Nem sempre consigo ser tão equilibrada,... Clarissa Corrêa

Nem sempre consigo ser tão equilibrada, ponderada e organizada quanto gostaria. Alguns dias são bem perturbadores e nunca sei direito como lidar com eles. De certa forma resisto um pouco em dar o braço a torcer para a falha. Eu não sei perder, tampouco gosto de não ter razão. Um lado orgulhoso ainda tem muito o que aprender sobre os precipícios. Nem sempre quero cair, às vezes, mesmo torta, exausta e me arrastando quero continuar andando. Preciso aprender a me deixar levar, a aceitar que chega um momento em que a gente perde a força e a própria verdade. Mas sou turrona, durona, não desisto tão fácil. Juro que quando bate o desânimo eu o aceito, acolho, beijo, abraço e mando embora. Muitas vezes o desânimo só quer um carinho, por isso faz essas visitas inesperadas.

Acredito que uma pessoa é e sempre será a maior inimiga dela mesma. Infelizmente, tenho provas disso todos os dias, mesmo sem querer. É claro que conscientemente ninguém vai se maltratar ou se ferir. Mas existe um universo desconhecido dentro de nós mesmos e no fundinho dele tem uma parte chamada boicote. É como uma espécie de anjinho e diabinho: o anjinho caminha para o lado do bem, o diabinho puxa com força seu braço para o caminho da lama. E a vida nada mais é que uma tentativa absurda, diária e árdua de equilíbrio.

Infelizmente ainda não aprendi a guardar meu escudo e a pedir, seja com meus olhos falantes ou com minha voz que só observa, consolo. Realmente não consigo tirar a roupa da minha alma e mostrar um raio-x completo de todos meus segredos, faltas e anseios.

Fico me poupando na tentativa de ser fortaleza, esqueço que um pouco de fraqueza mostra como somos humanos e o quanto ainda precisamos aprender e evoluir.

Ninguém disse que é fácil se relacionar. É por isso que muitos têm medo. É por isso que tantos outros preferem relações de uma noite, um final de semana, um mês. É por isso que muita gente troca de parceiro como quem troca de calcinha. Relações duradouras e casamentos longos são espécies raras hoje em dia.

Difícil mesmo é perceber que a outra pessoa não valoriza nada que você faz por ela. É notar que quando você mais precisa o outro te vira as costas. É constatar que existe ingratidão e desamor. É ter a certeza que a amizade, o respeito e o carinho não são uma vida de mão dupla.

Muitas vezes a gente não entende por qual motivo determinada coisa acontece. Nos sentimos perseguidos, infelizes, azarados ou frágeis. Mas tudo, tudo mesmo, tem uma explicação. Pode ser que hoje nossos olhos não enxerguem, mas mais pra frente tudo fica nítido. É só esperar e acreditar que tudo se desenrola e fica bem.

Vejo muitos se queixando da vida com os pés plantados no chão. Esquecem que para que as coisas mudem precisamos correr, pular, colocar um pé na frente do outro. Nada chega pronto, tudo precisa ser batalhado e trabalhado, dia após dia. O negócio é agir mais e reclamar menos. Só assim a vida acontece de fato.

Lembro da frase esperançosa o-que-tiver-que-ser-será e da conformada não-era-pra-ser e me pergunto: será? Será mesmo que o que tiver que ser será? E se aquilo que tiver que ser não for o que eu quero que seja? Quem determina o que tem que ser? Eu quero que seja, pode ser assim? E o não era pra ser? Quem disse? Será que não era pra ser? Será que a gente não arruma uma coisa para acreditar só para realmente acreditar em alguma coisa e sossegar um pouco o coração aflito? Sim, é isso mesmo. Mas a gente precisa acreditar em qualquer coisa que alivie essa ânsia que é viver. Por isso, espero que seja. Espero que a pedra pesada vire um caminho livre. E lindo.

Tenho aprendido que nem tudo sai conforme manda o figurino, que os sonhos levam algum tempo para tomarem forma e fôlego, que só porque o que você queria não aconteceu no dia e na hora exatas que você queria não quer dizer que não vai acontecer. A frase ficou confusa, eu bem sei, e isso tudo é confuso mesmo. Mas nós somos humanos e queremos aquilo naquela hora e se não acontece daquele jeito tão esperado fica uma frustração enorme no lugar. Uma frustração solitária, trancada em um quarto e sala, sem luz, sem comida, sem uma garrafa de vinho, sem nada. Apenas ela, crescendo, tomando forma, tomando conta.

As reticências surgem, numa tentativa de descobrir qual será o meu próximo passo. E a decisão fica ali, no meio das minhas mãos, esperando. Só que muitas vezes nem eu sei o que fazer, fico um pouco perdida no meio de tantos pontos de interrogação. Ao mesmo tempo, aquela urgência em resolver o que precisa ser resolvido. Às vezes as coisas só esperam um ponto final, mas a vida (essa danada!) resolve colocar um ponto e virgula. E você precisa se virar.

Então surgiu uma pedra grande e pesada no meio do caminho. Em um primeiro momento, pensei que não teria forças, que não conseguiria, que seria covarde. Mas se tem uma coisa que eu não sou é conformada. Às vezes penso talvez-não-seja-pra-mim. Logo afasto esses pensamentos, coloco todos para correr e me concentro no que realmente importa.

Muita coisa é resolvida em um simples abraço. Dentro dele o mundo fica mais seguro e bonito. Com ele surge a esperança e o encontro. O abraço protege, ampara, vibra, renova, acalma. O abraço manda embora as mágoas, angústias e falhas. E faz a vida ficar muito mais leve.

O amor não morde. O amor não assusta. O amor não dói. Eu achava que as coisas eram diferentes, que amor dava frio na barriga, insônia, congestão nasal, que arrancava pedaço, que deixava a gente nas nuvens, que era um susto sem fim. Não, o amor não é nada disso. A paixão nos provoca uma série de sofrimentos. E traz aquela sensação de borboletas no estômago. A paixão é um comportamento adolescente, que se emburra e devolve os presentes, que bate porta, que se acha grande coisa, que quase mata no grito, que dura uma semana ou duas.