Existencialismo
ESPELHO FRAGMENTADO
De João Batista do Lago
Poeta!? Poeta!? Poeta!?
Tu estás aí, poeta?
Urgentemente preciso de ti, poeta.
Tu estás por aí?
Tu estás por aqui?
Preciso que me escutes…
Preciso que me retorne, para mim, poeta.
“Quem são vocês!? Quem são vocês!?
Não, eu não tenho esses rostos;
esses rostos que estou vendo não são meus!
Essas caras tão distorcidas estão…
E essas vozes, de quem são?
― Minhas, não! Não são vozes minhas.”
Quem sou eu!? Que lugar é este!?
“Não, eu não lembro de ti…
Até onde sei eu daqui nunca parti;
sempre estive aqui;
não encontro razões para voltar.
Voltar!?
Eu não consigo lembrar…
Tudo está muito fragmentado…
Meus pensamentos estão todos quebrados...”
[…]
Éramos apenas um
antes dos espelhos partidos,
antes do espelho fragmentado.
[…]
Poeta, tu és um artista…
Tu és um criador.
Tu és um demiurgo, poeta.
― Demiurgo, eu!
Onde estão meus conteúdos,
As minhas formas, onde estão?
Estou preso nesta masmorra,
nesta cela onde soçobram
memórias de sombra e confusão.
Teus conteúdos, poeta,
tuas formas, poeta,
todas dentro de ti: a Poesia.
Teus espelhos podem estar fragmentados,
mas tua arte ainda pulsa:
tu podes criar o belo
mesmo dentro da caverna,
mesmo na escuridão.
“Quem sabe!… Quem sabe!…
É preciso juntar todos os fragmentos,
juntar cada caco do espelho,
criar um novo Adão…
― Mas, e se eu me perder?”
― Não há de ti perderes;
te encontras sentado sobre a pedra
em qualquer lugar do universo;
te encontras no verso,
te encontras no poema,
te encontras na Poesia.
“Encontre-se na desordem,
esquece tua secular Verdade:
a verdade está além da linearidade.
Tu, Poeta, és o mestre do Caos.”
AO MEU OUTRO AMIGO
De João Batista do Lago
Dize-me, tu, meu outro irmão,
que não tenho isenção para defender
a mata onde vivo com meu povo.
Tu, meu outro irmão,
que não conhece a mata
para além do tapete verde da tua sala.
Tu, meu outro irmão,
que não entende da defesa da vida,
só quer transformar a mata em vintém.
Tu, meu outro irmão,
que deseja tão só minha destruição,
por que deseja o fim da minha nação?
Tu, meu outro irmão,
que do anzol não sabe a serventia,
queres a morte do rio, meu alimento.
Tu, meu outro irmão,
que desconhece toda minha etnia,
que não sabe do Tupi-guarani e do Macro-jê.
Tu, meu outro irmão,
conhece os Tenetehara, os Awá-guajá e os Urubu-Kaapor?
Povos de língua Tupi todos são.
Tu, meu outro irmão,
sabe do Apaniekrá e Ramkokamekrá; dos Pukobyê, Krikati, Timbira e Krenyê?
Todos são povos originários: Jê.
Tu, meu outro irmão,
ouviste falar dos Akroá-Gamela e Tremembés?
Ainda hoje lutam por reconhecimento étnico e a demarcação de suas terras!
Então, tu, meu grande irmão,
toma a minha mão e vem. Vem defender a mata,
vem defender a flora, vem defender a fauna.
A existência, meu outro irmão,
depende de nós, depende da nossa união.
É o nosso legado para toda nova geração.
Nada disso tem sentido;
tal também não precisa;
pesar de tentar encontrar;
É algo que nunca vamos achar .
Não quero afeto. Não quero emoções na minha vida. Eu quero viver como uma pedra, apenas existir e depois sumir. Não quero cartinha, não quero mensagem positiva, eu quero o mais puro ócio. Eu vim a Terra para me aproveitar do que tem nela e ir embora.
Eu não quero ser a maioria. Eu não quero ser a minoria. Eu quero estar alheio. Mas eu não quero estar alheio junto com os alheios. Eu quero estar só. Porque todos estamos sós. Só nos falta admitir.
A verdadeira liberdade reside na aceitação de que somos os arquitetos de nossas próprias vidas, moldando nosso destino em meio ao caos da existência.
Eu sou o protagonista na minha vida, um coadjuvante na vida de alguns, um figurante na vida de outros e irrelevante na vida da maioria. O valor disso está na consciência dos diferentes papéis que exerço.
O ócio não é apenas um descanso; é a base para um equilíbrio saudável. Ao se afastar das demandas e do stress constante, você dá ao seu corpo e mente a chance de se recuperar e se preparar para uma nova forma de engajamento criativo e pessoal. De preferência, de acordo com sua vocação e seu bem-estar geral.
Aos prazeres dos meus distúrbios
Revogo-os ao mais profundo ódio
Na qual, me deito, sob todas as mágoas
Que me aborrecen em decorrência de uma abstinência
Me falta ódio, ou talvez amor
Me falta ódio, ou talvez rancor
Me falta um abraço, ou talvez umas
palavras
Que eu possa me esconder desta vasta podridão
Nem sempre as palavras se encontrarão, mesmo quando os pensamentos se encontram perdidos
Ou talvez estejam organizados, mesmo desalinhados compactando meus sentidos(…)
Talvez nao entenda minhas palavras, ou meus versos desorganizados
Meus pensamentos em curva centrípeta
Poucos conseguem ultrapassar sem reduzir a velocidade
Ou, talvez, porém, mesmo que reduza em boa intenção, se afogara num mar de deselegância
Mesmo que se arrume em meio essa podridão, não haverá encontro, num poema de bagunça…
Se me criei sob a perspectiva de um ser narcisista, me fale onde eu errei..
Minha personalidade foi criada pelo espelho das pessoas, por qual motivo tenho a culpa desse peso?
Minha existência se baseia no que foi me apresentado, uma realidade horrível ao meu ver, nao me atento aos prazeres a longo prazo, pois a vida passa, espero que passa, assim como a uva passa(…)
Mas não quero morrer
Mas
eu
quero
Matar
Meus
pensamentos
Intrusivos.
Mas nunca tente
Re
Encarnar
Com
Larvas
Adoecendo
Minhas
Almas
Renascidas
Enquanto houver aqueles que se arrebatam vendo o mesmo astro da aurora no Sol que se põe, o mundo está salvo.
Talvez o Tempo, por sua irrevogável efemeridade, seja tal qual um rio que não podemos domar; sempre impermanente, recente, irresoluto, enfim, jovem demais para assumir qualquer forma definitiva. É justamente por isso que nós, sujeitos a esse mesmo Tempo, devemos nos tornar parte de seu fluxo: não tentar resistir contra ele, que mesmo assim ele persistiria; tampouco se alienar dele, porque sua extensão é ubíqua às nossas vidas; em vez disso, tornar-se em sua inefável sintonia. A correnteza tem a água do rio em si mesma; o que acontece com a água do rio quando a correnteza é apaziguada? Em verdade, somos cada um o infinito instante sintonizado do todo eterno.
Nós somos o tempo.
Na jornada da vida, muitos só se aproximam quando precisam, mas a verdadeira essência das relações reside naqueles que permanecem, não apenas nos momentos de necessidade, mas em cada instante de existência.
O que fará quando perceber que não há definição para aquilo no qual sempre procurou saber? A cura para sua alma, tal qual a razão de um propósito humano, transcende o pensamento arcaico.
Realidade e fatos possuem como base uma sensação amarga e indescritível.
Vivemos em uma jornada única e singular que acontece dentro e fora de nós, somos artistas, escritores, pintores, muitos participam do filme que dirigimos sobre as nossas próprias vidas, somos compositores de trilhas sonoras com momentos de repleta serenidade, outros, de imenso clímax! Também participamos de jogos, por momentos, ditamos as regras em outros, as seguimos, dançamos no teatro das Máscaras e revelamos nossa face quando as história em essência e verdade se cruzam. Quando adormecemos, nossos sonhos e pesadelos nos trazem mensagens internas, mas quando despertamos, buscamos o que todos buscam, a experiência de estarmos vivos.
Numa profunda angústia
perco-me na imensidão
a tinta flui a minha ausência
e o sono a minha própria negação
mas nesse mundo sem sentido
quanto tempo levara para a celebração
Caminho profundo no abismo
As quatro cadeiras da sala estão prontas para oração
desbotadas as suas fissuras irão ecoar os números
sobre o seu proprietário de coração
numa dança eterna, onde me consolo com a solidão.
Uma luz então surge
e ingenuidade que fica
e o que se reflete no espelho?
Lembrança me traz
cores púrpuras e lilás amarelado brilham em tom fantasiado
parece conseguir cortar o crepúsculo
ressoa então a sentimentalidade
aguardando a verdade que no fundo você sabe.
Alma e Sonhos
É como ter todos dentro de si,
E estar em todos, sem jamais partir.
A saudade, essa parte que falta,
Viver sem ela é viver sem alma.
Voar... Ah, voar...
É a paz que vem sem a gente esperar.
A calma que mereço, mesmo sem saber,
Um momento onde posso ser.
Choramos, porque transbordamos,
Dor e amor que em nós clamamos.
A falta que o próximo traz,
Ou a presença que deixa a alma em paz.
E o sonho? Ah, o sonho...
Não é pequeno nem grande demais,
É o tamanho de uma vida, que jaz
No coração de quem busca a eternidade.