Eu sei Dividir os Dons que Deus me Deu

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Esquenta-me com a tua adivinhação de mim, compreende-me porque eu não estou me compreendendo. Estou somente amando a barata. E é um amor infernal.

Clarice Lispector
A paixão segundo G. H. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

O VELHO TEMA DO EU E DO OUTRO

Veja se dá para entender: a gente, para a gente mesmo, é a gente. Raramente consegue ser o outro. A gente, para o outro, não é a gente, é o outro. Deve estar confuso. Tento de novo. Cada um de nós vive uma ambiguidade fundamental: ser a gente e ao mesmo tempo, ser o outro. Pra gente, a gente é a gente. Para o outro, a gente é o outro.

Temos, portanto, dois estados: ser o eu de cada um de nós e ser o outro. Na vida de relação, pois temos que saber ser o ‘eu individual’ e ao mesmo tempo, aceitar funcionar em estado de alteridade (outro vem de ‘alter’), ou seja, de ‘outro’.

O outro, raramente nos considera como a gente (como pessoa singular, peculiar, própria, única, desigual). Em geral, ele nos considera como o ‘outro’. Daí surgem os conflitos. Não apenas o outro em geral não nos considera como ‘a gente’. Também a gente não sabe aceitar, ou raramente aceita, ser tratado como ‘outro’. A gente quer ser tratado como a gente sabe que é, e não como o outro nos considera.

A gente sempre tem esperança que o outro descubra o que a gente é. Mas isso é muito difícil, porque o outro nos vê como ‘outro’ ou como qualquer projeção dele, jamais nos vê como a gente se vê ou quer ser visto ou gostaria de ser visto.

Uma relação de duas pessoas dá-se portanto, em quatro etapas: i) para Joaquim, Maria é o outro; ii) para Joaquim, Joaquim é Joaquim; iii) para Maria, Joaquim é o outro; iv) para Maria, Maria é Maria.

Mas Maria quer que Joaquim não a veja como ‘o outro’ e sim como Maria. E Joaquim não quer ser visto como ‘o outro’, ele quer ser visto como Joaquim. Mas nem Maria o vê como Joaquim (e sim como ‘o outro’), nem Joaquim a vê como Maria (e sim como ‘o outro’ na pessoa dela).

É essa a vontade de que nos vejam como individualidade que somos, o que nos leva a exigir talvez demais daqueles que se relacionam conosco. Eles talvez não estejam preparados (raramente estão) para nos ver como ‘eus’, como unidades próprias, como somos ou como queremos ser.

Exigir dos demais que nos vejam em nossa individualidade é um fato de pouca sabedoria. Raramente eles o conseguem, porque se somos ‘eu’ para nós mesmos, somos outro para eles. Em estado de ‘eudade’ (de eu), somos uma pessoa. Em estado de alteridade, somos outra pessoa.

Conseguir, sem exigir ou cobrar, porém, que o outro não nos veja como ‘o outro’ que somos para ele, mas como o ‘eu’ que somos para a gente, é ato de sabedoria. Significa saber ser nítido, saber colocar-se como pessoa e como individualidade, saber ocupar o próprio espaço sem qualquer invasão do espaço dos demais ou sem qualquer limitação do que eles são e nos agregamos, por inveja ou por admiração (coisas muito parecidas).

Para tal, é mister que saibamos ver o outro não apenas como o ‘outro’, mas como o ‘eu dele’ para ele. Mais claro: significa ver o outro como ele é, na condição de ‘eu’ ou seja, de indivíduo próprio, peculiar, semelhante sim, mas desigual e não na condição de ‘outro’, que é como ele chega até nós.

É no centro dessa relação que está a essência do problema da comunicação e da comunhão (que vem a ser a mesma coisa).

Eu devo ser ‘eu’ para mim e para o outro. O outro deve ser o ‘eu-dele’ para mim. Eu devo aceitar ser ‘o outro’ para o outro. Mas devo desejar e conseguir ser ‘eu’ para ele. Eu, em estado de ‘eu’, devo aceitá-lo como outro. Eu, em estado de ‘outro’, devo aceitá-lo como o eu dele. Eu e ele somos ao mesmo tempo ‘eu’. Eu e ele somos ao mesmo tempo ‘ele’. Ele é ‘eu’ mas também é ele. Por isso somos, ao mesmo tempo, semelhantes e diferentes. Por isso somos irmãos. Por isso a humanidade é uma só. Por isso a igualdade humana é uma verdade, na diferença individual.

E, para terminar, um outro alcance, paralelo ao principal, mas verdadeiro nas relações humanas: o outro nunca sabe direito o que ele é e representa para a gente. E a vida nos vai ensinando a ser cada vez mais sozinhos, pelo acúmulo de não correspondência daqueles que sempre nos significam algo, mas nunca o souberam ou perceberam na exata medida. Ou então, preocupados em excesso com os próprios problemas nunca atenderam ao potencial de afeto que por eles ou para eles havia em nós e foi desgastando em uso ou dispersão, já que não o souberam receber.

Às vezes esse ‘outro’ é mesmo o outro. Aí é a gente que fica com o próprio gesto de amor solto no ar à espera de aceitação, entendimento e correspondência. Em ambos os casos, dói. Mas isso já é outra crônica.

Eu que já andei pelos quatro cantos do mundo procurando, foi justamente num sonho que ele me falou...

Ah...
Hoje eu quebrei o meu despertador logo pela manhã
Tocou atrasado e eu quase perdi o horário da van
Agora você vê como são as coisas, Maria José
Se der

Se der
pra você me emprestar aquele seu vestido azul cor de mar
E se não servir vou tentar perder um quilo e meio até lá
Semana que vem é o tal casamento e eu não tenho o que usar
Se der

Ah...
E falando nisso homem bom hoje em dia tá ruim de arranjar
Aquele que eu tinha eu peguei com outra, mandei ele andar
Malandro e folgado comigo não dura mais nem um luar
Tá rindo, é?

Ah...
vamos dando risada que a vida nos chama não dá pra chorar
A minha oração é bem curta pro santo não entediar
E vamos que vamos... e vamos que vamos

Ah...
vamos dando risada que a vida nos chama não dá pra chorar
A minha oração é bem curta pra não entediar
E vamos que vamos... e vamos que vamos que dá

Ah...
Recebi um torpedo da telefonia no meu celular
prometendo desconto as três da manha se eu puder falar
Mas de madrugada quem vai me atender? Quem vai me ligar?
Eu hein?

Tchau!
Fique tranquila que o vestido eu cuido não deixo sujar
Quem sabe eu te ligue pra poder a tarifa a gente aproveitar
ou quem sabe eu arraje até alguém novo pra mim namorar
Ta rindo, é?

Ah...
vamos dando risada que a vida nos chama não dá pra chorar
A minha oração é bem curta pro santo não entediar
E vamos que vamos... e vamos que vamos

Ah...
vamos dando risada que a vida nos chama não dá pra chorar
A minha oração é bem curta pra não entediar
E vamos que vamos... e vamos que vamos que dá
E vamos que dá...
E vamos que dá...

O vento bate na janela. Eu busco asas pra voar, pra bem mais perto de você. Bem mais perto de você. Estamos livres mas sozinhos, abandonados. Por quem tinha que nos entender. Por quem tinha que nos defender. Hoje muitos choram mas não desistem de viver. Hoje muitos choram sorrindo... A vida passa como um rio e não é mais tudo tão lindo. Nos resta apenas confiar em Deus, nos resta apenas confiar.

Eu arriscaria por ele, eu tentaria por ele e faria qualquer coisa por ele. Mas ele não estava disposto a fazer o mesmo por mim.

Volto-me então para o meu rico nada interior. E grito: eu sinto, eu sofro, eu me alegro, eu me comovo. Só o meu enigma me interessa.

Clarice Lispector
Um sopro de vida. Rio de Janeiro: Rocco, 2015.

Quem sabe eu tive de algum modo pressa de viver logo tudo o que eu tivesse a viver para que me sobrasse tempo de... de viver sem fatos? de viver. Cumpri cedo os deveres de meus sentidos, tive cedo e rapidamente dores e alegrias – para ficar depressa livre do meu destino humano menor? e ficar livre para buscar a minha tragédia.

Clarice Lispector
A paixão segundo G. H. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

"Para os grandes, eu penso. E viro a cabeça pra pensar em outra coisa. É mais feliz gostar, amar é pra quem pode. Mas você ou a vida ou sei lá. Insiste. E então chega enorme. E só me resta rir que nem quando vejo um bebê muito pequeno e lindo. Você ri. Vai fazer o quê? É o milagre maravilhoso da vida e eu ficando brega e cheia de medo e cheia de vontade de te contar tantas coisas e nem sei se você gosta de ouvir meus atropelos. Muito amor. (...) Amar grande é gastar reservas e ainda assim ter coragem pra dar o que não se tem. Amar grande é ter vertigem no chão mas sentir um chamado pra voar. Amar grande é essa fome enjoada ou esse enjôo faminto. É o soco do bem na barriga. É mostrar os dentes pra se defender mas acaba em sorriso. É o sal que carrego no fundo falso da bolsa pra quando eu não aguentar a vida. É o açúcar que carrego junto. É tudo que pode sair do controle. É meu corpo caindo. É o desespero aconchegante.E as almofadas de várias cores pra me dizer que pode dar certo.

Lembro como se fosse ontem, mas aconteceu há exatos vinte anos. Eu estava sozinha - não havia um único rosto conhecido a menos de um oceano de distância - sentada na beira de um lago. Fiquei um tempão olhando pra água, num recanto especialmente bonito. Foi então que me bateu uma felicidade sem razão e sem tamanho. Deve ser o que chamam de plenitude. Não havia acontecido nada, eu apenas havia atingido uma conexão absoluta comigo mesma. Não há como contar isso sem ser piegas. Aliás, não há como contar, ponto. Não foi algo pensado, teorizado, arquitetado: foi apenas um sentimento, essa coisa tão rara.
De lá pra cá, nem hino nacional, nem gol, nem parabéns a você me tocam de fato. Isso são alegrias encomendadas e, mesmo quando bem-vindas, ainda assim são apenas alegrias, que é diferente de comoção. O que me cala profundamente é perceber uma verdade que escapou dos lábios de alguém, um gesto que era pra ser invisível mas eu vi, um olhar que disse tudo, uma demonstração sincera de amizade, um cenário esplendoroso, um silêncio que se basta. E também sensações íntimas e indivisíveis: você conquistou, você conseguiu, você superou. Quem, além de você, vai alcançar a dimensão das suas pequenas vitórias particulares?
Eu disse pequenas? Me corrijo. Contemplar um lago, rever um amigo, rezar para seu próprio deus, ver um filho crescer, perdoar, gostar de si mesmo: tudo isso é gigantesco pra quem ainda sabe sentir.

Martha Medeiros
MEDEIROS, M. Doidas e Santas. Porto Alegre: L&PM, 2008.

Nota: Trecho da crônica "Emoção X Adrenalina"

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Hoje eu pensei em você quase o dia inteiro, suas lembranças me tocavam, era como se eu sentisse sua presença, sabe? Meu pai sempre me diz que quando eu sinto isso é porque a outra pessoa tá pensando em mim, será? Talvez.

Eu não quero alguém para me fazer feliz,
eu quero alguém para construir a felicidade
junto comigo. :)

Cabaré que eu não mando
Eu fecho...
E mulher com frescura
Eu deixo...

Eu gosto de rotina.

Ele: Meu amor, se eu morrer, você vai ficar muito triste?
Ela: Claro, meu anjo! Nem penso nisso. Eu não conseguiria mais viver... Mas por que você perguntou isso?!
Ele: Por que se é assim, ainda que aconteça algo terrível, que eu entre até em coma profundo, eu te prometo que vou lutar com todas as forças para não morrer primeiro que você...

Eu quero depois, quando viver de novo, a ressurreição e a vida escamoteando o tempo dividido, eu quero o tempo inteiro.

Edward: Mas eu achei que essa era uma boa representação. É duro e frio. E faz arco-íris na luz do sol.
Bella: Você esqueceu da similaridade mais importante. É lindo.
Edward: O meu coração é igualmente silencioso. E ele também agora é seu.

Se não fosse Edward lá fora, se eu não soubesse com todas as células do meu corpo
que eu o amo – incondicionalmente e irrevogavelmente, e honestamente, irracionalmente – eu nunca seria capaz de levantar desse chão.

Bella: Algo de que eu tinha certeza [...] Era que o amor pode dar às pessoas o poder de despedaçar você.

Eu tinha horror deles, que achavam que sabiam tudo sobre mim.

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