o olhar distante de quem sofre demais e encara de menos. A primeira vez que te vi chorar foi por uma história que eu contei, mas parecia que você viveu aquilo, que a dor que eu sentia você já sentiu, nossa história era a mesma só mudava os personagens. Com você aprendi que algumas dores gritam mesmo em silêncio, que por mais que suas risadas ecoem na sala, tua dor faz zuada em meus ouvidos. Fingir é seu escape, fingir é um dom que você tem, mas seu fingimento é fraco, meu olhar cansado encontra o teu e penso que por trás de sua risada alta você percebe que eu te entendo, você percebe que eu te enxergo. As pessoas perguntam como alguém pode ser feliz assim, as pessoas sentem sua falta quando você não está, o vazio que você sente é o vazio que você deixa quando se vai. Você é tão amável, talvez seja por isso que você se machuque tanto, quando a gente ama muito a gente se machuca muito, amar é estar nu pra dor, é tirar toda a armadura da hipocrisia e se deixar livre, mas amar tem um preço e você como eu sabe que as vezes é alto demais. Ah se eu pudesse te dar um presente, algo pra você lembrar de mim pra sempre, mas o que eu pensei em te dar é muito além de algo material, vai muito além de algo que se toca, que se veste, o que eu queria te dar é algo que se sente, o presente que eu te daria seria esperança. Esperança de que há um sol escondido por trás dessas densas nuvens, esperança de que um dia, não muito longe, esse teu riso traga consigo um olhar de quem conseguiu achar um porto, de quem conseguiu achar no amor um bom motivo pra continuar.