Eu sou assim Completamente Indefinida

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O importante, o irreversível, o definitivo, o claro nessa história toda é que eu gosto muito de ti.

Ambiciono que o idioma em que eu te falo
Possam todas as línguas decliná-lo
Possam todos os homens compreendê-lo.

E eu não aguento a resignação. Ah, como devoro com fome e prazer a revolta.

Clarice Lispector
A descoberta do mundo. Rio de Janeiro: Rocco, 1999.

Nota: Trecho da crônica As crianças chatas.

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Se eu faço uma coisa errada e ninguém vê, ela continua sendo errada?

Hoje sinceramente eu acordei disposta a mudar tudo aquilo que não me faz bem... E se por acaso você não tiver mais notícias minhas, acredite... você faz parte da mudança!

Conte me algo e eu esquecerei. Mostre-me algo e talvez eu lembre. Envolva-me e eu entenderei.

Desconhecido

Nota: Versão do pensamento do filósofo Xun Zi, discípulo de Confúcio.

Se eu soubesse que ia durar tanto tempo, tinha tido mais cuidado comigo.

Pegação

Eu vou pegar uma caneta e já anoto seu número.
Eu vou pegar o próximo ônibus.
Eu vou pegar um copo d´água pra você.
Eu, bro? Vou pegar uma mulher!!! Duas, se bobearem...

Ah, língua portuguesa, que flexibilidade. O tempo passa e o nosso vocabulário muda, se expande, se transforma, ganha novos e riquíssimos significados, como este agora: pegar mulher. Aliás, pega-se homem, também.

É natural que garotos e garotas saiam pra noite querendo se dar bem, conhecer pessoas, ter uma história, um romance, uma ficada, duas ficadas, três ficadas, quatro ficadas... esquece, a partir daí já não acho natural coisa nenhuma. Acho um desperdício de energia. Pegar quatro caras. Pegar cinco minas. A gente está falando de quê, de catadores de lixo?

Parece.

Não se trata de caretice, mas de adequação. Pegar, pega-se coisas. Não gente. Coisas. Bonecos infláveis, que podemos segurar, tocar, lamber e descartar 10 minutos depois. Coisas. Produção industrial, sentimento nenhum, envolvimento zero. Coisas. Objetos inanimados. Sem voz, sem idéias, sem vida. Coisas. Pegue-e-leve, pegue-e-largue, pegue-e-use, pegue-e-chute, pegue-e-conte-para-os-amigos-depois. Pegar, cá pra nós, é um verbo muito cafajeste.

Tudo bem experimentar sensações diversas, conhecer de tudo, exercitar a sexualidade, mas em vez de "pegar", poderíamos empregar algum outro verbo menos frio e automático. Porque, quando duas bocas se tocam, nada é assim tão frio e automático, na maioria das vezes a naturalidade é forçada, é a turma que dita as regras e exige que todos se comportem igual, então vão todos para a balada fingindo que deixaram o coração em casa, mas deixaram nada. Deixaram a personalidade em casa, isso sim.

Mas o que uma tia como eu pode fazer contra o avanço (avanço??) dos costumes e a vulgarização do vocabulário? Sou do tempo em que pegava-se uma carona, um avião, uma gripe. Quando o assunto era relação, por mais frágil e rápida que fosse, ninguém estava pegando ninguém. Ao contrário, estava todo mundo se soltando.

Sim, eu tenho milhares de defeitos, alguns medos, vários problemas. Mas e daí?

Já bem perto do ocaso, eu te bendigo, ó Vida,
Porque nunca me deste esperança mentida,
Nem trabalhos injustos, nem pena imerecida.
Porque vejo, ao final de tão rude jornada,
Que a minha sorte foi por mim mesmo traçada;
Que, se extraí os doces méis ou o fel das cousas,
Foi porque as adocei ou as fiz amargosas;
Quando eu plantei roseiras, eu colhi sempre rosas.

Decerto, aos meus ardores, vai suceder o inverno:
Mas tu não me disseste que maio fosse eterno!

Longas achei, confesso, minhas noites de penas;
Mas não me prometeste noites boas, apenas
E em troca tive algumas santamente serenas…

Fui amado, afagou-me o Sol. Para que mais?
Vida, nada me deves. Vida, estamos em paz!

A língua é minha pátria
E eu não tenho pátria, tenho mátria
E quero frátria

Os outros nunca sentem.
Quem sente somos nós,
Sim, todos nós,
Até eu, que neste momento já não estou sentindo nada.

Nada? Não sei...
Um nada que dói...

Fernando Pessoa
Poesias de Álvaro de Campos. Lisboa: Ática, 1944.

Não nego nada do que eu fiz, também não tenho arrependimentos ou mágoas: eu não poderia ter agido de outra maneira - mesmo em relação a você - levando em conta o quanto eu estava confuso naquela época.

Passo cada segundo do meu dia me jurando ser indiferente com você. Você fala comigo, eu cumpro a promessa. Você não entende, pergunta se eu tô chateada e o que aconteceu. Não foi nada. Só tô cansada de você, de nós, de tudo isso. Tô de partida, malas feitas, mesmo você não acreditando. Pra não me cansar mais ainda, paro no ‘Não foi nada’. E você sai, irritado e com um “tchau” que eu odeio mais que tudo. Mas já não importa, tchau pra você também. Afinal, nada pode ser mais difícil do que ficar na situação que eu tô a tanto tempo. Ser indiferente vai ser fácil. Dor é normal, se não for forte, eu já nem sinto mais. Sempre te tratei melhor que todos os outros, e o que você faz que te torna melhor que eles? Seguindo essa lógica, teria o direito de te tratar até mal. Mas não sou assim, uma pena. Acontece que agora eu não dou mais o meu melhor pra quem me dá pouco. Não corro atrás de quem não dá um passo por mim. Não faço festa quando alguém que sabe que eu tô louca de saudades e não move um dedo pra me ver, vem numa droga de chat e fala “E aí”. Te acostumei muito mal, mas agora vou desacostumar. Porque meu medo de ter perder, virou meu objetivo, então nada me prende. E se ir te matando aos poucos levar um pedaço de mim, que leve. Porque a dor de você na minha vida me afeta inteira e eu não aguento mais.

Sempre só. Eu vivo procurando alguém que sofra como eu também, mas não consigo achar ninguém.

Eu não espero pelo dia em que todos os homens concordem
Apenas sei de diversas harmonias bonitas possíveis sem juízo final.

Se eu não me importo, eu simplesmente te ignoro. Mas se eu me importo, eu faço de tudo pra você achar que eu não me importo

E eu olho pra você enquanto você dorme e mexo no seu cabelo bem de levinho pra não te acordar e chego mais pra perto de você e te abraço e você acorda e sorri e me abraça e me envolve com seus braços e eu sorrio e suspiro e finalmente durmo e sonho com uma vida que já existe e é bem viva.

Não, eu não me esqueci dos meus planos. E não, também não desisti dos meus sonhos. Só desentortei o caminho. Percebi que para chegar onde quer que fosse teria que tirar definitivamente dele tudo o que não me valeu.

Herança

Eu vim de infinitos caminhos,
e os meus sonhos choveram lúcido pranto
pelo chão.

Quando é que frutifica, nos caminhos infinitos,
essa vida, que era tão viva, tão fecunda,
porque vinha de um coração?

E os que vierem depois, pelos caminhos infinitos,
do pranto que caiu dos meus olhos passados,
que experiência, ou consolo, ou prêmio alcançarão?