Eu e Voce de Luiz Antonio Gasparetto

As pessoas são o que fazem quando sabem que ninguém está a olhar para elas.

Qualquer povo é educado pelos políticos que tem.

Aprendemos muito quando erramos, mas aprendemos ainda mais quando acertamos.

Deus serviu os homens e inventou a paz, os homens servem-se de Deus e inventam guerras.

Muitos seres humanos comportam-se como ateus, mas não se assumem como tal, por causa das festas, das cerimónias religiosas e dos feriados.

Quanto mais liberdade há mais as pessoas se imitam umas às outras.

Sobre teoria da nossa evolução: penso que somos uma mistura genética de Neandertal com Homo Sapiens. Um já cá estava, o outro chegou depois.

A verdade é uma senhora que não gosta de usar maquilhagem.

Onde não há justiça social Cristo ainda não chegou, ou os homens não querem que Ele chegue.

Onde há cuscuvilhice há inveja e onde há inveja não pode haver coisa boa.

Chegará o dia em que tudo o adiaste na vida te faz querer voltar atrás, mas será demasiado tarde. Não te digo eu, dir-te-á a vida!

É mais fácil as pessoas serem verdadeiras com os estranhos do que com os seus familiares e os seus amigos.

A liberdade - excepto a do pensamento - é um rio manipulado pelas margens que o apertam.

É um milagre haver bons frutos onde as raízes apodrecem.

A união só faz sentido onde os elos não apodrecem.

É triste passar a vida com as ideias postiças e a caveira maquilhada.

É mais do mesmo... As vazas combinadas nos triunfos, num jogo de três cartas e dez trunfos, e o ás que se não mostra para todos... É mais do mesmo... Os reis, as grandes senas, os infantes, as damas mais ariscas do que antes, os duques que se baldam com bons modos... É mais do mesmo... São ternos, fartas quadras, nobres quinas, manilhas à mercê das suas sinas, sujeitas às andanças de quem parte... É mais do mesmo... Baralha, parte à frente, bate ao escuro, um gesto sem passado, nem futuro, e a manga faz justiça à sua arte... É mais do mesmo... A sorte a submissão, o deus-dinheiro, um vício adulterado por inteiro, as manhas que se vendem a retalho... É mais do mesmo... Um jogo, a ilusão, cartas marcadas, com almas quase sempre depenadas, sempre que são excluídas do baralho.

Esta minha liberdade
que se entretém a escrever,
não representa metade
do que não posso dizer.

Por nada quererem fazer,
não mexem nem uma palha,
os que tudo querem saber
da vida de quem trabalha.

A censura moderna não nos prende nem nos manda calar. Atormenta-nos a vida e diz-nos que temos a boca bonita quando está fechada.