Trídent de Canela Você engravida meus... Júlio Corrêa

Trídent de Canela

Você engravida meus anseios
incendeia meus neurônios
enfraquece minhas atitudes.

Eu me pergunto o porquê de tudo isso
se nossos caminhos parecem-estar-outros
retas-paralelas-opostas
procurando alvos imprevisíveis.

A solidão me convida pra dançar
puxa meu braço
rouba meu sorriso
oferece abrigo.
Finjo ser surdo-cego-mudo.

Você reclama do tédio
da monotonia dos dias
não gosta de ficar sozinho.
Classifico sua carência através da minha fome.
Somos mariscos na pedra
imprensados pelas ondas do mar.

As horas se transformam em urgência.
Jogo minha timidez pra escanteio.
Adjetivo minha identidade
sugerindo uma rápida reflexão
em sua jornada desnivelada.

Você ingere uma dose de vento
masca um afrodisíaco trídent de canela.
Eu bebo uma ice
encaro seu rosto
enquanto seus potentes diamantes negros
procuram um breve romance na multidão.

Percebo sua pressa em encontrar alguém
que acelera minha embriaguez.
Mas você não entende
ou falta coragem pra aceitar
que sou sua presa
esperando o tiro acertar minha alma.

Cadê sua arma frasal?
Onde está sua atitude?
Por que não dispara o projétil certeiro
no centro da minha carência afetiva?

Parto pro ataque!
Deixo de ser ovelha.
Ser lobo me excita!

Retiro seu trídent de canela
de dentro de sua boca domesticada
com minha língua hábil-atrevida.

Vou mostrar pro seu corpo
o lado agridoce da vida!

Ele vai a-do-rar!