Eu podia ser igual a todo mundo e ser... Aninha Negreiros

Eu podia ser igual a todo mundo e ser previsível com gostos peculiares ou absolutamente diferentes. Poderia me vestir todos os dias segundo o mesmo padrão e passar despercebida atrás dos óculos escuros, dos fones de ouvido e o sorriso contido.
Mas não. Eu insisto nessa estranha mania de querer ser multi-plus-ultra. E nem tenho um rumo definido. Hoje tenho sonhos revolucionários. Amanhã só quero uma caneca de chocolate e lençóis quentes.
Hoje quero viajar para a Europa e ver as luzes filosóficas. Mas amanhã estarei arrumando as malas rumo ao convento de minhas pudicícias amedrontadas.
Ontem estava entusiasmada com o último lançamento de músicas clássicas. Hoje quero só ouvir meu rock'n roll.
E nem sei se vou te ver amanhã. Não sei se o reflexo que o espelho me devolve sou eu mesma.
Posso voar às 22:22 horas e não me importar se é cedo ou tarde. Para que convenções? Mas são essas regras que me provém o pão nosso de-cada dia.
Não sei rezar direito, mas Deus, Ele existe. E me deu a escolha de ser quem eu quiser.
Então, sou criança. Sou monstro. Sou medo. Sou liberdade. Sou quem eu quiser ser, quem eu puder ser, agrade a você ou não.