Eu te Amo do Amanhecer ao Anoitecer
Eu sei que Vossa Excelência preferia uma delicada mentira; mas eu não conheço nada mais delicado que a verdade.
Tentando conciliar o irreconciliável
Eu quis fazer real o abstrato
Quis fazer da noite eterno dia
Quis encontrar o amor
Onde o amor não ia...
A gente tem o vício (eu, pelo menos) de matar a alegria com mil análises críticas que geralmente não têm nada a ver.
Sei que eu mesma não presto. Mas eu te digo: eu nasci para não me submeter; e se houver essa palavra, para submeter os outros. Não sei porque nasceu em mim desde sempre a ideia profunda de que sem ser a única nada é possível. Talvez minha forma de amor seja nunca amar senão as pessoas de quem eu nada queira esperar e ser amada.
Peço a Deus para que eu nunca desista de te odiar tanto assim, porque não pode existir ódio mais cheio de borboletas, notas musicais e passarinhos azuis...
Você coloca aquele moletom cinza com dizeres do surf e eu experimento um guarda-roupa inteiro pra ficar à sua altura.
Arre, estou farto de semideuses! Onde é que há gente no mundo? Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?
E é justamente por eu nunca ter sido inteira pra você que meu fim de amor também não consegue ser inteiro.
Se alguma coisa é decepcionante eu sei que essa coisa não é "nada", porque o "nada" não é decepcionante.
As pessoas vêm e me falam: “Você não vai conseguir”. E então eu vou lá e surpreendo elas. E quer saber uma coisa? Não existe nada melhor do que isso.
Mas é que a verdade nunca me fez sentido. A verdade não me faz sentido! É por isso que eu a temia e a temo. Desamparada, eu te entrego tudo – para que faças disso uma coisa alegre. Por te falar eu te assustarei e te perderei? mas se eu não falar eu me perderei, e por me perder eu te perderia. A verdade não faz sentido, a grandeza do mundo me encolhe. Aquilo que provavelmente pedi e finalmente tive, veio no entanto me deixar carente como uma criança que anda sozinha pela terra. Tão carente que só o amor de todo o universo por mim poderia me consolar e me cumular, só um tal amor que a própria célula-ovo das coisas vibrasse com o que estou chamando de um amor. Daquilo a que na verdade apenas chamo mas sem saber-lhe o nome.
