Erasmo de Rotterdam Elogio a Loucura

A inveja, que abrevia ou suprime os elogios, é sempre minuciosa e prolixa na sua crítica e censura.

Compreender é perdoar.

A beleza é uma letra que se vence à vista, a sabedoria tem o seu vencimento a prazos.

A chave de todas as ciências é inegavelmente o ponto de interrogação.

Perdoamos mais vezes aos nossos inimigos por fraqueza, que por virtude.

A constância é o fundo da virtude.

Os avarentos não crêem numa vida por vir, para eles o presente é tudo.

Nem a fortuna nem a grandeza são, por si sós, suficientes para sermos felizes.

A impunidade é segura, quando a cumplicidade é geral.

O pretexto normal dos que fazem a infelicidade dos outros é de quererem o bem deles.

A ambição sujeita os homens a maior servilismo do que a fome e a pobreza.

Noturno

Lá fora o luar continua
E o trem divide o Brasil
Como um meridiano

O amante é um arauto que proclama onde existe o mérito, o espírito ou a beleza de uma mulher. Que proclama um marido?

Cada um é como Deus o fez, e muitas vezes até pior.

Para aparecerem no jornal, há assassinos que assassinam.

Que o papel fale e que a língua se cale.

As paixões perdoam tão pouco quanto as leis humanas, e raciocinam com mais justeza: não se apoiam elas numa consciência que lhes é própria, infalível como o é um instinto?

A avareza começa onde termina a pobreza.

O fim da vida não é a felicidade, mas o aperfeiçoamento.

Os homens são poucas vezes o que parecem; eles trabalham incessantemente por parecer o que não são.