É a tristeza, entrou sem aviso prévio,... Kamylla Cavalcanti

É a tristeza, entrou sem aviso prévio, se instalou e você está aí: paralisada. Tristeza vêm e sem motivos trás consigo todas as dores que você fingiu que não viu, trás todos os ‘nãos’ que você engoliu e as mãos que te encolheram você consegue através dela vê-las claramente. Tristeza é o abandono da sua própria verdade, é quando se percebe no meio de uma vida corrida que não se tem mais pra quem lutar, por que lutar, tristeza é um trânsito engarrafado que não nos deixa olhar mais adiante e nem sair do lugar. Tristeza é ter que dar adeus a quem se foi sem nem saber quem se é. É ter que se afastar dos amigos por sentir que nossa melancolia encomoda, por querer ficar só com ela. Tristeza é o vazio de não ter como explicar o que sente, tão acostumados que estamos a descrever o que sentimos, a tristeza nos cala, nos trava. Você corre e não se move, você dorme e não descansa, você ouve mas não escuta, você chora e não se consola. Tristeza é quando você quer chegar rápido em casa, chorar calada no chuveiro, abafar as lágrimas no travesseiro sem ninguém ver, sem ninguém notar. Tristeza é quando você engole a dor o dia inteiro, ensaia sorrisos, distribui ‘to bem’ pros quatro cantos, abraça a hipocrisia e permite que ela te proteja. Tristeza é um não na cara de um adolescente rebelde. É um sim de um médico pra um tumor. Tristeza é o não-sentir, um não-querer-sentir e ainda assim doer.