Filosofia
"Às vezes o espirito encontra paz nas palavras e às vezes no silêncio. Seja qual for a via a dor e' inevitável; e' imanente ao ser no processo de existir, de cura e de evolução. A mudança de perspectivas faz distrair o espirito do fardo deixando mais leve o viver.
__Assim diz um viajante do tempo__
"Procuramos a distração por querer, e vagueando pelo sol intenso e pleno percebemos que o dia também fenece com o entardecer, então procuramos distrair da distração como um dever"
ABSURDIDADE MOTIVACIONAL
Há pessoas que são dependentes de artefatos motivacionais. A diversificação é imensa: Livretos, mensagens diárias, composições audiovisuais, músicas, filmes... Esses artefatos não são negativos em sua essência, exceto quando se tornam ferramentas de estereotipação comportamental.
A cultura do comércio físico e digital mudou muito nos últimos anos. A ética Socrática, que argumenta que o homem não é mal, mas é ignorante, foi deixada de lado e cedeu seu lugar a sugestões de ideais laboriosamente inalcançáveis. Neste caso o homem passa então a aplicar intencionalmente a maldade interior em seu conteúdo.
Temos uma espécie de síndrome imitativa nas redes sociais. Pessoas ostentando padrões de vida incomuns e vistos apenas em telas de smartphones são os novos deuses da era moderna.
Temos o prazer de idealizar nossas vidas a partir de modelos prontos, modelos "perfeitos". O ser humano, como um ser social, afirmado por Platão, tem a necessidade de se desenvolver a partir de seu meio. Mas será que este mesmo ser social está atento aos devaneios vendidos pelos algozes?
O prazer pode apoiar-se sobre a ilusão, mas a felicidade repousa sobre a realidade - Já dizia Sébastien-Roch Chamfort. Do latim illudere, brincar, zombar de, a ilusão é um embuste que parece divertir-se com nossos sentidos, com nosso espírito. É exatamente o que acontece ao darmos a essas falsas motivações o papel condutor em nossas vidas.
Maquiar a vida com perfeição nunca foi um exemplo de influência positiva. A felicidade não faria sentido sem a tristeza, a bonança não faria sentido sem a tempestade, assim como a noite não faria sentido sem o dia. O homem, antes de tudo, é um animal inserido em uma dualidade antagônica ou um espectro de cores da mesma. Subsistamos no mundo real.
O QUE É A VIDA?
“O que é a vida?” - Era com essa pergunta que, o saudosíssimo apresentador de TV, ator e diretor de teatro, Antônio Abujamra, encurralava a grande maioria de seus entrevistados no programa Provocações.
Mas afinal, o que é a vida?
Os filósofos antigos tinham diferentes visões sobre a vida, dependendo da sua escola de pensamento e da época em que viveram. No entanto, todos eles tinham uma visão em comum sobre ela: a busca.
Sempre houve uma busca insaciável, seja pelo conhecimento, pelo entendimento, pela razão, pela motivação, ou até mesmo pelos prazeres. A vida, para o ser humano, sempre se resumiu a ser ou ter. Caberia aqui aquele velho ditado clichê: Uma vida sem propósito não vale a pena ser vivida - seja esse propósito nobre ou não.
No entanto, até onde o propósito é importante? Caberia ele em todas as facetas que tratam de definir o que é a vida? Muitos procuram o sentido da vida no objetivo final, outros defendem que o sentido da vida é percebido e vivido no processo, não no fim da linha dele. A vida, para estes últimos, é experienciação.
Uma ideia que parece ser comum é que a vida é um mistério fundamental, cuja essência escapa ao nosso entendimento e controle. Talvez a vida seja mais um dos mistérios incognoscíveis do universo e do cosmos, cabendo a nós apenas a incumbência de senti-la, e não de explicá-la.
A vida é um fenômeno complexo e multifacetado que envolve não apenas a existência biológica, mas também aspectos psicológicos, sociais, culturais e espirituais. Acredito que não exista um sentido de vida, mas vários deles, e cada um de nós está sujeito a viver e experienciar seu campo de existência nesses aspectos. De acordo com esse pensamento, chego à humilde conclusão de que a vida é viver.
ESPERANÇA & TORMENTO
Já ouviu aquele ditado popular de que a esperança é a última que morre? É com a ideia de esperança que o Mestre dos sonhos derrota Lúcifer em uma cena épica no episódio 4 de Sandman, depois de quase sucumbir.
A esperança, conhecida como a Deusa Élpis na mitologia grega, remonta suas origens ao famoso mito da caixa de pandora. Zeus, irritado com Prometeus (o deus que vê o futuro) por ter dado o fogo divino do Olimpo aos homens, manda como parte da vingança, Pandora, a deusa de todos os dons, para casar-se com o irmão de Prometeus, o Epimeteus (o deus que vê o passado).
Pandora leva consigo uma caixa da qual não sabe de seu conteúdo interno. Curiosa, ela abre a caixa e libera na terra todos os males da humanidade: pragas, guerras, doenças, ódio, vingança… Junto com os males veio a esperança, mas Pandora, com medo, fecha a caixa antes que a esperança se liberte, deixando aos humanos apenas a expectativa de que um dia ela se liberte e leve consigo o mal.
É baseado nesse mito que surgiu o tal ditado popular. Na vida real, temos esperança em várias coisas: Na religião, com uma promessa de paraíso, na política, com a esperança de que em 4 anos um país seja mudado, na justiça, com a esperança de que exerçamos todos os direitos que nos cabem.
Assim como no mito de Pandora, a esperança é o impulsionador da vida. Graças a ela, podemos viver diante do tormento, na esperança de que as coisas um dia darão certo no final. Em um país com tanta discrepância social e injustiça, a esperança é a última que morre.
Mas com esperança vem a ação. Segundo o mito, Prometeu viu no futuro o potencial da humanidade e resolveu dar a ela o fogo divino, como ferramenta de ação para exercer esse potencial. Uma fagulha desse potencial ficou contida na esperança, mesmo após a vingança de Zeus.
Estamos deixando o tormento nos consumir ou estamos nos utilizando da esperança como ferramenta para agir? Em uma dualidade antagônica, um lado só pode superar o outro exercendo ação de força maior sobre ele. Para libertarmos o potencial da esperança, temos que ter o arquétipo de Prometeu manifestado: o de ver e agir.
FALSA ATARAXIA
Para os filósofos estóicos, a ataraxia era um estado de imperturbabilidade emocional, alcançado através da aceitação serena dos eventos da vida e do controle das emoções. De modo geral, a ataraxia é um estado de paz interior e equilíbrio emocional que permite ao indivíduo viver de forma plena e feliz, independentemente das circunstâncias externas.
Na sociedade moderna, vemos com frequência uma espécie de “ataraxia”, só que passiva diante da realidade. No entanto, a ataraxia em sua essência não simboliza passividade ou conformidade, mas uma mente serena que pode agir diante do problema através de circunstâncias mais racionais e efetivas.
Confundimos a ataraxia com conformidade, passividade, submissão ao que nos incomoda. “Ah, mas vai ficar tudo bem”, “é sobre isso e tá tudo bem", “deixa pra lá, vai passar”... Existe um “tanto faz”. Nos acostumamos a fugir da realidade.
Na cabeça da sociedade moderna, não temos recursos de mudança, nem os buscamos, talvez não possamos. Tanto faz ter saúde como ter doença? Tanto faz ter um teto como viver na rua? Tanto faz ser amado como assediado? Tanto faz estar vivo como estar morto?
A enxurrada de informações que recebemos diariamente de certa forma nos impede de enfrentar os demônios internos e externos. Não que não possamos, mas é muito mais fácil sair para beber, usar drogas ou passar horas vendo memes na internet para esquecer que estamos definhando aos poucos.
Para Schopenhauer, aqueles que tentam fugir da realidade estão apenas adiando o inevitável confronto com a dor e o sofrimento da vida. Contudo, passar por esses desafios pode levar a dois caminhos: um de força e outro de trauma.
É aqui que entra o fato de que assim como há uma fuga e enfrentamento, há também duas formas de enfrentar o problema quando se escolhe fazê-lo: acumulando os males ou buscando uma saída racional e efetiva. Temos a opção de nutrir a verdadeira ataraxia dentro de nós e buscar soluções definitivas para nossos problemas. Não há como ser efetivamente feliz quando a solução para o problema é negligenciada.
"Não pensar em nada me faz feliz, as memórias do mundo é como um grito aos meus tímpanos que nada veem."
DUCHA NA ÁGUA GELADA
A descrição da existência trata-se da ideia do caos tentando entender a sí. A variabilidade do universo, a sua inconstância e/ou relativismo, faz com que nada seja absoluto tudo depende de tudo. O aspecto que defini, ou não, a realidade é a incansável capacidade de ter as leis alteradas em situações extremas. Esse emaranhado de inconclusões repleto dos mais variados pensamentos que te guiam a becos sem saídas ou a vitória de ter encontrado uma resposta minimamente viável, chamo eu de: Vida Humana.
É uma manhã, quase que poeticamente, chuvosa. Morar nos trópicos reflete muito do que é a existência, no próprio clima, ontem o Sol estava intenso, hoje as nuvens que cobrem o céu indicam que não o veremos tão cedo. Essa mutabilidade repentina é algo que inconscientemente conceitua, de forma débil eu diria, a ideia da variabilidade que está ao nosso entorno.
Mais um dia, a noite fora tão intensa que acordei no sofá, heróis como Hércules, o semideus, enfrentava seus inimigos com bravura no contexto da sua realidade. Na minha, meus fantasmas me assombram quando estou acordado, e me perseguem quando estou dormindo, me sufocam quando penso, me assolam de angústia e pavor nas minhas ações.
Essa madrugada não teve muita coisa de especial, o sonho/pesadelo, envolvia, sobretudo, situações intensas, morte, vontades antigas e tristeza. Um misto de tudo que alguém ansioso não precisava, pois essa ausência de um sono restaurador reflete nas minhas ações diárias, que por sua vez quase sempre não são boas, e assim a próxima madrugada está condenada como todas as outras. Esse ciclo vicioso, e quase irônico, é capaz de simular de uma forma dolorosa o quanto a natureza humana é aterradoramente vinculada à alguns princípios básicos.
Noutro momento, estava eu num devaneio, me peguei indignado com as poucas ideais que foram levantas naquele intenso debate com minha mente. Ela e eu quase sempre estamos fora de sintonia, mas naquele momento tiramos uma conclusão sobre a felicidade que desanimou ambos. Projetamos que, não importa se nos formemos na faculdade e nos tornemos um bom médico, um excelente esposo, um filho bom, um irmão e amigo desejável, estaríamos fadados ao fato de não sentirmos a felicidade. Digo não aquele momento de euforia, e sim, a verdadeira felicidade, aquela descrita pelo Arquiteto da Existência, a almejável e praticamente utópica felicidade.
Isso repercutiu nos dias subsequentes, perdemos toda vontade de seguir com nossos afazeres, de manter a reserva econômica, estudar, praticar esportes, cuidar de nós. Ela, minha consciência religiosa, gritava que Ele estava comigo, que não era para abandoná-lo, porém meu reflexo animalesco só me induzia a cair em hábitos destrutivos, tanto para mim, quanto para as pessoas que estão entorno.
Bom, nessa segunda-feira, decidi que seria diferente. Falhei miseravelmente no início. Entretanto, assim como ontem, fiz algo inacreditavelmente incomum para alguém como eu. Tomei um belo banho de água fria, literalmente, a chuva despencando e eu sem o ar nos pulmões, embaixo de uma corrente de água que parecia mais como uma tempestade de agulhas, a dor fazia ranger os dentes, o diafragma incapaz de auxiliar na respiração, as mãos fechadas tentando incansavelmente encontrar na parede um lugar para se segurar. Nesses momentos de intensa dor, parece que estou mais vivo do que nunca, a felicidade talvez seja inalcançável, mas essa dor lancinante é sempre real e presente. E por longos cinco minutos estive aqui, no presente. Isso foi tão maravilhoso, que tomei uma decisão: duchas de água fria estarão sempre presentes na minha vida, e que tudo depende do quanto deixarei ser afetado pela dor que ela causará.
Deixei-me aproveitar, depois daqueles primeiros segundos eternais, e foi uma experiência que indico, quando fechei o registro senti que aquela água tinha levado embora algumas inseguranças e solidificou um conceito quase novo para mim, existe sim vitórias depois de uma grande batalha. Será talvez essa sensação a alegria que tanto busco?
"Arthur Schopenhauer, disse: 'Se a marca da primeira metade da vida é o anseio insatisfeito pela felicidade, o da segunda é o receio da desgraça, pois, a essa altura, reconhece-se mais ou menos nitidamente que toda felicidade é quimérica, enquanto o sofrimento, ao contrário, é real.'.
Toda realidade, ao ser sentida, já não é -para o homem, na relação com o homem- ela mesma, e sim, uma sensação, uma interpretação sensorial. O homem subjetiva a realidade, 'dosa', dá à ela, 'medidas de intensidade', de maneira que, Shophenhuer, não está plenamente com a razão. A vida é um 'caldeirão fervilhando, resultando em encantamentos, magias..., enquanto bruxas criam suas receitas'. Não se tem garantias sobre 'o que os elementos jogados no caldeirão irão resultar'; coisas boas e coisas ruins podem resultar. Na realidade, o que chamamos de 'coisas boas' e o que chamamos de 'coisas ruins' referem-se, simplesmente, à predominância, do bem ou do mal, pois não há separação, sendo, sempre, uma e mesma coisa, como 'extremidades alcançadas por um pêndulo movendo-se'. Não há como furtar-se a isto: a vida pode ser mais ou pode ser menos saborosa à medida em que, a pessoa, experimenta coisas amargas, e vice-versa.
O novo -independentemente de positivo ou negativo- só pode vir mediante o choque de realidades que, em alguma medida, sejam opostas."
"A essência do mal não está, exatamente, em um ato ruim, mas na ausência de um bom ato, quando praticá-lo está em nosso poder. Somos maus não apenas quando praticamos o mal, mas também e, principalmente, quando deixamos de praticar o bem que podíamos.
Devemos aprender que o mal não possui lugar próprio. O mal simplesmente ocupa o lugar do bem que se ausenta.
VIDA VIVA
A vida e' uma forma agonizante de temer...
A vida seria toda uma agonia,
não fosse o recepcionar de mais um ser.
Va'! Sirva-se do tempo com ou sem poesia.
Ao nascer algo magico acontece
No fulgor de ser desabrocha uma luz
O tempo e' como um mosaico que padece
Um bolo de canduras esmaece e reluz
A vida seria toda uma agonia,
não pudesse o vento, o sol, a lua,
por mais uma vez sentir... eu iria
Pra Deus clamar: _Que vida flua!
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