Erasmo de Rotterdam Elogio da Loucura

Se a mulher nos ama, até as nossas insuficiências nos desculpa, mas se não nos ama, não desculpa nem as nossas prioridades.

Um povo corrompido não pode tolerar um governo que não seja corrupto.

A corrupção dos governantes quase sempre começa com a corrupção dos seus princípios.

Na vida de um homem não há dois momentos de prazer parecidos, tal como não há duas folhas na mesma árvore exatamente iguais.

Quando vou a um país, não examino se há boas leis, mas se as que lá existem são executadas, pois boas leis há por toda a parte.

Gosto dos epitáfios; eles são, entre a gente civilizada, uma expressão daquele pio e secreto egoísmo que induz o homem a arrancar à morte um farrapo ao menos da sombra que passou.

Há certos passatempos e prazeres ilícitos, que censuramos nos outros, mais por inveja do que por virtude.

Tudo é bom quando é excessivo.

Estamos habituados a julgar os outros por nós próprios, e se os absolvemos complacentemente dos nossos defeitos, condenamo-los com severidade por não terem as nossas qualidades.

O seu trabalho não é a pena que paga por ser homem, mas um modo de amar e de ajudar o mundo a ser melhor.

Até a virtude precisa de limites.

Não há paixão mais egoísta do que a luxúria.

A ilusão é uma fé desmedida.

A mais honrosa das ocupações é servir o público e ser útil ao maior número de pessoas.

A ignorância é a mãe das tradições.

É sem qualquer terror que eu vejo a desunião das moléculas da minha existência.

Os homens preferem geralmente o engano, que os tranquiliza, à incerteza, que os incomoda.

Do mesmo papel em que lavrou a sentença contra um adúltero, o juiz rasgará um pedaço para nele escrever umas linhas amorosas à esposa de um colega.

A ocasião faz o homem.

Os hábitos são a vitória do tempo sobre a vontade.