O AUTOR DA MINHA VIDA Quando Deus me... Renan Peres Ferro

O AUTOR DA MINHA VIDA

Quando Deus me gerou, junto com a minha vida ele me deu um jardim: o jardim da minha vida. Esse mesmo jardim me foi concedido com várias flores de beleza inigualável. Dentre essas flores, duas em especial destacavam-se com maior intensidade.
Sendo assim, à medida que eu crescia, algumas flores morriam, outras nasciam e cresciam, e o mais importante, elas não estavam desprovidas de cuidados, havia um jardineiro que zelava por elas.
Quando eu olhava para esse jardim, percebi que o jardineiro cuidava de cada uma das flores com um carinho diferente; cada uma exigia uma maneira especial de ser cuidada, e o jardineiro sabia como cuidar de todas elas. Ele as regava todas elas, podava as murchas e defeituosas, outras ele simplesmente arrancava juntamente com a raiz.
Em uma de minhas observações ao meu jardim, percebi que todas as manhãs, ao nascer do sol, o jardineiro recolhia água de uma nascente que havia ao lado direito do jardim e regava primeiramente aquelas duas flores que se destacavam; algumas outras ele as regava somente ao meio-dia e ao entardecer.
Com o passar do tempo, dentre as flores que possuíam maior destaque, uma delas morreu. O jardineiro cuidadosamente retirou-a do jardim, para que o mesmo permanecesse sempre belo. Todavia, eram duas as flores mais belas e, na ausência de uma flor, a outra murchou e perdeu a sua beleza. O jardineiro ao ver o esmorecer daquela flor apanhou uma tesoura, cortando-a de modo a permanecer somente a raiz no solo. Saiu do jardim e caminhou até o meu coração. Quando enfim chegou ao seu destino, bateu na porta do meu coração e, quando eu ouvi as batidas, abri a porta e permiti que ele entrasse. Lá ele permaneceu...
Certo dia, sem ter o que fazer, visitei o meu jardim em busca da beleza daquelas flores... foi quando me lembrei que elas não estavam mais lá; uma havia morrido e outra levada para dentro do meu coração, onde permaneceu juntamente com o jardineiro. Contudo, apesar da ausência do jardineiro, meu jardim permanecia perfeito e com um grande aroma campestre.
Apesar de tais fatos, resolvi visitar o jardineiro e com ele conversar. Foi quando abri meu coração, e a sua presença me pus. Ao avistá-lo, não consegui ver seu rosto, suas mãos e nem os seus pés, mas percebi que ele tinha consigo plantada em um vaso, aquela flor que ele havia retirado murcha do meu jardim. Ele havia entrado nas dependências do meu coração com ela nas mãos sem que eu a percebesse, e mais, agora ela estava bela novamente!
Foi quando questionei a respeito de sua ausência:
– Senhor, esqueceste de mim?
– Eu nunca me esquecerei de ti!
– Mas... e o meu jardim? Embora permaneça intacto, não o vejo mais por lá.
– Depois que me recebeu em seu coração, aqui me instalei permanentemente. E quanto ao seu jardim, meu pai é quem tomou a responsabilidade de zelar por ele.
– Mas senhor, quem é o seu pai? Eu não o vejo, não o conheço.
– Acalme-se! Meu pai é aquele que me ensinou a sofrer.
– Sofrer?! E como terei certeza que meu jardim não sofrerá em suas mãos?
– Em meu pai você pode confiar! Tudo está em suas mãos. Ele é o que repousa assentado sobre o globo terrestre. Tudo depende dele.
– Mas senhor, como assim? Eu não entendo...
– Não é necessário entender, mas sim confiar. As flores do seu jardim representam suas conquistas, seus sonhos, seus desejos e suas vontades mais íntimas. Quando uma flor morria, eu a recolhia e semeava outra em seu lugar. A água que eu usava para regá-las eu apanhava naquela nascente de águas vivas, à destra de meu pai e as regava todos os duas, em especial duas, que falando de mim representa uma família: pai e filho. Quando aquela bela flor morreu, eu a recolhi e a levei para os braços do meu pai; para você ela sempre esteve morta, mas meu pai a abençoou com a salvação. Em seguida, a outra flor murchou. Meu pai mandou que eu a cortasse com uma tesoura de ouro de modo a deixar somente a raiz permanecer plantada no solo daquele jardim. Dessa forma, mandou-me que a plantasse em um vaso com terra de Canaã e batesse na porta do seu coração. Você me recebeu e saiu. Enquanto isso, meu trouxe a flor morta para que dentro do seu coração eu a guardasse e juntamente com a flor morta, trouxe-me uma porção de águas vivas para que regasse diariamente aquela flor plantada no vaso.

Com o passar dos anos, retornei ao jardim. Encontrei-o em perfeito estado e muito bem cuidado. Ao olhar para o local onde se avistava aquelas belas flores, vi que no lugar daquela flor que havia murchado, brotava uma pequena bela flor.
Foi quando resolvi novamente conversar com o jardineiro. Ao chegar à sua presença, perguntei:
– Senhor, quem tu és? Quem és o teu pai? O que são aquelas flores e aquele broto e o que eles representam na minha vida, que é o jardim?
– Duas pessoas em especial que compõem sua vida estavam representadas na figura daquelas duas flores especiais: seu pai e sua esposa. Quando o seu pai morreu, com meu pai ele foi morar e por saudade sua esposa chorou. Foi quando recolhi as suas lágrimas, tirei-a de lá e a trouxa para dentro do seu coração; meu pai mandou que eu a protegesse para que nada nem ninguém fossem capazes de tirá-la daqui. Aqui também estão preservadas as memórias de seu pai. Aqui estão os dois, pois eu e meu pai somos quem os sustenta contigo. Esse vaso com terra representa as vossas dificuldades; o povo de Israel muito sofreu por chegar a Canaã, a terra que meu pai os havia prometido e, quando lá chegaram, muito também foram felizes.
– Senhor, tudo realmente se encaixa, tudo faz sentido em minha vida. Mas quem tu és? Apresente-se a mim, por favor. Eu preciso...
– Eu sou Jesus Cristo, o Filho do Deus Vivo!