Proseando e procurando lenha Fumando um... Josane Hodniki

Proseando e procurando lenha
Fumando um cigarrim de páia
Um passo ali, um galho aqui
Barulho, só das folhas secas embaixo do pé
E dos periquitos que passavam

Foi se aprumando de leve
Uma noite fresca de novembro
Simbora o sol numa toada lenta
E foi chegando os amigos

Botando mais lenha no fogão
E lenha no convesê
Acende com fósfri, pra seguir tradição
Deixa o fogo pegá, menina

Deixa o vento aparpá devagarinho
E amoitá pra dentro da madeira a brasa
Que a mode só assim o fogo se faz
Não abana, se não perde a graça

Traz panela grande, azeite a áio
Mais copo pros amigos que chegaram
E o violão encostado na beirinha da porta
Pó trazê tamém que o Chico chegou pra cantar

“Ando devagar por que já tive pressa…
levo meu sorriso por que já chorei demais…”

Cheirinho bom, abraço de amigo, lamparina
Prosa boa, cantoria, vento na rede
Pingo de chuva, gole de cachaça, cafuné de flor
Pés descalços, trago bom, sorrisos

E se eu tiver que reclamá de arguma coisa
que seja por falta do que reclamá…