Fome de Conhecimento

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O silêncio é o melhor rebuço para quem não se quer revelar, ou fazer-se conhecer.

Se o poeta fosse casto nos seus costumes, os seus versos também o seriam. A pena é a língua da alma: como forem os conceitos que nela se conceberem, assim serão os seus escritos.

As pessoas generosas são más comerciantes.

Uma das bases da prudência é não fazer por mal o que se pode fazer por bem.

A amizade mais perfeita e mais durável é somente aquela que contraímos com o nosso interesse.

Os maiores males infiltram-se na vida dos homens sob a ilusória aparência do bem.

Todos os dias vão em direção à morte, o último chega a ela.

O sonho é o alívio das misérias dos que as têm acordados.

O símbolo dos ingratos não é a Serpente, é o Homem.

Não existe conversa mais tediosa do que aquela onde todos concordam.

Esqueço sempre, mas o corpo lembra:
em breve
será dezembro.

O sentimento que o homem suporta com mais dificuldade é a piedade, principalmente quando a merece. O ódio é um tónico, faz viver, inspira vingança; mas a piedade mata, enfraquece ainda mais a nossa fraqueza.

Não invejemos os que sobem muito acima de nós: a sua queda será muito mais dolorosa do que a nossa.

Quem sabe se não teremos de ultrapassar muito a natureza para perceber o que ela nos quer dizer?

A dificuldade atrai o homem de caráter, porque é abraçando-a que ele se realiza.

O jornal exerce todas as funções do defunto Satanás, de quem herdou a ubiquidade; e é não só o pai da mentira, mas o pai da discórdia.

As lágrimas dos velhos são tão terríveis como as das crianças são naturais.

Quando se destrói um velho preconceito, sente-se a necessidade duma nova virtude.

Aqueles que gastam mal o seu tempo são os primeiros a queixar-se da sua brevidade.

As Palavras

São como um cristal,
as palavras.
Algumas, um punhal,
um incêndio.
Outras,
orvalho apenas.

Secretas vêm, cheias de memória.
Inseguras navegam:
barcos ou beijos,
as águas estremecem.

Desamparadas, inocentes,
leves.
Tecidas são de luz
e são a noite.
E mesmo pálidas
verdes paraísos lembram ainda.

Quem as escuta? Quem
as recolhe, assim,
cruéis, desfeitas,
nas suas conchas puras?

Eugénio de Andrade
ANDRADE, E., Antologia Breve, 1972