Faz de Conta Qu eu Acredito

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Mesmo que você pense: "Preciso pensar a respeito", o que no fundo esta dizendo é que "preciso me fazer perguntas a respeito, considerar o assunto por um momento". Ao considerar, começará a fazer perguntas. Precisamos compreender que a maior parte do que fazemos, dia após dia, é fazer e responder perguntas. Portanto, se queremos mudar a qualidade de nossas vidas, devemos mudar nossas perguntas habituais. Estas perguntas dirigem nosso foco, e assim como pensamos e sentimos.

O amor é uma coisa que depende da gente. Um objeto que a gente gosta e não quer que quebre. Tem que cuidar, limpar todo dia.

E quando chega aquele dia que você não sabe mais quem é amigo de verdade, descobrimos o único que precisamos realmente. Ele se chama Jesus.

Melhor assim. Não quero mais depender de ninguém. Quero é o "Danúbio Azul". E não "Valsa Triste" de Sibellius, se é que é assim que se escreve o seu nome.

Clarice Lispector
A via crucis do corpo. Rio de Janeiro: Editora Rocco, 1998.

Nota: Trecho do conto Dia após dia.

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"Não existe GPS que assegure que estamos no caminho certo. Só nos resta prestar atenção."

Quanto mais a gente amadurece, mais a opinião dos outros se torna irrelevante. Essa é uma coisa que a gente demora pra aprender na vida.

[...] Mas imperfeito é tudo, nem há poente tão belo que o não pudesse ser mais, ou brisa leve que nos dê sono que não pudesse dar-nos um sono mais calmo ainda. E assim, contempladores iguais das montanhas e das estátuas, gozando os dias como os livros, sonhando tudo, sobretudo, para o converter na nossa íntima substância, faremos também descrições e análises, que, uma vez feitas, passarão a ser coisas alheias, que podemos gozar como se viessem na tarde. Não é este o conceito dos pessimistas, como aquele de Vigny, para quem a vida é uma cadeia, onde ele tecia palha para se distrair. Ser pessimista é tomar qualquer coisa como trágico, e essa atitude é um exagero e um incómodo. Não temos, é certo, um conceito de valia que apliquemos à obra que produzimos. Produzimo-la, é certo, para nos distrair, porém não como o preso que tece a palha, para se distrair do Destino, senão da menina que borda almofadas, para se distrair, sem mais nada.
Considero a vida uma estalagem onde tenho que me demorar até que chegue a diligência do abismo. Não sei onde ela me levará, porque não sei nada. Poderia considerar esta estalagem uma prisão, porque estou compelido a aguardar nela; poderia considerá-la um lugar de sociáveis, porque aqui me encontro com outros. Não sou, porém, nem impaciente nem comum. Deixo ao que são os que se fecham no quarto, deitados moles na cama onde esperam sem sono; deixo ao que fazem os
que conversam nas salas, de onde as músicas e as vozes chegam cômodas até mim. Sento-me à porta e embebo meus olhos e ouvidos nas cores e nos sons da paisagem, e canto lento, para mim só, vagos cantos que componho enquanto espero.
Para todos nós descerá a noite e chegará a diligência. Gozo a brisa que me dão e a alma que me deram para gozá-la, e não interrogo mais nem procuro. Se o que deixar escrito no livro dos viajantes puder, relido um dia por outros, entretê-los também na passagem, será bem. Se não o lerem, nem se entretiverem, será bem também.

Todo mundo está querendo ser tão justo e tão defensor do direito de tudo, que está esquecendo que as pessoas também têm o direito de ter opiniões diferentes!

Uma vontade de chegar perto, de só chegar perto, te olhar sem dizer nada, talvez recitar livros, quem sabe só olhar estrelas… dizer que te considero. E muito.
Talvez bastasse qualquer coisa, como chegar muito perto de você, passar a mão no teu cabelo e te chamar de amigo. Ou sorrir, só sorrir...

Que a gente siga assustando as pessoas que não merecem se encantar. Que a gente siga afugentando quem não merece ficar. Que a gente siga!

Há certas coisas que não haveria mesmo ocasião de as colocarmos sensatamente numa conversa - e que só num poema estão no seu lugar.

A gente vai aprendendo a viver assim, na marra, no grito, no sufoco, no impulso, e tenho repetido que no que depender de mim, me recuso a ser infeliz...

A vontade de verdade ainda nos há de arrastar para muitas aventuras ,essa célebre veracidade de que todos os filósofos falaram até os dias de hoje com veneração.

Qual seria sua reação, se a pessoa que você pensou agora, te chamasse e falasse tudo que você queria ouvir?

O inferno dos vivos não é algo que será; se existe, é aquele que já está aqui, o inferno no qual vivemos todos os dias, que formamos estando juntos. Existem duas maneiras de não sofrer. A primeira é fácil para a maioria das pessoas: aceitar o inferno e tornar-se parte deste até o ponto de deixar de percebê-lo. A segunda é arriscada e exige atenção e aprendizagem contínuas: procurar e reconhecer quem e o que, no meio do inferno, não é inferno, e preservá-lo, e abrir espaço.

Italo Calvino
As cidades invisíveis (1972).

Não me vanglorio de ter amado. Sei, sei demais quão pouco duráveis são as emoções, por mais que vivas que sejam ou que tenham sido, para pretender obter de seres perecíveis e inexoravelmente compromissados com a morte um sentimento que se pretende imortal. Tudo que nos comove no outro não lhe é dado senão pela vida. A alma envelhece como a carne e é, mesmo para os melhores de nós, apenas o desabrochar de uma estação, um milagre efêmero como a própria mocidade.

Nós mesmos contribuímos para o que sentimos e percebemos, pois somos nós que escolhemos aquilo que nos é importante.

Ora, não sou linda. Mas quando estou cheia de esperança, então de minha pessoa se irradia algo que talvez se possa chamar de beleza.

Clarice Lispector
A descoberta do mundo. Rio de Janeiro: Rocco, 1999.

Nota: Trecho da crônica Adeus, vou-me embora!

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Também a vida é só um instante,
apenas um dissolver-se,
de nós mesmos nos outros,
Como um dom que se faz.

Apenas um rumor de bodas que,debaixo,
irrompe pelas janelas,
nada além de um canto, um sonho,
uma pomba azul-cinzentada.

Boris Pasternak
Doutor Jivago

Ainda que doa deixar algumas pessoas morrerem, se agarrar a elas é viver mal assombrado.

Ainda que doa deixar algumas pessoas morrerem, se agarrar a elas é viver mal assombrado.