Seria muito estranho eu te escrever.... Thamys Marinho

Seria muito estranho eu te escrever. Seria ainda mais estranho se você entendesse tudo o que eu tenho a falar.
Acontece que você ao menos consegue imaginar o quanto eu carrego de ti, o quanto o fardo é grande e pesado. O quanto eu estou prestes a explodir todas as palavras que um dia eu calei dentro de mim.
Eu não queria admitir, se dependesse de mim, esse sentimento morreria comigo, em segredo. Mas, te amar, além de tudo, me tirou a paz. E sem ela eu estou morrendo. Por isso eu preciso, como um sedento precisa de água, desabafar.
Eu sinto raiva, raiva por te querer desde a primeira vez que a vi. Raiva, por me permitir ser teu desde o primeiro beijo.
Eu juro que tentei te esquecer, tentei ser apenas mais um amigo. Mas em vez de esquecer eu quis te conhecer. Tuas qualidades me fascinavam, mas eram teus defeitos que me atraiam para ti. E tudo que existia em mim foi crescendo, crescendo, crescendo de tal forma que eu não pude mais conter. A cada sorriso meu eu dizia: “Me faz ser teu, por favor”. Meus olhares, quase como gritos de desespero, diziam que eu te queria, que você talvez fosse minha última chance de ser feliz. Mas, tudo que eu pude fazer foi encolher-me, esconder-me debaixo das cobertas. Porque tive medo do grande mostro que te amar significava. Eu tive o mesmo medo que uma criança tem do escuro.
Eu queria teu cheiro de cigarro.
Eu queria teu gosto amargo de cerveja quente.
Eu queria teus mistérios.
Eu te quis como ninguém jamais quis. E ainda quero.
Mas, amar minha querida, requer coragem também. E toda minha coragem não foi o suficiente. Por isso eu fugi, pra ver se assim conseguiria te tirar das minhas emoções.
Eu corria pra longe… corria de costas… olhando pra trás…
Por ti eu deixei tudo o que eu mais amava. Você não sabe o que esse tudo significa pra mim. Esse tudo que eu deixei sem hesitar pra tentar te esquecer. E pra minha falta de sorte, acabei por lembrar mais.
Hoje, eu aprendi que ninguém morre de amor, e sim pela falta que ele faz. E, Meudeus, como a tua ausência me consome!
Aprendi também que a pior morte é quando ela só acontece por dentro. E internamente, minha querida, eu já estou em estado de putrefação.