Menino dos Olhos Tristes Ah, esse menino... Márcio Almeida

Menino dos Olhos Tristes

Ah, esse menino que me olha profundamente,
Vidra meus olhos em suas pupilas.
Menino moleque, agitado, sem paradeiro
Que grita com o mundo inteiro
Para poder ser ouvido, visto...

Ah, esse menino assustado
Ora vez calado, ora vez falante.
Menino que conquista
O inconquistável, muitas vezes açulado
Pelo que de mais belo tem: Sua verdade!

Ah, esse menino que me confunde
Deixa-me perturbado,
Inseguro de meus atos.
Menino matuto,
Que alegra meus segundos,
Em um simples gesto ou olhar.

Ah, esse menino mestre
Faz-me aprender, evoluir,
Querer ser melhor a cada dia.
Menino ingênuo
Que procura ser amado.
Sonha com beijos cálidos,
No seu dorso esculpido, por anjos de Deus.

Ah, esse menino que tenho zelo
Empresto meu aconchego
Para que possa repousar em paz.
Menino atrevido,
Imponente, carente...
Em momento descrente,
Não recusa afago meu.

Ah, esse menino de alma pura
Veste-se com armadura,
Para enfrentar batalhas
Desse mundo desigual, covarde.
Corajoso,
Enche-me de orgulho,
Remindo meus próprios medos lá no fundo...
E sereno tornou-me, feito brisa soprar.

Ah, esse menino festeiro
Não perde um agito,
Dança de braços abertos,
Seu abraçar
Selado de amor, devoção.
Menino amigo,
Cercado de gente
Porque irradia luz aos demais.

Ah, esse menino sonhador
Não se abala ao temor
Dos que invejam seu belo ser.
Menino que chora
Lágrimas que teimam em molhar
Sua face de menino.
Perdido em um labirinto íntimo,
Procura saída, busca alguma paz.

Ah, esse menino de essência
Valente por natureza,
Da mais bela fragrância exalou.
Amoroso,
Que doa seu coração
Machucado e sofrido,
Em troca de um abrigo, um esconderijo.

Ah, esse menino dos olhos tristes,
Cheios de Verdade!
Ensinou-me a corrigir erros,
Preconceitos que nada são,
Além de medos retrógrados,
Fora de moda, arcaicos.
Evoluído hoje sou.

Ah, esse menino mudou-me
Aprimorou-me, transformou-me...
Ah, menino
Devo-te muito!
Devo a minha melhor parte,
Meu coração renovado,
Batendo novamente no compasso.

Ah, menino!Tudo que aqui escrevo,
Vem do coração.
Nas atitudes, irei provar-te.
A ponta da caneta traduz,
Registra, eterniza nossas verdades.

Ei, menino!
Contar-te-ei um segredo.
Quando bate a saudade,
Fecho meus olhos, para enchergar os teus.
Menino, não suportaria viver sem tua presença,
Meus dias se tornariam manhãs cinzentas
sem viço, graça e cor.

Menino,
Aqui me despeço,
Com a certeza de um futuro promissor.
Daqui para frente,
Somente alegria, nunca mais dor.
Sorriso tímido no canto da boca,
Olhos açulados de amor.

Ah, esse menino dos olhos tristes,
Cheios de verdade!