Fragmento
Não sei se fragmento-te ou guardo-te. Se penso saudoso ou esqueço-te. Mais vil que tal dúvida, é este silêncio, que vocifera bradando por tua ausência. Ainda dói, teu cheiro e beijo são o que me destroem, mas eis que como a erva humilde, debaixo dos teus pés, eu ei de morrer sob doce agonia. Tento esvaziar-me de ti, tento distanciar-me dos teus caminhos, mas não importa o quanto o tempo rugir, não importa o quanto a tua ausência lancetar, não importam os adiamentos, as distâncias ou muito menos as impossibilidades. Tudo isso o meu amor por ti deteve e mesmo que consiga esvaziar-me por completo, é muita saudade pra pouco eu. Eis que transbordo apenas isso e de tão grandiosa que é tal ausência, não sinto mais, me tornei ela.
A existência é um espelho partido, e cada fragmento reflete uma parte de quem somos, mas nunca o todo.
Fragmento II - O canto do fim
Estrelas descem e atiçam a chama violeta.
Cães da virulenta coletividade conduzem os que anseiam, imprudentemente, o devir dos insaciáveis.
Assim, os infortúnios que favorecem os excluídos, são as bem-aventuranças da individualidade desperta.
Saulo Nascimentto
Fragmento I - Ankou
Um vulto indistinto, entre outros vultos distantes.
Não houve um tempo em que ele era, não houve sequer um instante.
Os outros deixam para trás seus sonhos, desejos e deveres, seus inconstantes.
Ele, porém, em seu sadismo divino, ínsito na própria penumbra,
flutua, do nascimento ao desaparecimento, protegido no seio da imortalidade.
Saulo Nascimentto
Fragmento V - Cogitativo autotélico
E, nesse ponto, a impressão do entendimento de origem instila que, a manifestação da intenção intuitiva e a dedução de causa observável, a partir da simultaneidade da experiência, predicado de conhece e não conhece algo, libram arquétipos prematuros que paliam razão inadequada.
Saulo Nascimentto
Fragmento VI - Violência simbólica
Peço-te, mostra-me como ter-te em liberdade.
Dou-te a boca, e não me chamas pelo nome.
Tiro-te o chão, logo começas a gritar.
E se teu grito é liberdade, por quem clamais?
Cala o teu brado, pois não há quem desperte.
Já não adianta reconhecer tais desequilíbrios.
De ato para si e ficção para o outro.
Tal a tirania do teu beijo e a ironia da tua face.
Fragmento VIII - Violência simbólica II
É em tal precipício de pulsões que o fortuito cumpre o hábito.
A brisa torturante varre o antídoto da inópia, assim,
não pode experimentá-lo nem morte, muito menos vida.
Não há armas nessa peleja; nem tampouco ato que livre.
Parcas águas não podem saciar o homem sem domínio de si,
obstinado a beber daquilo que lhe é comum.
Fragmento VII - Algea
Uma vez que a tristeza é violentada em sua sutileza, nem mesmo Hélio, em sua rogativa, pode amainar seus ventos, de sorte que, barafustar é seu penúltimo ato antes da atimia.
Aquilo que o homem desconhece de si, intui do outro, sendo tal conhecimento, desrespeitoso e inclemente.
Asseguro-te, diante da tristeza, o aninhar de um abraço possui mais poder transformatório que a faculdade de entender o abstrato de outrem.
Fragmento III – Quimérica desigualdade
Há certa semelhança entre a igualdade oferecida pela lei, a proposta pelo racismo e a que é esperada pela sociedade. Talvez a percepção oferecida pela lógica substantiva, da ética valorativa, não contemple o propósito da reciprocidade em uma relação social.
Assim, a desigualdade é mais um reflexo quimérico e sistemático, refletido por qualquer modelo de coletividade, gerando toda forma atrofiada de ética, moral civilizatória e percepção sensorial do mundo externo, destoante de qualquer equilíbrio.
Fragmento IV - Conação
Entre corpo e alma, eu.
Um entre-espaço, dito maneira, que tange a esfera transcendental da mística à relação lógica e contemplativa do abstrato.
Assim, o corpo existe apenas como relação meramente espacial da afirmação, ao passo que, a mente flutua, introspectivamente, em busca de sua intuição.
Nesse radiante e permeável oaristo, de um ao outro, eu.
"Um Fragmento de Mim"
Sou feita de pequenos pedaços de silêncio e ternura.
Um fragmento de mim ainda mora no brilho da infância,
onde os sonhos adormecem com doçura sobre o travesseiro.
Outro se espalhou nas vezes em que escolhi o silêncio,
não por medo, mas por amor.
Carrego em mim uma parte inteira, mesmo quando o mundo desmorona.
Há um sentir sereno que me habita —
como brisa que chega devagar e acalma o coração.
E, mesmo sem certezas, sigo esperando...
com a esperança mansa de quem confia no tempo.
Sou a dúvida que sorri,
o medo que aprendeu a andar de mãos dadas com a paz.
E, quando ninguém vê, me reinvento
a partir das pequenas belezas que o tempo me deixou.
Esse fragmento de mim
não precisa ser entendido.
Basta que seja acolhido... com delicadeza.
Lado: uma perspectiva, um fragmento do todo, a face que se revela para expandir a compreensão de cada ponto de vista.
A importância dos vivos para os que morrem, é o fragmento do silêncio em pó.
Sob a terra ou no sopro do fogo, nada foge, pouco é o abandono e intensa saudade.
Distantes, o mármore gélido e o abraço, a chama e o vento, as rosas sobre o artifício da união, todo amor uma ambição de perseguir a vida.
Carlos Alberto Blanc
Não posso te oferecer uma vida inteira em meras horas, mas posso te entregar um fragmento da eternidade, onde desejos e apenas o fogo se entrelaçam. Sensações e emoções se fundem como chamas que queimará, te consumindo, criando raízes no invisível. O que vivemos se dissolve no tempo, mas o que sentimos se conserva, gravado na alma, como um perfume que nunca se apaga, uma memória que não cessa de existir. O que foi tocado, mesmo que por um instante, ressoará por toda a eternidade, como um eco ardente que permanece, reverberando em todos os outros momentos da vida.
Sonho vivo, cujo aspecto é majestoso, fragmento de um paraíso muito apaixonante, beleza diferenciada, formas estonteantes, semblante pacífico, olhar charmoso, natureza que causa um justo impacto, sentimento harmonioso, intenso e enigmático.
Os meus pensamentos interessados neste enigma, criam uma fábula na minha mente, onde ela é a grande protagonista com seus cabelos soltos, reluzentes, vívidos como o fogo, há lindas borboletas voando tranquilamente em torno dela.
A sua essência é feita de muito amor, simplicidade, veemência, também da viveza de uma rica obra de arte, de uma flor exuberante de pétalas formosas, dessarte, uma expressividade imponente, bastante sedutora, calorosa integridade.
Através desta singularidade, certos momentos ao seu lado são fantasiosos, inusitados, amorosos, engraçados, simplesmente, valiosos, assim, os sentidos são aguçados, correspondidos, espíritos e corpos entrelaçados por um laço forte e recíproco.
Lampejo discreto entre as nuvens de cor intensa, fragmento de uma grande exposição celeste, sapiência divina, arte resplandecente, sutileza profundamente expressiva, austeridade evidente, tranquilidade genuína, atraente, destarte, paisagem que muito inspira inevitavelmente.
A tua aparência primorosa se destaca facilmente, pois cada fragmento teu é charmoso, existe na tua essência, um terno atrevimento, que reluz vivamente nos teus olhos, tua natureza é veemente, causa a sedução de uma arte simétrica com as tuas curvas deleitosas, teu ímpeto ardente, a força de uma flor formosa que desabrocha lindamente, paixão que transborba, emoção persistente que se espalha assim como a lava de um vulcão que acabou de despertar, profundo coração, personalidade rara, mulher naturalmente singular.
Significante fragmento de uma natureza venusta, o charme inegável de lábios carnudos, primazia nas suas curvas, cabelos graciosos e cacheados mergulhando com delicadeza sobre os seus ombros, encanto pujante, deleite ricamente detalhado, arte admirável, fortemente, emocionante, que causa a sensação de estar sonhando acordado, deixando o espírito liberto e exultante, saboreando uma fonte de um desejo incansável.
A escuridão da noite nos teus olhos resplandece, um fragmento veemente do teu poder de sedução, um olhar misterioso e instigante no momento certo,
Tão profundo e vivo como um lindo oceano, repleto de vida e ainda com a lua refletindo sobre suas águas, que espontaneamente faz pausar o tempo
Através de sentimentos calorosos, enquanto alimenta o meu senso poético e mexe com o meu imaginário, um fascínio noturno grandioso,
Teus traços e profundidade são emocionantes, teu semblante é charmoso, és uma mulher entusiasmante, cujo espírito é muito audacioso.