Memória e Futuro I A dor da queda O... Thiago Wender Ferreira...

Memória e Futuro

I
A dor da queda
O peso, a derrota
nos calaram por muito tempo

Em nosso tempo (curto ainda)
nos vendaram, amordaçaram...
e a venda
e a mordaça
tem sabor de gente morta
- não qualquer gente
a nossa gente -

Tombaram nossa lutadora
Helenira Resende
à frente
não temeu nem a mira
nem a morte.

Nosso comandante
nos dissera:
“é preciso não ter medo
é preciso ter a coragem de dizer”
o mesmo Carlos
em vários Marighellas

II
Veio então a carapuça
para que a história
fosse esquecida
para que o mundo
fosse esquecido
e assim cai o muro
sem por nós ser percebido

E sobe a poeira
que forma uma grande
e espessa camada
imobilizadora

Torna-se a vida, cinzenta,
como cinzenta é esta cidade
cheia de maldade e gritos
que os ouvidos ignoram

III
É que estamos
no fundo do abismo
a queda livre cessou
e por aqui estar é que podemos
com firmeza
mirar para o alto, e
ver qual caminho,
qual horizonte,
que perseguir.

Certo é que
nem todas as feridas cicatrizaram,
e seguirão machucando.
Outras, no caminho mesmo
vão abrir-se.

Mas,
sendo a dor conhecida,
o abismo e a escuridão,
a ferida e a cicatriz
não mais temeremos,
nem mesmo a morte.

E seguiremos o caminho do clarão
que se apresenta somente
quando erguemos a cabeça

IV
“Este é nosso tempo
esta é nossa gente”

Nosso tempo
de desenterrar os fuzis,
as fardas,
os lutadores e lutadoras

Nossa gente
explorada
brasileira
revolucionária

Conclamemos nosso exercito
pois atento está o inimigo,
ampliemos nosso arco
pois forte é o inimigo,
afinemos o projeto e a marcha
pois quererá nos dividir, o inimigo
acertemos os ponteiros do relógio
que é chegada a hora da revolução.