Eu sei Dividir os Dons que Deus me Deu

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NÃOS OCULTOS

Demétrio Sena, Magé - RJ.

Sei do não que se oculta num sim de soslaio,
num balaio de olhares; meneios; trejeitos;
ouço cada palavra do discurso mudo
cujo nada diz tudo e não discuto além...
Quero sempre o querer de quem ouve a proposta,
quem aposta em meus olhos e ganha comigo,
nunca o jogo de falas de quem não declara,
mas me cerca; me apara; me faz retornar...
Não aceito que aceitem por temor velado,
meu projeto, meu sonho, meu dado na mesa;
neste caso prefiro a leitura das costas...
Tenho apego à palavra que soa incisva,
nasce viva; desnuda; legível; direta;
linha reta pros olhos, ouvidos e mente...

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DOCUMENTO

Demétrio Sena, Magé - RJ.

Até hoje não vi
seu documento.
Não sei se prefere
a noite, o dia
ou o momento.
Nem sei se converso,
se me calo,
pois não sei se você
gosta mais da fala
ou do...
Saberei aceitá-lo,
dar a minha amizade
mais profunda.
Mas irrompa essa porta;
mostre sua verdade...
sua cara...
ou sua...

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HIERARQUIA

Demétrio Sena, Magé - RJ.

Reconheço e sou grato
por quanto nem sei,
sendo mesmo incontável,
se avalias teu muito
pelo nada que dei...
Mas o meu coração,
feito águia ou harpia,
nunca vai se adequar
a pautar este amor
pela hierarquia.

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PRETO NO BRANCO

Demétrio Sena, Magé - RJ.

Sei ouvir o silêncio de quem faz que diz,
mas entoa palavras de puro festim,
cria imagens, decora, dá brilho e verniz
ou enrola discursos no melhor cetim...

Também ouço quem cala feito flor-de-lis
que se planta num vaso, longe do jardim;
meu olhar investiga, vai lá na raiz
e desnuda o mistério do começo ao fim...

Sendo assim nem se anime a me julgar um tolo;
já conheço essa massa, não como seu bolo,
minha fome de amor sabe o rumo do gueto...

Faça menos rodeios; não seja sutil;
anasale seu não, seja clara no til,
se meu branco está pronto a receber seu preto...

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MINHA LEI

Demétrio Sena, Magé - RJ.

Sei sonhar e saber que só é sonho,
mesmo assim acredito e me dou corda;
quem acorda e não sabe mais voltar
perde a vida por força de viver...
Reconheço a quimera, sempre a tive
como a grande verdade que me segue,
que me vive no espaço do meu tempo
e sustenta o desejo de seguir...
Minha lei é deixar que a vida flua,
ir pra lua, mentir pra ser verdade,
não ter lei, manual de como ser...
Também sei que uma sombra me rodeia,
faz a cama e seu sonho é me acordar
entre os choques reais de sua trama...

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NADA

Demétrio Sena, Magé - RJ.

Sei que vives, pois te vejo
nos desvãos do vai e vem...
vida normal.
Sem repulsa nem desejo,
hoje não te quero bem...
nem quero mal.
Tudo em ti é tanto faz;
não me desagrada em cheio...
nem agrada.
Não há conflito nem paz,
não te amo nem te odeio...
eu te nada.

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NÃO AMEI

Demétrio Sena, Magé - RJ.

Sei que ainda circulas entre os vivos,
pois te vejo e não sou de assombrações,
mas as minhas versões de quem é quem
te atravessam nos muros das lembranças...
Não estás no meu sótão de saudades,
nos momentos de minhas nostalgias,
longos dias de vastos pensamentos
ou aquelas quimeras que me aprazem...
na verdade me assusta essa lacuna;
ver que nunca te amei nem foi paixão;
foste chão provisório em meu naufrágio...
Fui capaz de querer sem sentimento,
meu amor se forjou pra ter contexto
em um texto que o tempo rabiscou..

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NÓS, LAÇOS E NÓS

Demétrio Sena, Magé - RJ.

Bem sei que tenho minhas variações de humor. No entanto, são variações de pessoa para pessoa, porque lido com diferentes personalidades ou naturezas humanas. Se gosto muito de algumas e de outras nem tanto, ou se detesto aquelas e sou indiferente a estas, é natural que revele, a depender da pessoa, um indivíduo diferente. Que outra pessoa desconhece.
Se neste contexto sou assim, minha natureza muda, individualmente. Para o mesmo indivíduo, tenho sempre a mesma temperatura; o mesmo grau de humor. Sorriso ou cara feia; empatia ou apatia; proximidade ou distanciamento; limite ou intimidade. Sou previsível para quem me conhece. Alegre ou triste, assoberbado ou vago, preocupado ou não, manterei cumplicidade ou sigilo; serei formal ou desinibido, avexado ou sem pudor como fui ontem, hoje ou no ano retrasado, conforme a relação interpessoal.
De vez em quando me distancio de alguém bem próximo, depois de relutar muito, internamente. Sei que deixo interrogação, mas isso ocorre quando me sinto na iminência de mudar a natureza da relação: estabelecer novos critérios, diminuir a cumplicidade ou burocratizar os laços. Transformar quem ponho acima de qualquer cuidado, cerimônia, suspeita ou intenção, numa pessoa impessoal, por suas variações de humor que me deixam inseguro e apreensivo sobre como deverei me comportar no dia seguinte. Muitas vezes, até na hora seguinte.
A desbotar os laços mais estreitos, os afetos mais íntimos e pessoais, prefiro apagá-los totalmente. Não tenho nenhuma disposição para tanto, nem é de minha natureza operar um processo de abatimento nos valores afetivos, até que sejam negociáveis conforme a conveniência de quem já não pode acompanhar o meu jeito fixo, definido e previsível de ser.

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SONHO GUARDADO

Demétrio Sena, Magé – RJ.

Há um mundo melhor, que não sei onde fica;
Pode ser aqui dentro, pode ser lá fora,
Numa hora escondida no tempo e no espaço,
Na magia dos olhos que desejam vê-lo...
Meu olhar pede as asas que um perdeu
Porque vi tanta coisa e por isso cresci;
Conheci tantos becos e túneis sombrios,
Que deixei minha vida se desencantar...
Mas o mundo melhor sempre deu seus sinais;
Tem um cais escondido em qualquer dimensão
Entre minha emoção e o espaço em redor...
Sou a única nave que pode alcançar
Esse ponto no ar, talvez fundo em meu breu,
Pois o sonho é só meu; ninguém sonha por mim...

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MAGIA DE VIVER

Demétrio Sena, Magé – RJ.

Sei que nunca fui sábio; só sabão;
minha carta não soube ser cartão
quando mais precisei me apresentar...
Mas cansei; ao cansar virei canção,
virei ave, cresci, sou avião,
alcancei meu espaço pelo ar...
Meu caminho cresceu, é caminhão,
fiz da poça caldeira de poção
ao notar como é mágico viver...
Eu saí do comum pra comunhão,
nunca mais me fizeram de pagão;
desde quando acordei, pago pra ver...
Vou sem lente, não quero lentidão,
faço coro ao que vem do coração,
sem perder o teor de minha mente...
Forjei aço com sonhos em ação,
tive raça e da raça fiz ração
pra ter forças e sempre andar pra frente...
Terminei o plantão; a planta enfim,
dá seus frutos; a vida ri pra mim;
tive perdas, mas tenho meu perdão...
A tristeza não faz o velho efeito
e ser só foi pro sótão do meu peito;
já não solidifico a solidão...

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PAIXÃO EM GUERRA

Demétrio Sena, Magé - RJ.

Sei tão bem o que pensas, porque vivo aí;
moro em teus pensamentos; povoo saudades;
quando mentes verdades muito além das tuas,
vejo vãos reticentes; lacunas em branco...
Teu afeto negado é meu filme contínuo,
pois estou na plateia da tua emoção,
sou expectador que não sai da poltrona
desse teu coração que já faliu no meu...
Finges bem, mas nem tanto para quem já sabe
quem é quem desde o fundo à fina flor da tez;
fez um ninho durável nos teus devaneios...
Tenho todas as cotas das tuas ações,
emoções, fantasias, verdades ocultas
pela guerra forjada; raiva de festim...

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PERFEIÇÃO E CONVENIÊNCIA

Demétrio Sena, Magé - RJ.

Sei que ninguém é perfeito... mas também sei que ninguém precisa tirar vantagem disto.

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BICHO BELEZA

Demétrio Sena, Magé - RJ.

Sei que bichos mais livres estão por aí;
o calango, a serpente, o gavião e o lobo;
será bobo quem julgue ter mais céu ou chão
pra chegar e sair quantas vezes quiser...
Depois deles sou eu quem tem mais liberdade
de sonhar e querer, de sentir e pensar,
ter a própria verdade, criar sua lei,
ser caçado e caçar ao sabor dos instintos...
Não há bicho tão livre para ser quem é;
ser ateu e ter fé; cair fundo e voltar;
conquistar e perder, sem se perder de si...
Revirando meu lixo concluo e confesso;
muitos bichos mais soltos estão neste plano,
mas dos bichos humanos ninguém é mais bicho...

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REVIVÊNCIAS

Demétrio Sena, Magé - RJ.

Comecei outra vez quantas vezes nem sei,
minha lei sempre foi me replantar pro mundo,
foram muitas as mortes pra saber viver
como ainda pergunto se alcancei meu alvo...
Sou as peças montadas pelo meu caminho,
venho todo refeito, mas não sei pra quê,
cato espinhos cravados por todos os cantos
deste ser e não ser que me deixa sonhar...
Inventei muitas formas de lidar comigo,
quando eu e meu eu nos ferimos de nós
ou perdemos abrigo pra tanta incerteza...
Começar outra vez é a ordem do fim,
onde o nosso verdor apodrece no pé,
mas não é nossa hora de cair do galho...

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ASTROCIDADE

Demétrio Sena, Magé - RJ.

Sei de muitos talentos que a soberba mata
ou de muito sucesso que o trajeto azeda,
pois a lata se mostra com tanto aparato
que a ninguém interessa conhecer por dentro...
São aquelas essências que perdem vigor
quando nem alcançaram as vistas do mundo;
tanta cor, tantos traços e tantos ruídos
não permitem que o fundo se ponha pra fora...
Conheci mil tesouros jamais garimpados,
porque nunca buscaram além de seus preços
apressados, briosos, impostos ao ego...
Vejo tantas grandezas externas e rasas,
tantas casas vistosas alheias ao dom
de ser bom em ser gente; não apenas astro...

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CARAPUÇA UNIVERSAL

Demétrio Sena, Magé - RJ.

Faço versos pra muitos que não sei quem são
ou que vi dia destes, vejo todo dia,
porque faço poesia de vida e vivências
e de como absorvo as verdades do mundo...
Ser humano é meu tema; versejo pra mim,
quando o faço pra ti, em pessoa qualquer;
se decanto as belezas, deploro as mazelas,
tudo quer questionar o que somos no todo...
Sempre os fiz pra quem acha que achei sua chaga,
pra quem paga pra ver e se vê nos contextos
dos meus textos lavrados nas pautas do tempo...
Ao falar sobre os nós ou as nossas correntes,
faço versos pra nós, pouco importa quem somos,
porque falo de gentes; pessoas reais...

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ENGENHOS DE AMOR

Demétrio Sena, Magé - RJ.

Entendi que acabou, sei ouvir o silêncio,
auscultar a distância do teu coração,
dos teus olhos, teu corpo, desse nunca mais
e daquela emoção que forjavas tão bem...
Não entendo, entretanto, por que tudo aquilo,
por que tantas palavras, tantos desempenhos,
os engenhos de amor que jamais te obriguei
com chantagens, pedidos, truques afetivos...
Fui apenas quem sou e fingiste aceitar,
foram anos e anos de quem nunca foste,
mas querias provar a ti mesma que sim...
Mesmo assim tua faixa foi boa leitura
pros meus olhos, meu sonho, minha boa fé,
minha velha procura de alguém improvável...

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ROUPA NOVA PARA UMA ETERNA CANÇÃO

Demétrio Sena, Magé - RJ.

Não sei me comportar
diante do seu rosto
e o seu olhar,
bebendo o seu silêncio
e seu falar,
com toda minha alma,
sentido e coração...

E sinto a pulsação
parar;
não sei conter...
Nem sinto o chão e o ar;
suspendo a própria vida...

Não posso me calar,
ao menos em poesia
eu vou falar,
buscando a melodia
pra cantar
a funda sintonia
da minha vibração...

Eu sinto que viver
é ter um sentimento
pra trocar,
viver essa magia
de me dar
até sem receber!

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O SEGREDO

Demétrio Sena, Magé - RJ.

Sei fingir que não sei que fui posto no flanco;
que o que foi, até ontem, já deixou de ser,
porque ser ou não ser é questão que resolvo
no meu banco de sonhos e tempo que segue...
Já conheço pessoas; também sou pessoa;
quando sei que alguém pensa que me desmanchou,
sou bem mais o que sou, mas me deixo calar,
porque soa mais leve pro mundo fluir...
Acho mesmo que achei o segredo da vida;
é saber que não posso apostar nem em mim,
que meu sim é volúvel; meu não é tocaia...
Quanto ao mais é fingir que não sei do que sei,
pois ainda é melhor toda má companhia
do que a vida vazia, sem meu semelhante...

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FÉ NO MEDO

Demétrio Sena, Magé - RJ.

Sou estampa fiel de quem não sou,
onde sei que preciso ter escudo;
vejo tudo ruir ao meu redor
ou alguma tocaia ser erguida...
Sigo pé ante pé, com fé no medo,
pois o medo prudente me preserva,
faz abrir o segredo e ver por dentro
minha chance de achar um horizonte...
Faço cara de mau pro mal que faz
uma cara de bem que não convence,
porque sinto que algo não é bom...
É um dom de conter a dor futura;
quando ponho dureza no que sou,
sou apenas legítima defesa...

Inserida por demetriosena