Fiz de Mim o que Nao Soube
Encantos, magias e dor...
encantos e magias,
expectativas e reflexões,
lágrimas que se misturam,
cumplicidades e partilhas,
harmonia e paz,
para sempre,
especialmente quando da dor...
Desde sempre...
Há pessoas, com quem convivemos de há muito, que estão em nossas vidas de passagem, outras, após breve encontro e pouco falar, nos dão a certeza de que estiveram em nosso caminho, presentes desde sempre...
Não sabemos o rumo que tomaremos nessa vida e por quanto tempo ainda estaremos juntos, aprender a conviver com a incerteza do minuto a seguir é uma tarefa árdua quando ainda temos tanto a dizer, descobrir e compartilhar...
Esperança na terra seca...
Refazem o batido caminho pela velha e conhecida terra seca, o mesmo sol que lhes dá vida também lhes judia marcando-os, nos rostos, os poucos, mas já aparentes muitos mais anos de vida...
Intenso, escaldante, é secura demais...
Se a chuva vier o chão não lhes negará a vida adormecida...
Já faz muito, mas ainda se lembram do último ano onde o inverno foi bom, nessa memória tem cheiro da terra sendo encharcada...
Exaustos chegam ao açude ainda com um pouco de lama, olham para o céu com poucas nuvens...
Cai de joelhos e puxa os filhos, com os olhos rabisca no barro todos seus desejos e sonhos como se fossem sementes e suplica:
Meu divino São José,
Aqui estou a vossos pés.
Dá-nos a chuva com abundância,
Meu divino São José.
“O sertão é uma espera enorme”,
Dá-nos chuva com abundância,
Meu divino São José.
Talvez nenhum de seus desejos se realize e nenhuma das sementes veja brotar...
Sabe que não há certezas na vida, mas precisa acreditar que haverá ainda uma próxima vez, pelo menos para os meninos...
Há sim para sempre...
Vivemos uma era onde tudo se faz rápido, consumimos com todos os sentidos e fazemos várias ações em paralelo nessa existência frenética.
Com tanta pressa deixamos muito passar sem bem dimensionar e pouco ou nada saborear no complexo milagre da vida.
Vamos repensar um pouco, olhar no retrovisor do tempo e constatar, do primeiro segundo de vida até aqui, quanto já foi sem que nos déssemos conta?
Horas há em que é preciso correr, mas não podemos desprezar sorrisos, afagos e colos sinceros, esses momentos, cada vez mais raros, compõe nossa trajetória individual que, mesmo se juntando ao coletivo, é a história de cada um.
Olhando para os ontens, recupero sensações de mãos e dedos delicados abrindo caminhos em meus cabelos, sussurrando entre beijos mágica melodia, sem pensar no amanhã, mesmo após adormecer sei que ela, minha mãe querida, minutos mais ali permanecia.
Dividimos apenas 37 anos, nada ela deixou de fazer, seu amor, que continua, faz parte do que é para sempre.
Oportunidades de uma jornada...
Somos companheiros dividindo trechos de uma jornada, alguns entes queridos, amigos e desafetos já desceram num determinado ponto, uns serenamente, outros em sofrimento.
Nenhum deles ficou para trás, de alguma forma nos acompanham e a nós estão ligados pelos fios das lembranças boas ou não muito agradáveis por conta das questões mal resolvidas, aquelas mágoas insufladas pela vaidade ou orgulho e que, simplesmente, não foram tratadas.
Não importa o tempo que já passou, neste momento, podemos fazer uma higienização completa, como se estivéssemos entrando num quarto onde acumulamos o que não nos faz bem, está tudo num baú, cheio de poeira, cheiros ruins, ainda sentimos aversão.
A decisão é nossa, abrir ou não esse baú e fazer uma necessária e saudável faxina.
Começamos pelas pessoas da família ou convívio social que machucamos ao longo da jornada, não importa agora a razão, peçamos perdão e numa bacia ao lado com água e sal vamos mergulhar o pano encharcado com essas impurezas, logo que toca a água nós o torcemos e essa negatividade é transmutada, limpa.
Feito isso agora imaginamos aquelas pessoas que nos fizeram infelizes e chorar, do fundo do nosso melhor começamos a desatar os nós e também os perdoamos, usando o mesmo pano e a mesma bacia e, finda a limpeza, nos sentimos bem e em paz.
A jornada continua agora mais leve, não esqueçamos, em algum momento chegará o nosso ponto de descida.
Pode ser a qualquer hora, qualquer dia, que não adiemos esses acertos necessários, não sabemos a nossa hora e a de ninguém.
Paz e serenidade!
Sem acasos...
No exato momento de quando nascemos o firmamento parou, as divindades juntas se aquietaram, prestando-nos delicada atenção.
Somos os registros de toda a sequência de eventos iniciada antes mesmo de nossa concepção, numa fabulosa mobilização das forças universais que, a partir de então, já em movimento, cuidavam e planejavam dos mínimos detalhes para quando chegasse a hora certa, agradeçamos aos inúmeros partícipes do milagre da vida.
Para cada nascimento, tal e qual uma impressão digital, há uma mobilização perfeita, os corpos celestes, as marés, as pessoas certas em volta, jamais haverá igual sensação, pois que, para cada novo ser, a orquestra cósmica prepara e executa uma música inédita, com um arranjo de notas que não mais se repetirá.
Nessa sincronia universal, saudando quem aqui aporta, não restam dúvidas, somos únicos e, ao longo dos séculos tem sido assim, não há repetição, é uma nova vida, sem igual, entrelaçando-se com outras para a construção de novos caminhos com as partilhas possíveis, sem acasos.
Parceiro Mar...
Gostaria muito, agora, de uma fugida,
sem olhar pra trás e sem hora pra voltar,
abduzido pela majestade de um parceiro dos meus pensamentos,
o velho e renovado Mar,
que me acolhe e concede o ouvir de todo o meu silêncio,
acarinhado pela melodia de suas ondas que,
ao quebrarem na praia,
salvam meus desejos rabiscados na areia,
guardando-os pra sempre,
o tempo passa depressa demais ,
haverá tempo pra, sem medo, mergulhar?
Desde sempre...
ontem, hoje, amanhã,
o que ficou, o que fica, o que ficará?
sempre esteve, está, estará,
na sua ausência é gostosa sua presença,
seu cheiro, seu olhar,
creia, nunca houve o nada,
você está presente desde sempre,
sabia-te, logo esperei,
no nosso caso nunca houve o acaso,
tinha que ser,
foi,
é
e será...
Morte em vida...
Ao longo dos tempos quantas definições do que é amor e o que é amar foram intensa e desesperadamente buscadas, elaboradas, racionalizadas, sem que, até hoje, felizmente, fossem encontradas.
Poetas, filósofos, cientistas, pessoas simples, gente comum, de todas as raças, cada um a seu jeito, já viveu e falou de amor e já amou em verso, prosa, mímica, gestos, olhares, tato.
Surdos e/ou cegos, como ninguém, falam e sentem amor.
Por amor, indiscutivelmente, parece haver uma certeza, não há limites.
Como é amar alguém por toda uma vida, mesmo sabendo não ser amado ou, ao contrário, nunca saber que foi, é, e sempre será amado?
Há pelo mundo tantos que, após algumas despretensiosas trocas de palavras passam a se amar à distância, conjecturando como o outro deve ser, e, inexplicavelmente, perpetuam uma forma de amar que suporta a ausência.
Amor é um sentimento que nunca terá uma dimensão definitiva.
A felicidade proporcionada por um amor verdadeiro, após períodos extensos de tempo, pode acabar em indiferença, sem razão.
Amor unilateral traz um sofrimento que nem sempre tem fim, muitos não resistem e perecem, aceitando uma morte em vida.
Por enquanto, apenas por ora...
Indiferença...
Acordam, ainda respiram, se tem, tomam o café da manhã e, em seguida, se podem, buscam um banho.
A pé, de ônibus ou metrô enfrentam o desafio de chegar ao trabalho ou por mais um dia em busca dele continuar.
Convivem com a fome enquanto tantos, enfastiados, não sabem o que escolher.
Supermercados e restaurantes descartam comida boa todo santo dia.
A noite chega, lá se foi mais um dia, igual a tantos outros que já se foram e, indiferentes, seguimos.
Não nos importamos mais, estamos nos deixando envolver pela indiferença.
Alguém, sem alarde e como sempre, prestando atenção, oferece um prato à mãe e seu filho que, constrangidos, agradecem e procuram um canto, escondidos saciam a fome de horas.
Erros e acertos fazem parte de quem tenta realizar, não há certezas, a não ser a finitude que, dia-a-dia, se aproxima e com ela a paz do que se realizou ou se arriscou a fazer ou, pior, sequer saber que não se fez nada.
Tempos onde a paz e o amor são energias ainda mais necessárias...
Neste momento, paramos com o que estamos fazendo por um breve momento.
Inspiramos profundamente e expiramos lentamente, repetindo essa ação por alguns instantes e vamos nos desligando de nossos problemas e de nossas dificuldades do dia por instantes.
Relaxados, mentalizamos nossos irmãos de luz que vão se achegando até nós, percebendo que estamos entrando em sintonia com suas boas vibrações.
Estamos a passar por momentos difíceis, de grande instabilidade no Brasil, Pátria do Evangelho, os números da violência chamam a atenção, como se vivêssemos em guerra, homicídios, roubos, descasos com a saúde e, em consequência, dados alarmantes de desassistência, doenças e seus agravos causados pela ausência de saneamento básico, crise permanente na educação, além dos níveis de corrupção em todos os níveis.
Necessitamos fortalecer os irmãos espirituais com a nossa melhor energia em forma de pensamentos e preces.
Por conta de tudo que estamos presenciando no Brasil temos agora mais um evento grandioso para os padrões humanos, a Copa do Mundo, se já recebíamos intensas vibrações menos favoráveis, essas devem ser ampliadas, incentivando irmãos desencarnados que se afeiçoam por esse tipo situação a se sintonizar com irmãos encarnados para produzir desconforto, inquietação e mais violência.
Por mais que discordemos dos rumos políticos que os representantes públicos estão a trilhar, não importa a qual agremiação partidária pertençam, o momento pede que lhes direcionemos o que temos de melhor, que possam ser sensibilizados, amparados e protegidos para que não tomem medidas precipitadas, induzidos por forças negativas.
Todos os líderes políticos, religiosos, empresariais, espirituais tem grande compromisso com a espiritualidade, muitos tiveram a oportunidade de pedirem, antes de encarnar, para estar nos postos que ocupam e muito se pedirá a quem muito recebeu.
Mentalizemos nosso Brasil totalmente envolvido por um campo magnético de energia, com reforço sobre os pontos nevrálgicos nesse momento, a começar por Brasilia, pelas metrópoles e pelas sedes dos jogos da Copa do Mundo, bem como as prisões e penitenciárias já abarrotadas de irmãos que cometeram graves crimes contra a vida misturados com outros, embora menos periculosos, se somam para a formação de um enorme caldo de cultura para mais violência.
Todas as fraternidades espirituais se unem pelo amor para a proteção de nosso povo, nenhum ponto do globo terrestre estará desamparado, em todas as regiões temos equipes protetoras.
Ainda assim, entre 7 bilhões de seres humanos, há grande miséria, fome, frio e ausência do básico para uma vida digna, apenas outras formas de violência.
Possamos, diariamente, nos dirigirmos a essas fraternidades, por breves instantes, entregando-lhes essas energias que saem dos nossos centros de força e vão sendo colhidas uma a uma, como se estivessem num jardim de flores, prontas para oferecerem o seu o néctar em forma de luz que cada um de nós pode oferecer, plasmadas, transformam-se em feixes de luzes que são imediatamente acolhidos para fortalecer as barreiras de amor e paz, as únicas armas eficientes para transmutar o que é denso, pesado e negativo.
Nada é por acaso e tampouco Deus nos pede algo que não possamos oferecer, lembremo-nos, cá estamos com um objetivo, a nossa melhora para que possamos retornar ao plano espiritual melhor do que quando aqui chegamos.
Seja feita a vontade de Deus nosso Pai!
Paz e serenidade!
Ouça as melodias...
Desde pequeno brincava com seus amiguinhos invisíveis e com eles dividia os poucos brinquedos que possuía, eram de madeira, já os pintara várias vezes, ria alto e como se divertia.
Os pais acabaram se acostumando com essas companhias e achavam que com a idade isso passaria, e, com o correr dos anos os brinquedos foram ficaram de lado, já não recebiam muita atenção.
As conversas com seus amigos imaginários não eram mais tão frequentes, vez ou outra parecia que ele só ouvia e acenava com a cabeça, ora sim ora não.
Já adolescente ficava horas em silencio debaixo da velha goiabeira no meio do quintal.
Lá se achegava, deitava no chão e ficava em silêncio, dava para sentir que ele estava longe dali, bastava atentar para o seu olhar, distante e sereno, todos os dias passava um tempo por lá.
Filho único ajudava a mãe nos afazeres da casa e sempre que ela pedia corria até a mercearia para buscar um pouco de tudo, arroz, feijão, café, açúcar, farinha, naquele tempo quase tudo era vendido a granel, até o óleo era tirado na hora de um latão, o dono, um senhor já com certa idade, girava uma manivela e num instantinho o litro de óleo se enchia, não pagava a conta na hora, tudo era anotado numa caderneta e antes de ir embora, ouvia mais uma vez:
- ô piá, continuas a falar sozinho? E dava risada, não fazia por mal e ele não ligava, nunca se incomodara com as brincadeiras dos poucos amigos da vila.
Ao completar dezoito anos ia para a cidade grande, moraria com tios e precisava arranjar trabalho e, se possível, continuar os estudos.
Chegado o dia, os pais repetiram algumas vezes mais todas as recomendações e quando a mãe com ele estava sozinho, perguntou-lhe – meu filho, nunca falei nada nestes anos todos, com quem você brincava e conversava tanto e depois isso parou e você ficava quieto debaixo da goiabeira?
Segurando entre as mãos o rosto de sua mãe, ambos com olhos marejados, disse:
Minha mãe querida, obrigado por todo amparo e ajuda, aprendi muitas lições, visitei lugares distantes, uns diferentes dos outros, conheci muitos amigos mais, agora, para onde estou indo, por lá já estive, fique tranquila, nunca estarei sozinho, sei que tenho algo a fazer, não sei muito bem o que é, mas estou certo, chegará a hora.
Lembra quando a senhora ficou muito doente e o pai não sabia o que fazer? Meus amigos me tranquilizaram, a senhora ficaria boa e não mais sofreria.
Sei que enfrentarei dificuldades e que a vida não será tão tranquila como a que tive aqui, meus amigos estão me dizendo:
- tenha calma, as viagens cessarão por um tempo, mas continue a ouvir as melodias...
Ira de Deus e os castigos...
Ela sabia como só as mães sabem o que se passaria em sua vida, desde sempre seus dias muito se assemelhavam a uma história cuidadosamente escrita, com roteiro, personagens, onde todos os tempos já se faziam demarcados, cada cena e cada capítulo ocorreriam no seu tempo e quais seriam seus derradeiros atos.
Havia, contudo, uma singela diferença, todas suas falas e ações eram tão adequadas a cada situação que fluíam sem esforços de maneira simples e natural, não havia nada de mecânico em tudo que fazia.
Quando adentrava um ambiente irradiava uma energia de paz e conforto, sua aura envolvia a todos que ali estivessem, com se uma uma brisa adentrasse em espaço abafado.
Contida, delicada, discreta e cautelosa em sua generosidade, não deixava vestígios do que fazia em favor de quem precisasse.
Ao saber de alguém distante e em sofrimento físico, moral ou espiritual, pedia a Deus que fosse permitido, se não a cura, o alívio e o conforto, sempre nos alertando, quando estiverem em dificuldades, especialmente em relação à saúde ou injustiças, lembrem-se, sempre haverá alguém em piores condições, sem nenhum tipo de assistência que não aquela sustentada pela fé e reiterava, quando se dirigirem a Deus peçam pelos que nada possuem e que se encontram em desespero, embora sejam os que mais precisam são os que menos recebem física e materialmente.
Demorei algum tempo para perceber meu egoísmo por reclamar sua presença e questionar a Deus pela suposta injustiça por Ele permitida, esse sentimento em mim ficou logo quando ela nos deixou, aparentemente tão cedo, com apenas 37 anos.
Seria esse Deus, que tudo deveria ver e cuidar, a permitir iniquidades para com os mais humildes?
Demorei alguns anos para assimilar e conseguir entender o paradoxo, quanto mais nos parecem complexos os sofrimentos humanos, com um pouco de atenção e desprendimento, sem fanatismos de qualquer ordem, saberemos que nada se faz ao acaso, há uma ordem natural da vida, a da simplicidade da ação e reação e da semeadura livre, sustentadas pelo livre arbítrio, definitivamente não há castigos decorrentes da ira de Deus.
Para o bem ou para o mal a cada ação que cometemos há uma resposta na mesma proporção e intensidade, e a semeadura que se faz livre é naturalmente obrigatória, Deus não está envolvido.
Quando alguém bom e que amamos nos deixa, dentre alguns comentários e pêsames, ouvimos, porque uma pessoa tão boa e generosa desencarna enquanto tanta gente ruim aqui continua?
A resposta é simples, feliz daquele que já cumpriu sua tarefa e pode retornar para a vida verdadeira e plena num plano mais evoluído que esse nosso, ainda carregado de sensações pesadas e de apegos ao que não é significativo, caldo onde se misturam mágoas, orgulho, vaidade, ódio e inúmeros interesses distanciados da fraternidade e do amor ao próximo.
Quanto aos desencarnes antes da hora, se precipitados por ações individuais ou coletivas que levam às tragédias, estejamos certos, Deus continua no controle e a quem, pelo livre arbítrio, der causa ao sofrimento de outros, não tenhamos dúvidas, o reequilíbrio virá e não será em forma de castigo.
Calmaria...
Quando tudo parecer ruir, especialmente em seu íntimo,
insista em acreditar que ainda não é tempo,
e nem se perca em saber o quanto te sobra,
deixa e não dê ouvidos ao seu conhecido vazio,
procure se há por perto ainda um sopro de ar pra
chispar dessa calmaria que,
não só teima em voltar,
sorrateira,
insiste em ficar,
ou, atente,
pode nunca ter ido...
Ana Julia...
Ana Júlia já percebera em seu corpo alguns sinais do tempo, as mulheres são mais atentas, normalmente cuidam-se mais, mas suas mãos evidenciavam o que os afazeres de todos os dias vinham adiando, ter a consciência de que anos se passaram.
Sem saber ainda porque, em plena manhã de domingo, esse olhar mais atento para essa parte de seu corpo fez com que pensasse em como estava sua vida frente aos planos de sua juventude, quando imaginava para si um mundo sem limites e uma certeza de que poderia ser e fazer o que quisesse de sua vida.
Estava só, o esposo e as três filhas, jovens adultas, haviam saído para fazer algumas compras necessárias para uma pequena viagem de fim de semana numa casa de campo cedida por amigos.
Um pouco confusa com essa inquietação aparentemente sem motivo buscou em uma gaveta da cômoda uma delicada caixa de música, cuidadosamente guardada, ainda envolvida em tecido aveludado.
Mesmo sem acionar o mecanismo daquele relicário ouvia a suave música a tocar, lágrimas e uma intensa tristeza a envolveram no mesmo ambiente onde crescera e presenciara a lenta agonia de seu pai, época em que a tuberculose assombrava as famílias.
Nunca o perdoara pela vida boêmia e descuidada que o afetara e também à toda família, só não ficaram sem um teto porque a casa era fruto de herança de sua mãe, que mantinha o básico lavando, passando e costurando roupas para famílias de posse das redondezas, logo que aprendera Ana Julia também participava desse ofício.
O que mais a incomodava naquela época era a postura de sua mãe que, em muitas das noites que passara acordada preocupada com o marido, ficava em oração sem reclamar e de onde se abastecia de toda a energia de que precisava para continuar.
Ana Julia ainda mantinha vivas as lembranças das várias madrugadas quando, acordada e envergonhada, ouvia o pai entoar músicas ininteligíveis, enquanto era uma vez mais carregado pelos amigos da noite casa adentro, com as vestes sujas e cheiro forte de bebida, Ana Julia, observara incontáveis vezes daquele quarto sua mãe, gentil e resignada, o acolher e o acomodar como podia no surrado sofá da sala.
Durante anos e inúmeras noites em que a mesma cena se repetia sua mãe com o passar dos anos adoecera, e, enquanto seu pai estivera vivo, ela, com o que lhe restava de forças, dele cuidava sem reclamar.
Logo após o falecimento de seu pai sua mãe também se despediu de sua vida de entrega e amor, em seu leito Ana Julia a questionara uma única vez, porque permitira tanto sofrimento e humilhação sem reagir ou reclamar, em resposta ouvira, “sempre soube que você esperava uma reação minha, me perdoe, chegará o dia em que você entenderá”.
Ana Julia buscava ainda a compreensão de tanta abnegação, doação e amor em meio à doença, restrições e vergonha ao longo de tantos anos com o consequente afastamento da maioria dos familiares e amigos.
Finda em sua mente a música suave e delicada, com mais atenção olhava para a caixa de música e relia uma frase por seu pai gravada, “Meu amor me perdoe por todo o sofrimento que te causarei”.
Sua mãe fizera uma escolha consciente, sabendo o que enfrentaria na vida ao lado do companheiro que amava.
Iguais à ela quantas pessoas mais possuem essa força que, para quem está de fora observando sem compreender, beira à loucura, à baixa autoestima e ausência de amor-próprio?
Ana Julia, logo após a morte de sua mãe, decidira que não repetiria aquela história e hoje ainda busca a sua resposta, “...chegará o dia em que você entenderá”.
Vida pós Copa
Após um mês de estádios lotados e a maior audiência mundial em se tratando de megaeventos o Brasil, lentamente, retoma suas preocupações cotidianas que vêm sendo sistematicamente empurradas com a barriga pelos políticos de sempre. Nada que não tivesse ocorrido em passado recente de triste memória após o período ditatorial que não pode ser esquecido e precisa ainda de muita luz para que se entenda quem e quais foram os protagonistas desse momento histórico e que ainda hoje, sorrateiros, já saíram de sua curta hibernação.
Infelizmente, em praticamente todos os segmentos de nossa sociedade encontramos esses espoliadores contumazes da energia do trabalhador brasileiro comum que os hospeda tal e qual os vermes que sobrevivem em nossas entranhas sem que tenhamos noção ou discernimento de suas vocações Darwinianas anormais, das quais se utilizam para se manterem e perpetuarem sua espécie.
Adotam comportamentos camaleônicos espúrios e inomináveis, assegurando a passagem dessa mesma carga genética de seus mentores que formaram seus feudos em todo o território nacional com as marcas do Coronelismo.
A democracia ainda é a melhor das alternativas, propiciando liberdade de expressão, pensamento e soberania de uma nação, os custos dessa opção continuam muito elevados em nosso país, convivemos ainda com extremas desigualdades sociais e índices alarmantes de concentração de renda.
Os esforços recentes para melhoria das condições de vida de nosso povo, para com a saúde, educação, segurança e bem estar social se mostram insuficientes para que possamos nos acomodar e negarmos nossa condição de jovem nação democrática em busca de um caminho que abarque a todos que trabalham e contribuem para a construção e expansão da riqueza material e cultural que beneficie a todos brasileiros e não os mesmos grupos de sempre.
A Copa acabou, os turistas ficaram maravilhados com nossas belezas naturais e a docilidade de nosso povo, gente tradicionalmente simples e acolhedora, sem dúvida um aspecto positivo desse evento, mas eles vão embora, será que a mobilização das forças armadas, polícias federal, civil e militar será mantida para que, sem a Copa, os índices de violência e total insegurança urbana volte a nos assombrar?
Constatamos em razão da Copa das Copas que podemos enfrentar qualquer problema em nosso país, contudo somos reféns de nós mesmos quando deixamos de exercer nossa cidadania e pouco nos interessamos pelas questões políticas que desde sempre norteiam as prioridades emanadas dos gabinetes.
Os partidos políticos existentes estão muito parecidos em suas cartas de intenções e doutrinas e pouco representam os anseios da grande maioria de nosso povo.
Estratégias e projetos para o país, engendrados pelos partidos majoritários, se confundem em seus resultados, alianças esquisitas e acomodações que supostamente se arranjam para permitir a governabilidade e, ad aeternum. Nós e nossos descendentes pagaremos essa conta.
A Copa acabou, as mazelas estão nos mesmos lugares de sempre, mas temos eleições, não podemos delegar aos mesmos o poder de infelicitar nossas vidas. Podemos e temos que fazer melhor, tendo a consciência de que esse processo é lento e precisaremos ainda de algumas gerações para resgatar alguns poucos valores humanos e morais que são a base para uma sociedade mais justa, a começar pela honestidade e ética.
(Artigo de Paulo Afonso de Barros, publicado no Jornal O Vale, 17.07.2014 - http://www.digitalflip.com.br/ovale/flip/Edicoes/01345%3D17-07-2014/02.PDF)
Mudanças em curso...
Quando de mais um dia na Faixa de Gaza, um fotógrafo capta numa imagem toda a insensatez humana, uma menina, com cerca de dois anos de idade, cobre os olhos da boneca que traz apertada ao peito, como se pudesse protegê-la da visão do horror que testemunha numa área recém-bombardeada e caótica, em escombros e com dezenas de vítimas. Não se faz necessária legenda ou explicações.
Arenas dos Césares, as Cruzadas, Inquisição, Guerras Napoleônicas, Primeira e Segunda Guerras Mundiais, Guerra Fria, Vietnã, Iraque, Apartheid na África do Sul, tantas outras guerras tribais que persistem, todas tem em comum a opressão do ser humano por seus iguais, é o homem em sua cíclica história de conflitos fratricidas.
Não há justificativas ou atenuantes para essas ações trágicas que sempre trouxeram dor e sofrimento à humanidade, com milhões de desencarnes ou sequelados com limitações físicas e emocionais, mostras inequívocas dos apegos ao fanatismo, à vaidade, orgulho e rudez do grau evolutivo em que nos encontramos.
Em meio a todas essas tragédias da história humana na Terra, há outras tantas mascaradas que persistem e abrigam o mesmo princípio, a do poder econômico e político que retroalimenta a violência, fazendo com que a elevada concentração de renda no globo terrestre seja em si mesma a maior das barbáries.
Conhecimentos científicos já existentes que já poderiam ter resolvido problemas básicos nos países mais pobres são ainda meras moedas de trocas, protelando-se as inúmeras possibilidades de um desenvolvimento sustentável, com reduções drásticas da contaminação do meio ambiente e das populações que desenvolvem mais doenças resultantes dos venenos químicos de tudo o que consumimos em nome da manutenção dos ganhos do capital.
Tecnologias avançadas e disponíveis que já permitem curas ou alívio do sofrimento humano demorarão décadas para serem acessadas pela população em geral prevalecendo os interesses econômicos.
Felizmente, em paralelo, está em curso um processo de sensibilização e mudanças representado por inúmeros grupos que nesse instante, em vários locais da Terra, levam socorro espiritual e material em milhares de frentes de trabalho compostas por pessoas que, independente de credos, são os trabalhadores da última hora, atuando decisivamente num período onde a Terra, plano ainda de expiação e provas, transita para um estágio de regeneração.
Todos os líderes políticos, religiosos, espirituais e empresariais tem um grande compromisso para com Deus, colocar em prática o que muito receberam pelas muitas oportunidades de apreensão de conhecimentos pelos estudos, avanços materiais e científicos, razão pela qual muito se pedirá a quem muito recebeu.
Os alertas recebidos do plano espiritual, e as derradeiras oportunidades estão sendo oferecidas para que espíritos encarnados deem sequência ao seu processo individual e coletivo de reforma interior, praticando o desapego, a humildade, a caridade, a generosidade e o amor ao próximo.
Não há castigo de Deus, há apenas a consumação das leis, ação e reação semeadura livre, colheita obrigatória.
Paz e serenidade!
Todos os filhos serão recolhidos...
Ambiente de absoluta escuridão parece mais um lugar de nada, há um vento frio e uma garoa incessantes e, ao fundo, ecoam estridentes vozes, algumas poucas a gargalhar, a maioria é de gemidos e prantos convulsivos, há tantos pedindo socorro meu Deus, legiões de seres com as mãos estendidas, vagueiam e tateiam nesse breu uma saída, alguém que os ouça.
Em meio à atmosfera tão densa alguns emitem débeis sinais de luz.
Há uma caravana de socorristas à espera dessas luzes pálidas, vieram em busca de mais uma pequena e significativa leva de seres em maturação.
Agora, com cuidado, delicadamente iniciam feliz colheita, um a um, são envolvidos em mantas aquecidas, recebendo fluídos ainda necessários que aliviam em parte seu intenso desconforto e sofrimento.
Com os acolhidos dessa exitosa missão a caravana parte para o pronto socorro mais próximo onde outros irmãos, em prontidão, estão para sequenciar o amparo designado.
Quantas incursões mais serão necessárias sabendo-se que milhares ainda ficaram?
Não importa, nenhum filho de Deus será esquecido, há, contudo que se respeitar as leis divinas, cada um no seu tempo, o mérito é individual e coletivo.
Paz e serenidade.
Confia...
Coração pequenino, apertado e em total descompasso, entre tantas palavras faladas, ouvidas e mal compreendidas, lembra-se de receber a notícia de que um ente frágil e querido está acometido por doença grave e incurável.
Foi-se lhe então todo o chão, os planos, não sabia mais o que pensar, esperava que Ele a ouvisse em suas preces e permitisse uma cura, era sua esperança, sem ela não sabia o que seria.
Desde então só enxergava vultos ao seu redor, tudo e todos estavam em cinza, nada parecia real.
Pedia e repetia a Deus, o que fazer diante dessa tragédia?
Sempre acreditara que nada nessa vida é por acaso, mas e agora?
Só sentia o medo e a dificuldade em aceitar, ciente estava que situações assim ocorrem diariamente para com muitos mais, afinal somos todos iguais, pobres ou ricos, não importam as crenças, certeza apenas de que a presença Dele, em quaisquer circunstâncias, é sempre certa.
Suplicava ajuda e admitia não estar conseguindo praticar os ensinamentos aprendidos, dentre eles o de, em qualquer dificuldade, Nele confiar com a fé inabalável e que esses momentos são oportunidades para praticar o desapego, sabendo ser essa vida apenas um lampejo necessário ante a eternidade que se seguirá.
Passado algum tempo ainda se percebe pensando em como tudo poderia ser diferente, mas um sonho recorrente, ambientado sempre num lugar diferente, a espera em cada adormecer, já estivera num hospital, numa escola, ouvindo palestras e orquestras.
Desta vez, logo após acordar, lembra-se da paz e conforto numa ampla e vistosa planície com brisa suave e o nascer do sol e a palavra que vem e vai, confia!
Paz e serenidade!
Centelhas divinas em nova jornada...
Véspera de uma necessária jornada, para uns de há muito ansiada, para outros compulsória, o planeta Terra, para onde serão guiados, possui ainda ambiente pesado e denso, os espíritos lá encarnados carecem de evolução para obterem o desapego de tudo que é material, das reações emocionais desajustadas e exacerbadas, dentre elas o orgulho, vaidade, mágoa, ódio, rancor, inveja e ciúme.
Não chegarão num lugar desconhecido, já estiveram por lá, para aqueles que fizeram por merecer serão colocados à prova obstáculos e recursos solicitados, em parte, por eles mesmos, outros, ainda mais embrutecidos, não terão muitas escolhas, todos, contudo, enfrentarão suas próprias limitações na expectativa de superar o que ainda lhes é difícil e doloroso.
Em decorrência do mérito individual exerceram a liberdade parcial das escolhas das metas a atingir, a começar das condições sociais, mentais, limitações do corpo físico, doenças que lhes infligirá restrições e as dificuldades correspondentes, muitos optam pela escolha do núcleo familiar de que farão parte, normalmente onde residem os ajustes mais necessários e inadiáveis.
Em termos de tempo, como conhecido nesse plano, cada um receberá o que necessita, minutos, horas, dias, anos, décadas, afinal uma encarnação é tempo curto.
Chegada a hora deles se apodera torpor suave e o esquecimento de todo esse processo, a benção do esquecimento do passado, contudo, ainda lhes restará intuições e pensamentos que os fará procurar o seu caminho.
Todos terão a seu lado, o tempo todo, um mentor e protetor que lhes acompanhará e vibrará para que façam as melhores escolhas, não pode ele em nada interferir, o livre arbítrio do espírito encarnado prevalecerá sempre.
Diariamente milhões de espíritos à Terra chegam para vestirem o invólucro limitante, apropriando-se ou não de mais uma oportunidade, nesse momento outros tantos a deixam, muitos antes da hora, sucumbiram diante das suas próprias limitações.
Quais serão as condições da próxima imersão?
Todos, sem exceção, somos centelhas divinas, estamos conectados e fazemos parte do Criador, vibremos para que eles e nós façamos as melhores escolhas e possamos retornar à verdadeira vida melhores do que quando aqui aportamos.
✨ Às vezes, tudo que precisamos é de uma frase certa, no momento certo.
Receba no seu WhatsApp mensagens diárias para nutrir sua mente e fortalecer sua jornada de transformação.
Entrar no canal do Whatsapp