Eu Desculpo Voce
Como eu queria agora ir para a sua casa, deitar na sua cama, ouvir a sua voz, esquentar meu pé na sua batata da perna.
E eu continuava assistindo à erosão da minha vida, sem que pudesse fazer nada. Muitos menos compreender Isabel.
Até que um dia resolvi imitá-la.
Se eu morrer novo,
sem poder publicar livro nenhum
Sem ver a cara que têm os meus versos em letra impressa,
Peço que, se se quiserem ralar por minha causa,
Que não se ralem.
Se assim aconteceu, assim está certo.
Mesmo que os meus versos nunca sejam impressos,
Eles lá terão a sua beleza, se forem belos.
Mas eles não podem ser belos e ficar por imprimir,
Porque as raízes podem estar debaixo da terra
Mas as flores florescem ao ar livre e à vista.
Tem que ser assim por força. Nada o pode impedir.
Se eu morrer muito novo, oiçam isto:
Nunca fui senão uma criança que brincava.
Fui gentio como o sol e a água,
De uma religião universal que só os homens não têm.
Fui feliz porque não pedi cousa nenhuma,
Nem procurei achar nada,
Nem achei que houvesse mais explicação
Que a palavra explicação não ter sentido nenhum.
Não desejei senão estar ao sol ou à chuva -
Ao sol quando havia sol
E à chuva quando estava chovendo
(E nunca a outra cousa),
Sentir calor e frio e vento,
E não ir mais longe.
Uma vez amei, julguei que me amariam,
Mas não fui amado.
Não fui amado pela única grande razão -
Porque não tinha que ser.
Consolei-me voltando ao sol e a chuva,
E sentando-me outra vez a porta de casa.
Os campos, afinal, não são tão verdes para os que são amados
Como para os que o não são.
Sentir é estar distraído.
Eu tenho medo do ótimo e do superlativo. Quando começa a ficar muito bom eu ou desconfio ou dou um passo para trás.
A qualquer modo todo escuridão
Eu sou supremo. Sou o Cristo negro.
O que não crê, nem ama — o que só sabe
O mistério tornado carne.
Há um orgulho atro que me diz
Que Sou Deus inconscienciando-me
Para humano; sou mais real que o mundo,
Por isso odeio-lhe a existência enorme,
O seu amontoar de coisas vistas.
Como um santo devoto
Odeio o mundo, porque o que eu sou
E que não sei sentir que sou, conhece-o
Por não real e não ali.
Por isso odeio-o —
Seja eu o destruidor! Seja eu Deus ira!
Talvez eu esteja com receio de ter ido longe demais desta vez e esteja preparando a minha defesa, caso alguma coisa não saia como esperado. O que eu espero? Não espero nada, espero tudo, estou à deriva nessa aventura. Eu queria cristalizar esse momento da minha vida, mas estou em alta velocidade, e não sei se quero ir adiante, só que eu não tenho opção. Acho que é isso. Eu tinha opções, agora não tenho. Não consigo parar esse trem.
E "eu te amo" era uma farpa que não se podia tirar com uma pinça. Farpa incrustada na parte mais grossa da sola do pé.
Ah, e a falta de sede. Calor com sede seria suportável. Mas ah, a falta de sede.
Não havia senão faltas e ausências. E nem ao menos a vontade. Só farpas sem pontas salientes por onde serem pinçadas e extirpadas.
Dessa vez não vou evitar dizer o que está na minha cabeça só porque eu sei que minha mente geminiana vai negar no dia seguinte.
Eu conheci razoavelmente bem Clarice Lispector. Ela era infelicíssima, Zézim. A primeira vez que conversamos eu chorei depois a noite inteira, porque ela inteirinha me doía, porque parecia se doer também, de tanta compreensão sangrada de tudo. Te falo nela porque Clarice, pra mim, é o que mais conheço de GRANDIOSO, literariamente falando. E morreu sozinha, sacaneada, desamada, incompreendida, com fama de "meio doida”. Porque se entregou completamente ao seu trabalho de criar. Mergulhou na sua própria trip e foi inventando caminhos, na maior solidão.
Eu posso estar errada, mas eu sei que se eu fizer o que acho certo, vou estar de consciência limpa, e quem sabe até mais feliz do que já estou. Desculpa, mas não vou fazer nada para agradar ninguém, quero fazer do meu jeito, ou então, nada feito.
Porque é a voz dela que eu mais quero ouvir, é o sorriso dela que eu quero tirar e é com ela que eu quero ver meus desenhos e filmes. É com ela que quero passar as manhãs, tardes, noites e madrugadas cantando e sorrindo, é com ela, tudo com ela porque há muito tempo deixou de ser só eu, ou só ela, há muito tempo deixamos de ser metade, nós somos o inteiro, unidos pelo amor e por nossas brigas bobas.
Até com a minha carne eu construía um cavalo branco para aquele príncipe. Mas ele não queria, acho que ele não queria. Eu não tive tempo de dizer que quando a gente precisa que alguém fique a gente constrói qualquer coisa, até um castelo.
Ele me perguntou qual era a minha pedra preciosa favorita, e eu respondi que era o topázio sem pensar. Meu rosto ficou vermelho porque, até pouco tempo atrás, minha pedra preciosa favorita era o Ônix. Era impossível olhar pra os seus olhos da cor
do topázio, e não entender o motivo da troca. E, naturalmente, ele não ia descansar enquanto eu não admitisse porque estava envergonhada.
Edward: Me diga
Bella: É a cor dos seus olhos hoje.
"Eu não sou da sua rua, não sou o seu vizinho. Eu moro muito longe, sozinho. Estou aqui de passagem. Eu não sou da sua rua, eu não falo a sua língua, minha vida é diferente da sua. Estou aqui de passagem. Esse mundo não é meu, esse mundo não é seu."
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