Felicidade Clandestina
Criava as mais falsas dificuldades para aquela coisa clandestina que era a felicidade.
A felicidade incomoda muita gente
É preciso ser feliz clandestinamente, para que o próximo não inveje nossa felicidade
A felicidade sempre iria ser clandestina para mim. Parece que eu já pressentia.
Criava as mais falsas dificuldades para aquela coisa clandestina que era a felicidade. A felicidade sempre iria ser clandestina para mim. Parece que eu já pressentia. Como demorei!
ALFABETIZAR É POSSÍVEL
No conto "Felicidade Clandestina", Clarice Lispector nos apresenta uma protagonista tímida e sonhadora. Uma menina cujo sofrimento é
Publicado no Jornal da Tarde
FeLiCiDaDe CLaNDeSTiNa
Nada nesta sala me perturba,
Nem a limpeza,
Nem a ausência de pessoas,
Nem de barulho ...
Meu êxtase,
Há tanto tempo
Esquecido,
Redobra
Com a visão de
Suas pinturas
Honestas e
Receptivas
Olha! Eu me reencontrei ...
Não me trato hoje com descortesia,
Sou uma Lady,
Uma flor perfumada,
Girando livremente
Nesse espaço de
Pura arte e
Respeito ao
Belo,
À existência.
Com essa emoção ,
Sinto minha chama vital
Retornar delicadamente
E corar minhas bochechas
Em covinhas,
Adornando
Um sorriso largo de
Felicidade
Clandestina ...
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Em 27/07/2017
De algum modo pairava acima da própria miopia e da dos outros. O que lhe dava muita liberdade. Às vezes apenas a liberdade de uma incredulidade tranquila. (...)
“Amor sem seleção” representava uma estabilidade ameaçadora: seria permanente, e na certa resultaria num único modo de julgar, e isso era a estabilidade. A estabilidade, já então, significava para ele um perigo: se os outros errassem no primeiro passo da estabilidade, o erro se tornaria permanente, sem a vontade da estabilidade, que é a de uma correção possível. (...)
Aceitara a incerteza, e lidava com os componentes da incerteza com uma concentração de quem examina através das lentes de um microscópio. (...)
Ele conheceu uma das raras formas de estabilidade: a estabilidade do desejo irrealizável. A estabilidade do ideal inatingível. Pela primeira vez, ele, que era um ser votado à moderação, pela primeira vez sentiu-se atraído pelo imoderado: atração pelo extremo impossível. Numa palavra, pelo impossível. E pela primeira vez teve então amor pela paixão.
E foi como se a miopia passasse e ele visse claramente o mundo. Talvez tenha sido a partir de então que pegou um hábito para o resto da vida: cada vez que a confusão aumentava e ele enxergava pouco, tirava os óculos sob o pretexto de limpá-los e, sem óculos, fitava o interlocutor com uma fixidez reverberada de cego.
Que a sua própria chave não estava com ele, a isso ainda menino habituou-se a saber, e dava piscadelas que, ao franzirem o nariz, deslocavam os óculos. E que a chave não estava com ninguém, isso ele foi aos poucos adivinhando sem nenhuma desilusão, sua tranquila miopia exigindo lentes cada vez mais fortes.
Por estranho que parecesse, foi exatamente por intermédio desse estado de permanente incerteza e por intermédio da prematura aceitação de que a chave não está com ninguém – foi através disso tudo que ele foi crescendo normalmente, e vivendo em serena curiosidade.
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