E as bombas explodiram. Eu estava diante... Eduarda Morgado

E as bombas explodiram. Eu estava diante da corda, sem nenhuma proteção, eu tinha que andar em cima dela, enquanto o chão lá embaixo, mas bem lá embaixo mesmo, torcia para que eu errasse. Dei o primeiro passo diante do abismo na minha frente, não havia nada me segurando, nada! Mantive o equilíbrio, o foco. Dei mais alguns passos pensando: ''não posso errar, não posso falhar!''. Continuei. Algo me dizia que eu ia conseguir passar por aquilo intacta, sem nenhuma dor. Foi quando eu vi à diante meu sonho inalcançável, vi minhas expectativas perdidas, esperanças bobas, sonhos mal sonhados. Vi também as alegrias passadas, a felicidade vivida intensamente. Vacilei, errei o passo, foi quando eu cai. Enquanto eu caia, pensava: ''Por que?''. Mas era um por quê pra tudo, pra minha vida toda que havia passado e a que ainda estava por vir. Por que? Por que tão difícil? Por que tão árdua? Por que temos por alguns momentos o mundo em nossas mãos e de repente estamos andando numa corda bamba sozinha? Cheguei ao chão. As lágrimas escorriam e a dor se alastrava. Estou sozinha, mais uma vez. Ouço essas vozes mandando levantar e outras lamentam por mim. Eu só peço: me deixem um pouco aqui deitada?