Eu sou uma Mulher Super Perigosa
Saber viver com os homens é uma arte de tanta dificuldade que muita gente morre sem a ter compreendido.
Raramente tenho aberto uma porta por descuido sem ter deparado com um espectáculo que me fizesse sentir, pela humanidade, compaixão, nojo ou horror.
É uma grande tolice o «conhece-te a ti mesmo» da filosofia grega. Não conheceremos nunca nem a nós nem aos outros. Mas não se trata disso. Criar o mundo é menos impossível do que explicá-lo.
Os criacionistas fazem com que uma teoria pareça uma coisa que se inventou depois de beber a noite inteira.
O modo de se vestir é uma preocupação ridícula. Mas é muito ridículo para um homem não estar bem vestido.
Não conseguimos segurar uma tocha para iluminar o caminho de outra pessoa, sem clarearmos o nosso próprio.
As pessoas que acreditam na inteligência, no progresso e no entendimento, são as que tiveram uma infância infeliz.
O encanto da novidade, caindo pouco a pouco com uma peça de roupa, punha a nu a eterna monotonia da paixão, que tem sempre as mesmas formas e a mesma linguagem.
Há uma espécie de reciprocidade entre a necessidade e o objecto que a satisfará. Não penso em beber; mas este copo ao meu alcance dá-me sede. Tenho sede e imagino o copo de água delicioso.
Uma língua avara de discursos é um tesouro entre os homens. O mais precioso é a medida das palavras que os compõem. Se fores maldizente em breve dirão mal de ti.
Se existe uma solidão em que o solitário é um abandonado, existe outra onde ele é solitário porque os homens ainda não se juntaram a ele.
