Eu sei Dividir os Dons que Deus me Deu
Amadurecendo com cartas de amor
Eu costumo dizer que escrever carta de amor é mais fácil que achar música dos Beatles com nome de mulher. O tema é bacana, a inspiração vem fácil, enfim, é um dos temas mais prazerosos de se escrever sobre. Ainda mais pra quem vive – ou pelo menos tenta viver – da pena, como eu. Mas e quando você já escreveu mais cartas de amor do que consegue lembrar? E quando a sua namorada anda triste porque o namorado escritor dela não a escreve nada há meses? O que você faz? Vou te dizer o que você faz: uma carta de amor, como as outras, ridículas.
Depois de algumas namoradas e centenas de cartas, a principal característica que se nota é o amadurecimento. Se antes eu pensava em morar sozinho por causa da minha liberdade e em morar na cidade porque é perto de tudo, com a minha namorada hoje em dia eu penso em morar em uma casa, porque vai ser bom pros nossos filhos, e penso em morar não tão perto assim da cidade, porque ela é alérgica e um pouco de cheiro de mato vai fazer bem.
O salário que antes eu almejava para comprar um carro melhor ou um videogame novo, hoje não é suficiente, pois os planos mudaram e eu comecei a pensar em escolas pros nossos filhos em alguns anos e em proporcionar a ela no mínimo o padrão de vida que ela possui hoje. Na minha cabeça meu carro não é mais meu, meu dinheiro não é mais meu e, principalmente, meus planos não são mais meus. São nossos.
E quando eu me peguei pensando que vamos ter que ter um escritório em nossa casa, porque eu gosto de escrever de noite e se o computador ficar no quarto vai atrapalhar o sono dela, que dorme cedo? E quando eu começo a fazer anotações sobre livros que meus filhos vão ler, músicas que eles vão escutar e padrinhos pra eles? Isso tudo sem ainda sequer ter casado.
Depois de muitas namoradas e muitas cartas, tem-se a desvantagem da falta de assunto, claro. Mas se tem também a clara vantagem de se ver o que ontem era somente amor e paixão se transformar em vontade de construir uma vida junto com alguém. Não costumo escrever sobre assuntos panfletários, mas às vezes me parece que você, do alto da sua insegurança de mulher linda que tem medo de borboleta, acha pouco lhe falar somente ao ouvido que eu te amo e que quero me casar com você. Por isso eu estou te falando agora, pra todos lerem, comentarem e encherem meu saco depois: eu te amo.
Eu prometi não me apaixonar, mais quando você faz aquele amorzinho tão gostoso não tem como eu não me apaixonar, sei que nosso lance é coisa sem compromisso mais não tem com não resistir...
Enquanto eu estava sorrindo, eles estavam chorando, enquanto eu estava com medo de ter um pesadelo, eles estavam implorando para que tudo aquilo fosse um pesadelo, enquanto eu estava com preguiça de levantar, eles estavam com medo de cair e jamais acordar!!
Você me olha como se o que eu vivo é fora da realidade...
É, talvez para minha sobrevivência eu escolho ser diferente!
Eu não parei de escre(ver), não parei de escre(ver) pra você, pra mim. Das vezes que eu mais me findo ao chão, eu fico perdida lá em baixo daquela nuvem passageira medíocre, parada por uns tempos, recompondo-me até passar. Meus pulmões mal sabem ‘respirar’ sem que eu use a minha bombinha de bolso para o ar entrar, sair e o sangue fluir escrotamente...
E eu te amo, além das feridas que custam a cicatrizar, além de todos os dias que já passaram, além de todas as estações. E eu te amo, além de todas as vezes que eu quis te odiar, além de todas as brigas, além dos meses sem se falar. E eu te amo, além do vento, do medo, do sofrimento. Eu te amo além da ansiedade, do frio na barriga, do desespero. E eu te amo, além da saudade, do aperto, da confusão. Te amo além da decepção, e todas as lagrimas que já derramei, e ainda derramarei. Eu te amo, pois eu sou eu e você é você, e isso é simples e complexo quanto esse amor que nunca morre, como o sol que nasce e se põe todas os dias, e que a gente pode não vê-lo mas que sempre esta ali.
Talvez essa seja mais uma daquelas intermináveis cartas que eu sempre escrevo pra você. Talvez quando você abrir o envelope e olhar essa folha de papel meio amassada, imagine mais ou menos tudo o que eu escrevi aqui. Mas você está errado pensando assim. Pela primeira e única vez, acho, eu escrevo pra você sem medo de falar algo do que você não goste. Pela primeira vez não estou pensando em como seria bom ter você aqui do meu lado, e nem lembrando o quanto a saudade por ti dói.
Não sei direito o que aconteceu comigo. Acordei pra uma realidade muito diferente daquela que nós dois vivíamos. De sonhos intermináveis e fantasias perfeitas. Te chamei de amor da minha vida, e não me arrependo disso. Você foi sim, como foi também o meu príncipe mais perfeito. Não vou negar que sinto a sua falta, todos sabem disso...
Mas agora você se foi pra algum lugar onde não posso te trazer de volta. E pra falar a verdade, meu doce príncipe, acho que é melhor te deixar nesse lugar. Aí onde você está não tem tanta turbulência e nem perigo de alguém se machucar. Espero que tudo fique bem. Penso em você todos os dias sim, torço pra que tudo dê certo e pra que você seja muito feliz.
Sempre te disse que pra eu ser feliz, você teria que estar feliz também... lembra? É assim mesmo, como o ‘se você pular, eu pulo’. Nossas vidas continuam interligadas, querendo ou não. Você me fez feliz, você me fez sorrir e esteve sempre comigo (mesmo de longe). Você ainda continua por aqui, eu sei, eu sinto. Mas eu não consigo saber qual o lugar certo.
Se algum dia você encontrar algum caminho pra chegar até aqui, vêm. Vou te esperar na porta com um sorriso enorme no rosto, e com toda certeza, com os braços abertos pra te dar aquele nosso tão sonhado abraço. E dizer o quanto foi bom ter te conhecido um dia. Mas por enquanto faz só uma coisa pra mim: se cuida e não esquece que do outro lado do país tem alguém que nunca te esquecerá.
Eu tento ser forte. E, infelizmente, o tempo ta me ajudando com isso. Ele ta me fazendo querer me apaixonar de novo, e ser feliz. Ele também ta me fazendo entender que não deu certo mesmo o eu e você. Mas eu fico triste por entender isso. Fico triste por saber que todo mundo tava certo, e eu errada.
Eu não vou deixar isso crescer dentro de mim, essa dor e esse rancor por todos que já passei, por tudo que eu já fiz, e não fui feliz, por toda a arrogância da sociedade contra mim. Alias, pra que amar se não é amado, pra que dar carinho se nunca recebe, pra que lembrar de uma coisa que me feriu... E assim eu vivo com a minha memoria intoxicada por lembranças amaldiçoadas.
Quando eu falo que prefiro Toddy do que Nescau, só faltam me jogar na fogueira, imagine então dar opinião sobre algo mais sério.
Nenhuma sensação é mais maravilhosa do que ouvir um "eu te amo" de lábios que nem precisam abrir-se!
Poucas são as pessoas que me conhecem a fundo, nunca gostei de demonstrar tudo o que eu sou. Talvez isso seja apenas uma proteção que encontrei para não ser ferido por quem diz se ficar, e estar apenas de passagem.
Eu sou dessas, que relembram o passado, imaginam o presente, mas não se importa com ele. Sou daquelas que amam os amigos e estou lá independente das consequências, que nem sempre ligo, digo que amo ou me faço presente, nem sempre quero a companhia ou dizer o que fiz, mas se caso precisar de mim, estou bem aqui. Sou dessas que faz cara de marrenta, sou um pouco mimada e nem gosto de crianças, mas tenho cá minhas exceções, sou dessas que ao ver uma chorando, quero pegar no colo e explodir o mundo e tudo que a fez sofrer. Sou dessas que sinto saudades, que ama os inteiros e nunca as metades. Amizade é rever conceitos, aceitar defeitos e defender os erros (pros outros). Aprenda o que é amizade, que eu te ensino o que é respeito, mas não te poupo da saudade.
