Eu sou tudo e nada
Se você faz algo de bom e tudo dá certo, acho que é hora de pensar em outra coisa e tentar adivinhar o que vem pela frente.
Desenho
Traça a reta e a curva,
a quebrada e a sinuosa
Tudo é preciso.
De tudo viverás.
Cuida com exatidão da perpendicular
e das paralelas perfeitas.
Com apurado rigor.
Sem esquadro, sem nível, sem fio de prumo,
traçarás perspectivas, projetarás estruturas.
Número, ritmo, distância, dimensão.
Tens os teus olhos, o teu pulso, a tua memória.
Construirás os labirintos impermanentes
que sucessivamente habitarás.
Todos os dias estarás refazendo o teu desenho.
Não te fatigues logo. Tens trabalho para toda a vida.
E nem para o teu sepulcro terás a medida certa.
Somos sempre um pouco menos do que pensávamos.
Raramente, um pouco mais.
Apesar de tudo, o amor era menos simples do que ele julgava. Era mais forte do que o tempo. O amor, no fim das contas, era feito de inquietações, de renúncias, de pequenas tristezas que surgiam a todo instante.
A luz acha que viaja mais rápido que tudo, mas está errada. Não importa quão rápido a luz viaje, ela descobre que a escuridão sempre chega antes e está a sua espera.
A maior sabedoria é ter o presente como objeto maior da vida, pois ele é a única realidade, tudo o mais é imaginação. Mas poderíamos também considerar isso nosas maior maluquice, pois aquilo que existe só por um instante e some como sonho não merece um esforço sério.
Nem tudo o que é contado é importante; nem tudo o que é importante pode ser contado.
Às vezes tudo o que uma menina quer é sumir. Mas, na verdade, tudo o que ela precisa é de alguém que a entenda.
Se não formos capazes de viver inteiramente como pessoas, ao menos façamos tudo para não viver inteiramente como animais.
O indivíduo que concorda com tudo o que você diz ou é um imbecil ou está se preparando para te passar a perna.
O não sentido das coisas me faz ter um sorriso de complacência. De certo tudo deve estar sendo o que é.
Tudo bem... às vezes você dá trabalho. Às vezes você é um osso duro de roer! Mas como é bom ter você por perto. Você é a dor de cabeça que eu gosto de ter!
Só que dessa não se morre. Mas tudo, menos a angústia, não? Quando o mal vem, o peito se torna estreito, e aquele reconhecível cheiro de poeira molhada naquela coisa que antes se chamava alma e agora não é chamada nada. E a falta de esperança na esperança. E conformar-se sem se resignar. Não se confessar a si próprio porque nem se tem mais o quê. Ou se tem e não se pode porque as palavras não viriam. Não ser o que realmente se é, e não se sabe o que realmente se é, só se sabe que não se está sendo. E então vem o desamparo de se estar vivo. Estou falando da angústia mesmo, do mal. Porque alguma angústia faz parte: o que é vivo, por ser vivo, se contrai.