Erasmo de Rotterdam Elogio da Loucura

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O desejo de igualdade levado ao extremo acaba no despotismo de uma única pessoa.

Há muitos homens que se queixam da ingratidão humana para se inculcarem benfeitores infelizes ou se dispensarem de ser benfazentes e caridosos.

Os homens têm geralmente saúde quando não a sabem apreciar, e riqueza quando a não podem gozar.

Os homens fingem desinteresse para melhor promoverem os seus interesses.

Perante um auditório de tolos, os velhacos tornam-se fecundos, e os doutos silenciosos.

O homem não pode de forma alguma impedir de ter pela mulher um desejo que a aborrece; a mulher não pode de forma alguma ter pelo homem uma ternura que o aborrece.

Não há ofensa que não perdoamos, depois de nos termos vingado.

A vida, quando é miserável, custa a suportar; se é feliz, é horrível perdê-la. Uma coisa equivale à outra.

Só se pode conversar duas horas com uma mulher quando se lhe diz sempre a mesma coisa.

Nada devemos fazer que não seja razoável; mas nada também de fazermos todas as coisas que o são.

A modéstia doura os talentos, a vaidade os deslustra.

O silêncio é o melhor salvo-conduto da mais crassa ignorância como da sabedoria mais profunda.

A ciência dos projectos consiste em prever as dificuldades de execução.

A imaginação e o recolhimento são duas doenças de que ninguém tem piedade.

Aprovamos algumas vezes em público por medo, interesse ou civilidade, o que internamente reprovamos por dever, consciência ou razão.

A experiência que não dói pouco aproveita.

O dever dos juízes é fazer justiça; a sua profissão, a de deferi-la. Alguns conhecem o próprio dever e exercem a profissão.

Não é raro aborrecermos aquelas mesmas pessoas que mais admiramos.

Uns homens sobem por leves como os vapores e gases, outros como os projécteis pela força do engenho e dos talentos.

Afinal de contas, atribui-se preço bem alto às suas conjecturas quando se cozinha um homem vivo por causa delas.