Escola Poema de Rubem Alves

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A navegação da casa

Detenho-me diante de uma lareira e olho o fogo. É gordo e vermelho, como nas pinturas antigas; remexo as brasas com o ferro, baixo a tampa de metal e então ele chia com mais força, estala, raiveja, grunhe. Abro: mais intensos clarões lambem o grande quarto e a grande cômoda velha parece regojizar-se ao receber a luz desse honesto fogo. Há chamas douradas, pinceladas de azuis, brasas rubras e outras cor-de-rosa, numa delicadeza de guache. Lá no alto, todas as minhas chaminés devem estar fumegando com seus penachos brancos na noite escura; não é a lenha do fogo, é toda a minha fragata velha que estala de popa a proa, e vai partir no mar de chuva. Dentro, leva cálidos corações

O cajueiro

O cajueiro já devia ser velho quando nasci. Ele vive nas mais antigas recordações de minha infância: belo, imenso, no alto do morro, atrás de casa. Agora vem uma carta dizendo que ele caiu.

Eu me lembro do outro cajueiro que era menor, e morreu há muito mais tempo. Eu me lembro dos pés de pinha, do cajá-manga, da grande touceira de espadas-de-são-jorge (que nós chamávamos simplesmente “tala”) e da alta saboneteira que era nossa alegria e a cobiça de toda a meninada do bairro porque fornecia centenas de bolas pretas para o jogo de gude. Lembro-me da tamareira, e de tantos arbustos e folhagens coloridas, lembro-me da parreira que cobria o caramanchão, e dos canteiros de flores humildes, “beijos”, violetas. Tudo sumira; mas o grande pé de fruta-pão ao lado de casa e o imenso cajueiro lá no alto eram como árvores sagradas protegendo a família. Cada menino que ia crescendo ia aprendendo o jeito de seu tronco, a cica de seu fruto, o lugar melhor para apoiar o pé e subir pelo cajueiro acima, ver de lá o telhado das casas do outro lado e os morros além, sentir o leve balanceio na brisa da tarde.

No último verão ainda o vi; estava como sempre carregado de frutos amarelos, trêmulo de sanhaços. Chovera; mas assim mesmo fiz questão de que Carybé subisse o morro para vê-lo de perto, como quem apresenta a um amigo de outras terras um parente muito querido.

A carta de minha irmã mais moça diz que ele caiu numa tarde de ventania, num fragor tremendo pela ribanceira; e caiu meio de lado, como se não quisesse quebrar o telhado de nossa velha casa. Diz que passou o dia abatida, pensando em nossa mãe, em nosso pai, em nossos irmãos que já morreram. Diz que seus filhos pequenos se assustaram; mas depois foram brincar nos galhos tombados.

Foi agora, em setembro. Estava carregado de flores.

"... fazendo saber aos transeuntes: 'Atenção! lá vou eu, sou a gravata alegre anunciando que este homem acordou de coração vivo e peito limpo e que ele agradece ao Sol o brilho que vê nas folhas das árvores e na curva das ondas”.

( in "Manhã de Sol". Manchete,Dez/1960.)

Inserida por portalraizes

A cada novo passo, um degrau a mais nessa escada que o fim pode ser daqui a alguns segundos, minutos, horas, meses, até mesmo anos...

O que me agrada é acreditar não apenas teoricamente, mas perceber na ptrática que essa evolução da alma me agrega a cada dia novos valores que ontem eu jamais imaginava adquirir.

A estrada é longa os tropeços sempre são necessários, afinal são nos momentos de crise (seja ela econômica, política ou existencial) que mais se fortalecem as nações o sistema ou o indivíduo.

Olhar para trás e não cometer os mesmos erros nos permite ver que sim, o passado não deve ser esquecido, mas sim interpretado de forma a questionar os acontecimentos presentes, buscando formular um futuro sonhado, afinal o que seria de nós se não houvesse os sonhos.

Concomitante a essa reflexão admiro cada vez mais esse sentimento que coabita dentro de mim e que me fornece energia pra superar as forças mais adversas, todo desejo de mudança, compreensão e transcedência que há na essência do meu ser. A este sentimento denomino Amor Próprio.*

Por isso, vivo com a perspectiva de plantar sempre o meu melhor.

Já os frutos o destino decidirá...

"Os homens semeiam na terra o que colherão na vida espiritual: os frutos da sua coragem ou da sua fraqueza." - Alan Kardec

*Quando me remeto a esse sentimento, cito a força superior, pois é graças a Deus que possuo tal sentimento.

Inserida por Rubin-ho

Eu considerei a glória de um pavão ostentando o esplendor de suas cores; é um luxo imperial. Mas andei lendo livros, e descobri que aquelas cores todas não existem na pena do pavão. Não há pigmentos. O que há são minúsculas bolhas d’água em que a luz se fragmenta, como em um prisma. O pavão é um arco-íris de plumas.

Eu considerei que este é o luxo do grande artista, atingir o máximo de matizes com o mínimo de elementos. De água e luz ele faz seu esplendor; seu grande mistério é a simplicidade.

Inserida por Anonimamente

(Apoio ao jogador brasileiro Daniel Alves)

Homenagem à Banana...

Essa incrível fruta que não deve ser jogada, nem desperdiçada!!!!
Comamos bananas, elas são fontes de potássio... não dão câimbras....
E é por isso que somos os Pentacampeões do mundo....
O resto é inveja da oposição!

Inserida por palcodasflores

Um mestre que ensina na sua escola trinta ou quarenta crianças consegue fazer de todas elas pessoas capazes de pensar? Não. Por isso considero as escolas instituições perniciosas.

A atividade extrema, tanto na escola como na faculdade, na igreja ou no mercado, é um sinal de escassa vitalidade.

O dia mais belo: hoje
A coisa mais fácil: errar
O maior obstáculo: o medo
O maior erro: o abandono
A raiz de todos os males: o egoísmo
A distração mais bela: o trabalho
A pior derrota: o desânimo
Os melhores professores: as crianças
A primeira necessidade: comunicar-se
O que traz felicidade: ser útil aos demais
O pior defeito: o mau humor
A pessoa mais perigosa: a mentirosa
O pior sentimento: o rancor
O presente mais belo: o perdão
O mais imprescindível: o lar
A rota mais rápida: o caminho certo
A sensação mais agradável: a paz interior
A maior proteção efetiva: o sorriso
O maior remédio: o otimismo
A maior satisfação: o dever cumprido
A força mais potente do mundo: a fé
As pessoas mais necessárias: os pais
A mais bela de todas as coisas: O AMOR!

Eu sei que vou te amar
Por toda a minha vida eu vou te amar
Em cada despedida eu vou te amar
Desesperadamente
Eu sei que vou te amar

E cada verso meu será
Pra te dizer que eu sei que vou te amar
Por toda minha vida

Eu sei que vou chorar
A cada ausência tua eu vou chorar
Mas cada volta tua há de apagar
O que esta ausência tua me causou

Eu sei que vou sofrer
A eterna desventura de viver
A espera de viver ao lado teu
Por toda a minha vida

Vinicius de Moraes
Livro de Letras

Nota: Letra da música "Eu sei que vou te amar", composta por Vinícius de Moraes e Tom Jobim

...Mais

Eu nunca fui uma moça bem-comportada.
Pudera, nunca tive vocação pra alegria tímida ou pro amor mal resolvido sem soluços.
Eu quero da vida o que ela tem de cru e de belo. Não estou aqui pra que gostem de mim. Estou aqui pra aprender a gostar de cada detalhe que tenho. E pra seduzir somente o que me acrescenta.
Adoro a poesia e gosto de descascá-la até a fratura exposta da palavra.
A palavra é meu inferno e minha paz.
Sou dramática, intensa, transitória e tenho uma alegria em mim que me deixa exausta.
Eu sei sorrir com os olhos e gargalhar com o corpo todo.
Sei chorar toda encolhida abraçando as pernas.
Por isso, não me venha com meios-termos, com mais ou menos ou qualquer coisa. Venha a mim com corpo, alma, vísceras, tripas e falta de ar...
Eu acredito é em suspiros, mãos massageando o peito ofegante de saudades intermináveis, em alegrias explosivas, em olhares faiscantes, em sorrisos com os olhos, em abraços que trazem pra vida da gente.
Acredito em coisas sinceramente compartilhadas.
Em gente que fala tocando no outro, de alguma forma, no toque mesmo, na voz, ou no conteúdo.
Eu acredito em profundidades.
E tenho medo de altura, mas não evito meus abismos.
São eles que me dão a dimensão do que sou.

Se tu vens, por exemplo, às quatro da tarde, desde as três eu começarei a ser feliz. Quanto mais a hora for chegando, mais eu me sentirei feliz. Às quatro horas, então, estarei inquieto e agitado: descobrirei o preço da felicidade! Mas se tu vens a qualquer momento, nunca saberei a hora de preparar o coração.

O Pequeno Príncipe

Enquanto estiver vivo, sinta-se vivo.
Se sentir saudades do que fazia, volte a fazê-lo.
Não viva de fotografias amareladas...
Continue, quando todos esperam que desistas.
Não deixe que enferruje o ferro que existe em você.
Faça com que em vez de pena, tenham respeito por você.
Quando não conseguir correr através dos anos, trote.
Quando não conseguir trotar, caminhe.
Quando não conseguir caminhar, use uma bengala.

Mas nunca se detenha.

A vida

A vida é uma oportunidade, aproveita-a.
A vida é beleza, admira-a.
A vida é beatificação, saborei-a.
A vida é sonho, torna-o realidade.
A vida é um desafio, enfrenta-o.
A vida é um dever, cumpre-o.
A vida é um jogo, joga-o.
A vida é preciosa, cuida-a.
A vida é riqueza, conserva-a.
A vida é amor, goza-a.
A vida é um mistério, desvela-o.
A vida é promessa, cumpre-a.
A vida é tristeza, supera-a.
A vida é um hino, canta-o.
A vida é um combate, aceita-o.
A vida é tragédia, domina-a.
A vida é aventura, afronta-a.
A vida é felicidade, merece-a.
A vida é a VIDA, defende-a.

Silêncios e Palavras

Não diga as coisas com pressa. Mais vale um silêncio certo que uma palavra errada. Demora naquilo que você precisa dizer. Livre-se da pressa de querer dar ordens ao mundo. É mais fácil a gente se arrepender de uma palavra que de um silêncio.

Palavra errada, na hora errada, pode se transformar em ferida naquele que disse, e também naquele que ouviu. Em muitos momentos da vida o silêncio é a resposta mais sábia que podemos dar a alguém.

Por isso, prepara bem a palavra que será dita. Palavras apressadas não combinam com sabedoria. Os sábios preferem o silêncio. E nos seus poucos dizeres está condensada uma fonte inesgotável de sabedoria.

Não caia na tentação do discurso banal, da explicação simplória. Queira a profundidade da fala que nos pede calma. Calma para dizer, calma para ouvir.

Hoje, neste tempo de palavras muitas, queiramos a beleza dos silêncios poucos.

Soneto de aniversário

Passem-se dias, horas, meses, anos
Amadureçam as ilusões da vida
Prossiga ela sempre dividida
Entre compensações e desenganos.

Faça-se a carne mais envelhecida
Diminuam os bens, cresçam os danos
Vença o ideal de andar caminhos planos
Melhor que levar tudo de vencida.

Queira-se antes ventura que aventura
À medida que a têmpora embranquece
E fica tenra a fibra que era dura.

E eu te direi: amiga minha, esquece...
Que grande é este amor meu de criatura
Que vê envelhecer e não envelhece.

Vinicius de Moraes
Antologia poética

Quando vem a saudade
O tempo volta atrás
O amor vem a realidade
Te esquecer jamais

Quando vem a saudade
Tudo faz lembrar
Todo o amor que eu te dei
E tudo volta num piscar

Toda a lágrima
Que por você eu chorei
Não foi em vão
Agora eu sei

Todo amor que eu senti
Por você, não foi em vão
Com você aprendi
A escutar meu coração

Quando vem a saudade
Agora sei, que nunca esquecerei
O quanto te amei de verdade
Um amor que sempre levarei
Para toda a eternidade.

Amar na distância.

Hoje não vou te dar boa noite!
Pois sei que só verás amanhã o meu recado.
Queria te dizer que não consegui dormir.
Fiquei com medo.
Tentava dormir, mas o sono teimava em não vir.
Fiquei triste!
E agora?
O que fazer sem o sono?
Sem ele não há sonho.
Sem o sonho apenas saudade.
Saudades? Tive uma ideia!
Suas fotos.
Achei!
Fiquei horas olhando para elas.
Os meus olhos foram fechando.
Oi! Como você veio parar aqui?
Como entrou no meu quarto?

Não contive as minhas mãos.
Seu rosto!
Sua boca!
Por que você está indo embora?
Ops! Fiquei triste de novo.
Era um sonho.
Tive uma ideia!
O sonho!
Posso sentir o seu perfume.
Nossa! Sonhei de novo!
Já sei! Minha cama.
Lá eu consigo ficar perto de você.
Mesmo longe.
Mesmo sendo sonho!
Amanhã?
Não quero o sol.
Quero mais uma vez a lua.
O sol me chama.
A lua traz meu sono.
Meu sonho.
Você!
Beijos!
Estou com sono.
Vou sonhar.
Vou te encontrar.
Para sempre.
Sem ser sonho.
Um dia!

Um novo dia vem nascendo.
Um novo sol já vai raiar.
Parece a vida, rompendo em luz,
E que nos convida a amar.

Vinicius de Moraes

Nota: Trecho da música "Um novo dia"

Quem diz que Amor é falso ou enganoso,
ligeiro, ingrato, vão, desconhecido,
sem falta lhe terá bem merecido
que lhe seja cruel ou rigoroso.

Amor é brando, é doce e é piedoso.
Quem o contrário diz não seja crido;
seja por cego e apaixonado tido,
e aos homens, e inda aos deuses, odioso.

Se males faz Amor, em mi se vêem;
em mim mostrando todo o seu rigor,
ao mundo quis mostrar quanto podia.

Mas todas suas iras são de Amor;
todos os seus males são um bem,
que eu por todo outro bem não trocaria.