Faz de Conta Qu eu Acredito
Eu só quero seguir minha vida, continuar, em paz. Sem você pra tá me lembrando que a gente se conhece, sem suas ligações tirando meu sono, sem tuas mensagens me tirando o chão. Sem suas lamúrias dizendo que me quer e insistindo num futuro perdido. Eu preciso de paz, eu preciso de liberdade. Chegar em casa à noite depois de ter atolado a cabeça e a minha inteira concentração no trabalho. Ir dormir só querendo saber quantas horas eu tenho de sono e não o que você anda fazendo por aí. Atender o telefone sem a mínima vontade, sem pensar que seja você. Passar todos os domingos assistindo televisão, vestida no meu pijama e com um nó em meu cabelo sem esperar, quem sabe, que você apareça.
O tempo vai passando, depressa demais sob minha percepção. A verdade é que eu o deixo passar, assim, quem sabe passe logo, não é mesmo!?
E então, nos transformamos, você em óleo e eu em água, dois compostos distintos dentro de um mesmo recipiente, mas não juntos.
Hoje eu perco o meu tempo pensando, todas as noites pra ser mais sincera, e me dói. Posso não ter sido o melhor, até mesmo para mim. Aaah, mas eu fui muitas outras coisas mais, eu fui o mais amável que alguém poderia ter sido, eu fui compreensível muito além dos limites da compreensão, eu fui misteriosa e decifrável ao mesmo tempo. Sim, eu fui... Eu fui por você, por mim, por acreditar que poderia tentar fazer com que o seu trem andasse em meus trilhos, que alguma coisa desse certo, além dos meus medos, minhas cicatrizes, meus pesares.
Aqui é onde o amor, amor não, melhor dizer 'aquilo' acaba.
Eu cheguei ao um ponto em que eu deveria deixar você, escolha única, faca de um só gume.
E eu ainda vou viver pra ver um dia que seja, não necessariamente toda uma vida ou o resto dos seus egocêntricos dias, mas um só. Só um dia em que você vai lembrar de mim, vai sorrir quando pensar no meu jeito dengoso e sentir falta, muita falta do tempo em que do outro lado da linha escutava um 'OI AMOR'.
E agora a única coisa que me resta é te dar meu adeus. Eu sei que já houveram outros, mas esse é meu último, não teria forças para dá-lo mais uma vez. Ainda vamos nos encontrar muitas vezes por aí, tenho certeza. E eu estaria mentindo se te dissesse que poderíamos ser amigos, eu não conseguiria olhar pra você, te ver feliz ou mesmo triste sem lembrar de quando ao invés de qualquer uma era eu quem estava aí.
É, parece que chegou mesmo ao fim, inevitável. Se soubesse que não adiantariam minhas artimanhas eu teria logo que pude partido de uma vez esse fio que nos liga, quem sabe assim o futuro nos desse uma chance, outra chance.
E por mais que eu te procure a cada noite que se vai, eu sei que não é amor. É dependência. É uma boca sedenta por outra boca que é a sua.
Será que no fim do dia quando se deita você sente sua barriga doer como eu sinto a minha? Empurrar com a barriga é ridículo.
Mas eu já parei de sonhar pra fora a muito tempo, tudo bem que eu ainda tenho insônia pensando nesse 'nós fictício', mas é comigo, pra dentro como eu custumo falar, e eu me responsabilizo depois.
Suas limitações até que são compreensiveis para alguém como eu, mas eu não posso e não me permitirei ser compreensível o tempo inteiro. Não é em você que dói, é em mim e não é por você é por mim.
Eu posso até balançar a cabeça enquanto você fala, mas no fundo eu estou discordando de tudo o que você diz.
Não faz o meu gênero entrar em conflitos, ainda mais por motivos banais. Não quero mudar a sua opinião, ela é sua e não minha!
