Felicidades
Glória
Fico feliz com a felicidade do infeliz, daquele que, mesmo sendo alvo, sustenta um equilíbrio quase sagrado.
Da sua boca escorre a redenção:
pura e transparente, como a saliva de uma verdade que não se esconde, um grito que atravessa o desespero e o ilumina.
Glória! Glória! Glória!
"A excessiva preocupação com o futuro traz muito sofrimento. Lembre-se: a felicidade depende de muito pouco; basta viver uma vida voltada para o que é essencial. Afinal, tudo é um sopro, e a ilusão da estabilidade é uma utopia."
LEITO DA FELICIDADE
O espelho reflete meu apreço
Na vereda da mocidade!
Pois sem seu amor nada sou
E a morte a mim invade,
Ceifando o meu sorriso
E provocando gemidosno crivo da saudade,
Que te venera sem segredos
Pois com você eu sou inteiro
No leito da felicidade!
Olho para o mundo e tenho medo dele. Acho que no fundo tenho medo da felicidade ou ela de mim. Sempre que estou muito feliz fico desconfiada. Desconfio secretamente e vou-me afastando para que ela não acabe por si só. Prefiro eu correr dela, assim não corro o risco da felicidade me deixar.
Fico em silêncio por um longo tempo e procuro saber o valor dele. Há tantas coisas que eu queria escrever, mas, não posso. As palavras me deixam com medo, por isso fico calada. Há tantas coisas que nunca escrevi e que morrerão comigo. Este silêncio é a minha garantia. Dentro dele está o meu EU gritante.
Quero explodir para que as palavras se libertem. Seria uma loucura as palavras soltas por aí. Ninguém entenderia nada, porque elas se misturariam. Às vezes quero a verdade outras vezes o oposto dela me alimenta. O cotidiano me mata de tédio, por isso me reservo e escrevo.
A vida é tão passageira! É como um sopro. Sopramos e ela se vai. Não entendemos nada da vida e isso me deixa angustiada. Pensar que a vida é um sopro, logo vem à minha mente uma bolha de sabão solta no ar. Tocamos nela e ela explode.
Ficam no ar apenas pedacinhos que vão se desintegrando um a um. Assim imagino o sopro da vida. Uma película muito fina, quase invisível, transparente, brilhante com multicores como se fosse um arco-íris. Duram apenas alguns segundos e explodem.
São os segundos mais belos que nossos olhos já fotografaram e guardaram na gaveta do tempo. Assim é o sopro da vida. Simples, intenso e belo. Se deixarmos passar em branco ele se vai sem deixar nenhum vestígio.
O tempo escapa,
E eu me perco inteiro
Na incansável busca por algo
Chamado felicidade.
Tento escrevê-la
Na poesia,
O que talvez
Seja só invenção
Um eco da mente,
Um delírio da existência.
Enfim, aprendi que Deus não se esconde.
A felicidade não foge...
nós e que fechamos os olhos
para o que já temos nas mãos.
Vivemos em busca da tal felicidade e ela apenas observa o nosso próximo passo. Onde ela está, o invisível consegue ver o que não é visível.
Projetamos as diversas felicidades ou as auto condenações de todo o próximo dia pelos bons pensamentos e os torpes equívocos mentais, já nas primeiras horas das manhãs.
Quem é feliz não fica afirmando a todo momento a sua felicidade; assim como quem se acha verdadeiro, não afirma toda hora a sua própria verdade... Quando se afirma demais uma coisa, é porque tem-se algo que não é verdade e nem real...
FELICIDADE
Numa casinha distante,
Pertinho da serra
A felicidade se esconde,
Numa casinha distante
Onde corre um arroio
Sussurrando com o vento,
Colorindo com a mata
Escorregando na cascata
Brincando de cachoeiras,
A felicidade se banha,
A felicidade mergulha
Na calmaria do vale
E se embala com o cantar dos pássaros
Numa rede de algodão estampado
Sob uma casinha de taipa
Que sustenta a montanha...
