De repente percebi que estava sozinha em... Nicole Vargas

De repente percebi que estava sozinha em casa, na verdade parcialmente..minha mãe estava dormindo. Desliguei todas as luzes, roubei um cigarro e acendi, fui pra varanda e sentei no chão. Tenho me sentido tão perdida ultimamente, olhei pra frente e agradeci pelo muro não deixar com que as pessoas me vissem, mas eu podia ver o céu, e as estrelas e alguns vizinhos dos prédios mais altos tinham a liberdade de me vez. Me fiz perguntas, em voz alta, perguntas as quais só terei a resposta ao longo da minha vida que só está no inicio. Dei dois tragos e me sentei no sofá e do meu lado o cinzeiro que parecia estar a minha espera. Quando olhei pra frente percebi que tinha uma vela acesa na parede, próxima ao interruptor que eu desliguei a luz. Se eu não tivesse apago a luz, acendido o cigarro, desistido da varanda, eu nunca teria reparado nessa luz. A luz formava uma figura semelhante a uma flor de lótus, semelhante a um triângulo, não sei explicar. Decidi então brincar, me avisei que o desenho seria eu, a ponta esquerda era a opinião das pessoas sobre mim, a ponta centralmente alta é o que eu realmente sou, e a direita é o que os meus pais esperam que eu me torne um dia. Há uma desarmonia na situação , mas não é o desenho, sou eu em desarmonia com as coisas a minha volta. Pensei com o cigarro na boca, pensei na minha liberdade de poder fumar, pensei também nos amigos que ja me pediram pra parar de fumar, e nos amigos que nunca me deixaram faltar um cigarro e percebi que, não dá pra agradar todo mundo,e eu sou o tipo de pessoa desagradável, porque não me importo em agradar ninguém. Dessa vez não fumei o cigarro até o filtro, apaguei ele na metade, e percebi que a gente precisa pensar com nossa cabeça nos nossos atos, até a realidade cair por terra para nós e nos dar um bom motivo para apagar nossos próprios cigarros sem que ninguém nos ordene ou implore por isso.