Eu sou o q sou Mesmo Caindo me Levanto Sempre
Demétrio Sena, Magé - RJ.
Há sempre uma desculpa indesculpável pré-fabricada na língua de quem devasta. Mas os benefícios de poupar a natureza são sempre muito maiores do que os incômodos relatados por quem corta uma árvore; assoreia um rio; polui o mar; comete caça ou pesca predatória; mata uma coruja que adentrou a casa ou a cobra que simplesmente atravessava uma rua.
"As pessoas mais ocupadas que conheço também são as mais interessantes, e acredite, sempre têm tempo para algo mais. As pessoas mais desocupadas e de mente vazia têm todo o tempo do mundo, mas estão sempre ocupadas no vazio de ser "nada".
REABRINDO AS ASAS
Demétrio Sena, Magé - RJ.
Neste momento, lanço mão de um direito que sempre foi sagrado para mim: permaneço quem sou e mantenho meus sins, meus nãos, quando quero. Devolvo-me a prerrogativa de manter ou pôr minha mão somente ao alcance do meu sonho. Da minha chance com fundo, equilíbrio, coerência e sentido.
Ao mesmo tempo, abro mão de abrir mão do meu canto sagrado; de seguir as razões e os instintos mais meus... ter sempre arbítrio guardado para quando quiser ser meu próprio deus, meu demônio, minha perdição e resgate. Abro mão de abrir mão dos meus poemas de amor sem endereço, das minhas manifestações livres e desimpedidas... bem a salvo dos guardiões ocasionais ou de sempre.
Manterei a rotina das verdades indeléveis, do silêncio e do grito que o meu coração julgar sensato e oportuno. Da clausura e dos jatos repentinos de minhas vontades equilibradas ou loucas... meus anseios de me livrar dos domínios da casca.
Lanço mão de manter para todo o sempre, ou pelo menos na finitude possível deste sempre, as amizades raras, fiéis e sinceras que me cercam. Para tanto, abro mão dos romances daninhos... das paixões e os enlaces com feras atentas ao que tenho nos olhos... nas ventas... nos passos... na vida pessoal... que manterei pessoal.
MULHERES DE APENAS
Demétrio Sena, Magé - RJ.
As amélias querem sempre ser lindas para seus homens medonhos. E são, de fato, lindas heroínas para seus heróis de araque. Só elas sabem como cuidar dos descuidos, desleixos e ócios desses machos perdidos em sua macheza.
Elas creem nos deuses que pensam mesmo que têm. Elas querem ser magras, não ter barriga, para impressionar seus bofes obesos ou de estômagos dilatados pelas rodadas de cerveja e petiscos. Elas têm o poder, eles têm a força bruta, e de brutos que são, roubam todo o poder que não lhes pertence.
Fazem tudo por eles; elas são assim mesmo. Dizem sim aos seus sins impostos às não propostas, como também o dizem aos seus nãos, quando são elas que propõem. Na verdade, as amélias não apenas dizem sim... são simplesmente a morada eterna e passiva da profusão de sins incondicionais.
Elas querem seus homens, ainda que não seus, por completo. E os querem presentes, doentes ou sãos, potentes ou não. Elas amam seus príncipes, reis, monstros, duendes ou sapos, como se fossem sempre reis... elas, as súditas... princesas súditas... as amélias.
DA PALAVRA
Demétrio Sena, Magé - RJ.
Sempre fiz da palavra o meu porto seguro,
minha arca, meus bichos, terra prometida,
no dilúvio das mágoas, paixões e saudades;
minha dor preferida; tristeza feliz...
Navegar nas palavras me aporta no sonho,
me distrai de morrer, me prolonga e põe asas,
faz do mundo este aquário dos olhos de crer
nas pessoas; no tempo; no dom de seguir...
Ser o deus da palavra do céu que desenho,
ter amor ao que tenho e poder decantar,
possuir as não posses da vida comum...
E poder reciclar esse nada em meu ser,
é meu show pra mim mesmo nesta solidão;
a palavra me salva de não ser quem sou...
VIRADA SOCIAL
Demétrio Sena, Magé - RJ.
Não se há de negar que o mundo sempre foi bom pra uns... isso é mau. Considerando-se que não há justiça plena, bom seria que o mundo, ao invés de bom, fosse mau pra uns.
TIRE A ROUPA
Demétrio Sena, Magé - RJ.
Sempre que tiver chance, fique nu. Não por libido, exibicionismo nem assédio. Qualquer momento de alguém com mais ninguém é uma chance de se livrar dos panos como quem se livra de algemas, aguilhões e rédeas, para circular pela casa, e se possível, pelo quintal. Faça isso feito aquele corcel sem dono que percorre planícies, riachos e descampados, como se o mundo fosse todo seu e se resumisse ao alcance de seus olhos e sua marcha.
Mostre para si mesmo, sua nudez. Tire a roupa com silêncio de prece; contrição de culto, e renda um louvor ao vento; à boa solidão de quem não quer companhia. Faça da liberdade ou do ato simples de ser quem é, sua grei momentânea; sua fé; seu credo. Saiba que a nudez autentica o ser humano, certifica sua essência e garante a honestidade plena do invólucro. Corpo nu é transparência; vitrine d´alma; expositor de quem veste a pele, tão só a pele, para se harmonizar com a eternidade breve do ambiente propício.
Fique nu pra se ver. Pra se ter. Pra se ler entre as linhas da perfeição de não ser perfeito. De ser perfeito não ser. Sinta o corpo abstrato, apesar de corpo, e su´alma carnal, mesmo que alma. Sinta-se até um pouco Deus, pois se Deus existe, certamente caminha, voa ou paira completamente nu sobre as planícies, os riachos e descampados do suposto paraíso.
UM OLHAR
Demétrio Sena, Magé - RJ.
Sempre olhei ao redor e vi um campo
que supera os seus frutos negativos;
chão de vivos; de gente que reluz;
toca fundo e seduz os pés e as asas...
Meu olhar se derrama sobre a vida,
sem o medo que o tempo instituiu;
com a vasta esperança que se tem
no caminho; no bem; no ser humano...
Nunca vi esse velho fim dos tempos
que ressoa nos templos desde sempre;
vejo, sim, recomeços; renascenças...
Gente má não supera o dom do amor;
a garoa fecunda; não a enchente;
minha mente plantou que o mundo é bom...
PARA SEMPRE ALÉM
Demétrio Sena, Magé - RJ.
Com o tempo aprendi que meu saber é vago,
ele tem o sabor do que não trago em mim,
ou a força da farsa de qualquer vontade
que ficou na vontade; no querer profundo...
Só existe a certeza de que nada é certo,
ninguém fez o desenho do que tem que ser;
viverei de viver, pois nada mais importa;
nem a porta que oculta os segredos da vida...
A partir do presente o passado é raiz,
o que tenho guardado é pra manter quem sou,
ser feliz é caminho que requer seguir...
Aprendi a fazer esta prece ao meu tempo;
a dizer este amém que não dispensa o pé
nem as asas que chamam para sempre além...
CÓDIGO SEM BARRA
Demétrio Sena, Magé - RJ.
Ela sempre me apronta
uma triste surpresa,
e não fujo; sou presa;
dou espaço; dou asa...
Coração nem aponta
para quanto mereço;
meu amor é sem preço;
é por conta da casa.
SINCERAMENTE ADEUS
Demétrio Sena, Magé - RJ.
Sempre fui um perito em saltar das relações que apresentem o mais leve declínio. Se tem que haver o infarto, que seja fulminante. Morrer a prazo está fora de cogitação para os meus afetos... os meus.
Toda conquista é gradativa, e vale a pena subir degrau por degrau, porque o prazer é assim. É como beber socialmente; gole a gole. Fazer a língua estalar com sutileza no céu da boca, e sentir bem mais do que o sabor... a essência do que se bebe.
Desconquista, não. Ela não pode ser gradativa, porque neste caso, é agonizar. Se há de reduzir a cumplicidade, frear a entrega ou estabelecer parâmetros, é o começo do fim. Contagem regressiva. Quando percebo essa contagem, prefiro ignorar os degraus e ir direto ao fim, pois é melhor me quebrar do que me consumir.
Não quero mais sua tática de me fazer notar que os tempos mudaram. Que já não somos os mesmos daqueles anos. Rejeito a contabilidade ou administração fria de uma nova forma de afeto, por ser uma novidade somente sua.
No que tange a nossa relação, ainda sou aquele menino e os tempos não mudaram. Não me tornei prudente ou probo. Meu afeto não despertou para os novos rumos da realidade que nos rodeia. Posso dizer que não cresci.
Por esse olhar adverso, essa contramão de conceitos que divergem na forma de revivermos nossa história, resolvi dar adeus. As adaptações racionais, as aparas e a contemporização criam sucos gástricos que me consomem nas entranhas do sentimento.
Pulo da escada que você sugere. Vou direto ao chão, para não chegar lentamente à mornura de uma relação básica. Uma espécie de limbo afetivo que não combina com o que já fomos... ou fui por nós.
VETADO
Demétrio Sena, Magé - RJ.
Desde sempre me guardo e preciso lhe dar
meus acúmulos, fardos, verdades contidas,
minhas vidas atadas num feixe de sonhos
costurados na sombra do afeto escondido...
Nunca pude acender uma luz ostensiva
que revele os sentidos, lance os sentimentos,
tome os ventos pro nada e não possa voltar
da corrida sem freio e da queda provável...
Guardo gestos, palavras, olhares e graus
deste fogo abafado em esperanças gastas
entre pastas de arquivos que temem morrer...
Não me tenho pra mim, jamais fui do meu eu,
porque sempre fui seu, mas me calo tão fundo
que meu mundo me veta para o seu olhar...
FRANCO ATIRADOR
Demétrio Sena, Magé -RJ.
Renato é louco por negras.
Maurício sempre quis ruivas.
Ao mesmo tempo João
bate o pé, não abre mão
daquelas moças bem brancas...
Marcelo sempre foi fã
das nordestinas porretas.
Antonio adora morenas;
Armando é mais radical,
prefere pretas bem pretas...
Enquanto isto se sabe
que a preferência de Rafa
não é morena nem ruiva;
não é chinesa nem índia...
é só jogar a tarrafa.
PRA VIVER
Demétrio Sena, Magé - RJ.
Sempre tente outra vez.
Mantenha o sonho em ação.
Não vale a pena viver
quando se perde o poder
da tentação.
PARA SEMPRE EX
Demétrio Sena, Magé - RJ.
Qualquer ex que não se conforme com essa condição, vive à caça de artifícios para reviver o passado. Não quer assumir a realidade ou deixar, como se diz comumente, cair a ficha. Visando garantir esse videotape constante, aproveita qualquer ensejo para discutir uma relação inexistente, quase sempre com pretextos briguentos. Briguentos, mas que pelo menos garantem a manutenção da intimidade que não pode mais se manifestar por meio de afagos.
Antigos pares ou cônjuges, essas eternas criaturas apaixonadas se mantêm atuais, ainda que feito pedras nos caminhos de seus alvos. Problematizam, para sempre, antigas questões que deixaram de ser questões reais, e por isso perderam contexto. Tais ex que não se aceitam ex, inventam motivos; disfarçam gestos e vozes; inventam trejeitos... mas não conseguem mascarar os semblantes de seus corações feridos.
HUMILDEMENTE
Demétrio Sena, Magé - RJ.
Procure sempre saber se deve pedir desculpa ou perdão, porque a desculpa é pra culpa; o perdão é pro dolo.
CORAÇÃO
Demétrio Sena, Magé – RJ.
Quando falo que te amo,
sempre é de coração...
nunca foi decoração.
CORAÇÃO DE MÃE
Demétrio Sena, Magé – RJ.
Não confie na mãe prática;
burocrática;
sempre justa, nunca intensa...
Nessas mães indiferentes,
que amenizam com presentes
a não presença...
Nem confie na mãe próloga,
psicóloga,
segura e cheia de teses...
Nessas mães que dão seus filhos
aos cuidados do talvez
ou dos reveses...
Mas confie na mãe cética;
epiléptica
de perdida e preocupada...
Nessas mães que não têm rumo,
pois dos rumos de quem amam
nem sobra estrada...
E confie na mãe rústica,
sem acústica
pros requintes da razão...
toda mãe de alma e alma,
cujo corpo se perdeu
no coração...
DESCARINHO
Demétrio Sena, Magé - RJ.
Ia sempre sondar se estavas bem,
como foram as horas dos teus dias,
se ninguém te feriu nem com palavras
ou descuidos de alguma natureza...
Era bom esquiar no teu semblante,
passear na ilusão de que me vias,
ler na folha do instante o meu poema;
meu diário das gotas do teu ser...
Pouco a pouco senti a solidão
do carinho, dos olhos, das palavras,
do meu chão e dos passos de costume...
Recolhi estes pés que me levavam
ao encontro contínuo do deserto;
cada dia mais perto da distância...
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