Ao passo que somos matéria viva, somos... Joice Soares

Ao passo que somos matéria viva, somos matéria morta. E tudo ocorre numa velocidade incontrolável. Não existe o botão 'pause'. Não existe um espaço de tempo suficiente ao pensar, ao refletir, tampouco, o - voltar atrás. Na medida em que se encontra em determinado estado de corpo e mente, não há escapatória. Fixo momento. O espaço/tempo inexiste. É o ir e o já estar-se indo ao infinito desconhecido que tanto se recusa conhecer. A morte. Acabou. Já foi. Um segundo repartido entre o - está-se vivo e o encontrar-se morto. Um segundo repartido ao ultimo suspiro (o de socorro?), ou ao ultimo suspiro, onde não se dará tempo para repartir. Acabou. Já foi. No chão, o corpo, a matéria morta. Em volta, e por toda volta, matéria viva dos que ficaram. Matérias vivas, porém destroçadas. Suspiros incontrolados, lágrimas que rolam em faces inconformadas. Olhos que gritam transmitindo aflição; angustia. Corpos trêmulos. Mentes desnorteadas. Corações que pulsam sufocados. O choro, o grito, a lamentação, a fragilidade física e mental, a melancolia, o inconformismo, etc., compõem sentimentos que circulam sob os que ficam e que se recusam dar o Adeus.