BORBOLETA Que curioso! Ao observar uma... Sabrina de Almeida

BORBOLETA

Que curioso!

Ao observar uma borboleta percebi que a
sua fragilidade em nada a impede de exibir a
exuberância de suas cores.

Manifesta-se através de seu voo rasante à procura
de água e de sombra, mas também à procura do
sol a fim de que irradie sua beleza.

Sabe que tem vida curta, mas isso não a impede
de cumprir seu encargo maior.

Parece que tem pressa de encontrar as flores que
lhe trarão o mais doce néctar, pois já passou pelo
pior.

Deseja experimentar o mel que adoçará sua jornada.

Tão feliz! Parece até que acabara de nascer, mas
está na última fase de sua existência. Já passou
por ovo, lagarta, crisálida e agora, em seu ápice,
poucos dias lhe restam.

Demorou muito até chegar ao formato tão esperado.

Coloração viva e lúcida que a tornam tão admirada
e querida por todos.
Antes, apenas um lagarto indesejado que causava ânsias.

Depois em seu casulo, não vendo a hora de poder voar,
queria acompanhar o vento e se lançar sem direção em
busca do inesperado.

Quando suas asinhas tão frágeis secaram, não
esperou mais nem um instante para ousar na
tentativa de pairar.

Ela quer conhecer o mundo e lamenta que para
adquirir asas precise de toda essa experiência, meses de formação para poucos dias de diversão.

Ela desliza, flutua, encanta!

Faz meu pensamento girar e me questionar em
que fase da minha vida estou?
Ainda demorarei muito para ter as asas tão
desejadas e sonhadas?
E minhas cores?
O que venho passando para o mundo?
Uma imagem cinza e fria em forma de larva?
Será que já posso enfeitar o jardim na vida de
alguém ou vai demorar muito para perceber que,
assim como na vida da borboleta, vivemos em
constante metamorfose?

Mas, no meu caso, a natureza só me deixa um
exemplo: a transformação dependerá de mim.

Quero asas para romper o estático pensamento
de que sou limitado.

Quero cores para encher de alegria a vida de quem amo. Quero ousar e seguir em busca da liberdade que
um dia me foi tirada, a liberdade de me expressar.

Quero ser como uma borboleta que não sabe
quando será seu fim e tem noção da sua fragilidade
mas que não se atém a nada que a impeça de ousar novos voos.