Eu Deixo a Vida como Deixo o Tedio
Eu me apaixono mesmo, eu sou intensa mesmo, eu me ferro mesmo, às vezes eu ferro as pessoas mesmo. Tudo é bom, tudo é vazio, tudo é bom de novo. Viver é um absurdo e não dá pra passar por isso tão ileso.
Eu e minhas lembranças
Talvez um dia eu te fale de mim…
Te direi coisas lindas do meu passado.
Chorarei frustrações da minha adolescência.
E te envolverei com histórias tristes,
Outras hilariantes e faceiras…
Talvez um dia eu te conte,
o tanto que a vida me foi cruel,
E das tantas vezes em que pensei desistir,
E daí, do nada, talvez eu comece a sorrir,
lembrando outras tantas vezes,
em que me senti absurdamente feliz…
Talvez um dia eu te fale de mim…
E quem sabe você se sinta feliz.
Por não ter me conhecido antes,
ou se entristeça por não me conhecer a fundo.
Dai te contarei sobre o que de mais belo já vivi, o amor…
E todas as minhas histórias se tornarão apenas mais uma.
Talvez um dia eu te fale de mim…
Talvez um dia você se lembre de mim…
E assim, estarei presente no seu passado,
Me recordarei do seu carinho de amigo,
Me envolverei na saudade do teu alento,
E partirei, como a brisa, como o próprio tempo,
que cobra o seu preço sem fingimentos.
E sei que permanecerei,
no mais profundo dos seus pensamentos..
Assim sou eu.
Pegação
Eu vou pegar uma caneta e já anoto seu número.
Eu vou pegar o próximo ônibus.
Eu vou pegar um copo d´água pra você.
Eu, bro? Vou pegar uma mulher!!! Duas, se bobearem...
Ah, língua portuguesa, que flexibilidade. O tempo passa e o nosso vocabulário muda, se expande, se transforma, ganha novos e riquíssimos significados, como este agora: pegar mulher. Aliás, pega-se homem, também.
É natural que garotos e garotas saiam pra noite querendo se dar bem, conhecer pessoas, ter uma história, um romance, uma ficada, duas ficadas, três ficadas, quatro ficadas... esquece, a partir daí já não acho natural coisa nenhuma. Acho um desperdício de energia. Pegar quatro caras. Pegar cinco minas. A gente está falando de quê, de catadores de lixo?
Parece.
Não se trata de caretice, mas de adequação. Pegar, pega-se coisas. Não gente. Coisas. Bonecos infláveis, que podemos segurar, tocar, lamber e descartar 10 minutos depois. Coisas. Produção industrial, sentimento nenhum, envolvimento zero. Coisas. Objetos inanimados. Sem voz, sem idéias, sem vida. Coisas. Pegue-e-leve, pegue-e-largue, pegue-e-use, pegue-e-chute, pegue-e-conte-para-os-amigos-depois. Pegar, cá pra nós, é um verbo muito cafajeste.
Tudo bem experimentar sensações diversas, conhecer de tudo, exercitar a sexualidade, mas em vez de "pegar", poderíamos empregar algum outro verbo menos frio e automático. Porque, quando duas bocas se tocam, nada é assim tão frio e automático, na maioria das vezes a naturalidade é forçada, é a turma que dita as regras e exige que todos se comportem igual, então vão todos para a balada fingindo que deixaram o coração em casa, mas deixaram nada. Deixaram a personalidade em casa, isso sim.
Mas o que uma tia como eu pode fazer contra o avanço (avanço??) dos costumes e a vulgarização do vocabulário? Sou do tempo em que pegava-se uma carona, um avião, uma gripe. Quando o assunto era relação, por mais frágil e rápida que fosse, ninguém estava pegando ninguém. Ao contrário, estava todo mundo se soltando.
Eu sou apenas a garota angustiada, de cabeça metralhadora, de tremedeira na existência, de maxilares travados de tanto que dói gostar tanto de tudo. Eu sou apenas a garota que tenta ser amada. E sou profundamente amada por alguns meses, até o garoto segurar firme a minha mão e dizer "nós somos inseguros e queremos uma garota normal". E então eu me pergunto se não deveria lobotomizar meu cérebro pra pensar menos, lobotomizar meu coração pra sentir menos.
Prefiro ser
Essa metamorfose ambulante
Eu prefiro ser
Essa metamorfose ambulante
Do que ter aquela velha opinião
Formada sobre tudo
Do que ter aquela velha opinião
Formada sobre tudo...
Eu quero dizer
Agora o oposto
Do que eu disse antes
Eu prefiro ser
Essa metamorfose ambulante
Do que ter aquela velha opinião
Formada sobre tudo
Do que ter aquela velha opinião
Formada sobre tudo...
Sobre o que é o amor
Sobre o que eu
Nem sei quem sou
Se hoje eu sou estrela
Amanhã já se apagou
Se hoje eu te odeio
Amanhã lhe tenho amor
Lhe tenho amor
Lhe tenho horror
Lhe faço amor
Eu sou um ator...
É chato chegar
A um objetivo num instante
Eu quero viver
Nessa metamorfose ambulante
Do que ter aquela velha opinião
Formada sobre tudo
Do que ter aquela velha opinião
Formada sobre tudo...
Sobre o que é o amor
Sobre o que eu
Nem sei quem sou
Se hoje eu sou estrela
Amanhã já se apagou
Se hoje eu te odeio
Amanhã lhe tenho amor
Lhe tenho amor
Lhe tenho horror
Lhe faço amor
Eu sou um ator...
Eu vou desdizer
Aquilo tudo que eu
Lhe disse antes
Eu prefiro ser
Essa metamorfose ambulante
Do que ter aquela velha opinião
Formada sobre tudo
Do que ter aquela velha opinião
Formada sobre tudo
Do que ter aquela velha opinião
Formada sobre tudo...
Do que ter aquela velha, velha
Velha, velha, velha
Opinião formada sobre tudo.
Eu não espero pelo dia em que todos os homens concordem
Apenas sei de diversas harmonias bonitas possíveis sem juízo final.
Se eu não me importo, eu simplesmente te ignoro. Mas se eu me importo, eu faço de tudo pra você achar que eu não me importo
Conte me algo e eu esquecerei. Mostre-me algo e talvez eu lembre. Envolva-me e eu entenderei.
Nota: Versão do pensamento do filósofo Xun Zi, discípulo de Confúcio.
Ambiciono que o idioma em que eu te falo
Possam todas as línguas decliná-lo
Possam todos os homens compreendê-lo.
Eu precisava de ficar pregado nas coisas vegetalmente e achar o que não procurava.
Herança
Eu vim de infinitos caminhos,
e os meus sonhos choveram lúcido pranto
pelo chão.
Quando é que frutifica, nos caminhos infinitos,
essa vida, que era tão viva, tão fecunda,
porque vinha de um coração?
E os que vierem depois, pelos caminhos infinitos,
do pranto que caiu dos meus olhos passados,
que experiência, ou consolo, ou prêmio alcançarão?
Os outros nunca sentem.
Quem sente somos nós,
Sim, todos nós,
Até eu, que neste momento já não estou sentindo nada.
Nada? Não sei...
Um nada que dói...
Sou um homem quieto, o que eu gosto é ficar num banco sentado, entre moitas, calado, anoitecendo devagar, meio triste, lembrando umas coisas, umas coisas que nem valiam a pena lembrar.
O maior obstáculo para eu ir adiante: eu mesma. Tenho sido a maior dificuldade no meu caminho. É com enorme esforço que consigo me sobrepor a mim mesma.
Porque, note-se bem: foi precisamente nos anos da minha mais dèbil vitalidade que eu cessei de ser pessimista: a necessidade instintiva de restabelecer-me, afastou-me da filosofia da miséria e do desânimo...
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