Emmanuel Marinho Pao Velho
Antes acreditava em sorte, mas quando vi que a tal era manipulável, então deixei de lado e aprendi, que todo fracassado acredita em sorte. Pois confia no que não fez e ainda espera um bom resultado.
sinto uma dor no coração
não sei se é mágoa
não sei se é decepção
não sei se é saudade
não sei se é rancor
não sei se é adversidades
ou se é amor
eu só sei que não sei tirar essa dor.
A Disciplina se apresenta quando deixamos de fazer algo que queremos para fazer aquilo que é necessário.
CARTA DE SOCORRO
A quem ainda pode me ouvir,
Aos que ainda sentem a terra sob os pés,
Aos que ainda se lembram que sem natureza não há futuro:
Socorro!
Eu sou a Caatinga.
Sou o único bioma exclusivamente brasileiro.
Nasci do calor, cresci na escassez, floresci na resistência.
Durante séculos, abriguei povos inteiros, curei feridas com minhas raízes, alimentei famílias com meus frutos, e dancei com o vento seco sob o sol ardente.
Hoje, estou morrendo.
Tenho sido queimada, arrancada, esquecida.
Espécies que guardava como tesouros — como o pau-ferro, a baraúna, o umbuzeiro, o mororó, o juazeiro e o mandacaru — estão sendo levadas embora, uma a uma.
Meus filhos verdes, meus espinhos de proteção, meus galhos retorcidos de luta, estão sendo transformados em cinzas, carvão e silêncio.
Me chamaram de pobre, de seca, de lugar sem vida.
Mas nunca perguntaram o quanto dei de mim para que a vida sobrevivesse aqui.
Nunca olharam com carinho para o que fui capaz de sustentar, mesmo com tão pouco.
Eu sangro em silêncio, mas agora grito: me recatinguem!
Me curem.
Me deixem respirar de novo.
Não quero virar lembrança em livros didáticos.
Não quero ser só nome em relatório de extinção.
Quero ver de novo as folhas do umbu se abrindo depois da chuva.
Quero ouvir o barulho das ararinhas-azuis que quase não existem mais.
Quero acolher de novo o vaqueiro, o sertanejo, o viajante.
Peço socorro aos cientistas, aos agricultores conscientes, às escolas, aos jovens, aos povos originários e tradicionais. Peço socorro a quem ainda me reconhece como vida.
Plantem o que sou.
Ensinem quem fui.
Preservem o que restou.
E devolvam-me o que me tiraram: o direito de continuar existindo.
Eu sou a Caatinga.
E eu ainda resisto — se vocês resistirem comigo.
Com dor e esperança,
Caatinga a voz esquecida do sertão.
Emmanuel.limap
A pior coisa de ficar velho é que cada vez a gente fica mais velho.
E a gente fica velho quando é velho, fica mais velho quando é novo e tem gente que é novo mas parece velho.
A velhice começa com a primeira queda e termina com muitos tombos.
Dizem que cair os cabelos é sinal de velhice e uma questão genética.
Tem gente que fica careca aos vinte anos e até menos e tem gente que fica com os cabelos brancos antes de ficar velho.
Por algum motivo, os cabelos são grande preocupação para a maioria das pessoas.
As mulheres têm especial preocupação e cuidado com os cabelos e as mais novas usam os cabelos tão grandes quanto possível,muitas se negam a cortá-los e “cortar as pontas” parece que dói. À medida que ficam mais velhas a preocupação não diminui, mas muitas passam a usá-lo mais curto porque é muito mais prático.
Não tenho estatísticas mas acho que a maioria das mulheres usa tinta nos cabelos. Umas, só para variar mesmo, outras porque acham que ficam melhor com ele mais claro ou mais escuro.
É raro ver mulher com os cabelos parcialmente brancos e mais raro ainda vê-las com eles todos brancos.
Não há quem não perceba que está ficando velho ao ver uma foto de si próprio com dez anos a menos.
No perfil do Facebook, todo mundo escolhe uma foto da qual goste mais e invariavelmente ela é menos atual do que a realidade.
Há quem não ligue para ficar velho ou mais velho, alguns se se acham até melhor do que quando eram mais novos, mas até isso é uma coisa passageira porque ninguém gosta de perder a mobilidade, a visão, a audição e a vitalidade de quando era mais jovem.
Eu poderia escrever várias páginas sobre as vantagens de ser jovem, de quanto é difícil e ruim ficar mais velho e depois outras tantas rebatendo um monte de gente dizendo que ficar velho é natural, é legal e que a maturidade traz paz, sabedoria e inegáveis vantagens.
Concordo que ficar mais velho possa ter umas coisas legais, mas no geral, ficar mais velho um dia acaba deixando a gente muito velho e ficar velho, no bom português, é uma merda….
Como diz minha querida Amanda Palma, eu começo escrevendo bem mas invariavelmente esculhambo o texto. Juro que nem sempre fui assim….
Isso é coisa de velho!
O VELHO CACIQUE.
Deus sabe quanto relutei em usar o adjetivo velho.
Quem vê o vigor desse que ouso chamar de velho cacique, não o reconheceria no lépido líder que reuniu o que se pode chamar de representativa parcela da sociedade de Guarujá.
Eram mais de sessenta homens e mulheres, de vinte a mais de setenta anos, dispostos a ouvir qualquer coisa que o velho cacique fosse falar.
Percebeu-se um quase temor reverencial, uma vontade de que o chefe bradasse um grito de guerra, para que todos cruzassem lanças, com qualquer inimigo de Guarujá.
Suas poucas e sábias palavras mostraram desde o princípio, que o cacique tem dos velhos, a sabedoria, a perseverança, e mais do que qualquer um dos jovens presentes, a força, a valentia e o vigor que se impuseram não como discurso, mas como oitiva, de tudo o que todos sabem e precisava ser dito em público. A fraqueza de nós todos, no trato das coisas da cidade, cidade que se percebeu, é importantíssima na vida daqueles homens e mulheres.
Aquele que chamo de velho cacique, deu a palavra a tantos quantos o tempo permitiu, para ouvir que todos estamos cansados das promessas que nos trouxeram ao fundo do poço, nesta cidade em que até os mais modestos dizem, ter tudo para ser a melhor da região.
Ninguém precisou falar de grandes números ou grandes cifras, para se ter a certeza de que os poucos que estão no poder quase nada fazem com a enormidade de recursos de que dispomos, sem falar nas novas riquezas que hoje, mais do que nunca, estão à disposição de quem tenha como nós, a proximidade dos grandes centros, como fácil acesso e vantagens outras, inigualáveis em toda a região.
Isso para quem tem vontade de trabalhar.
O velho cacique não disse mas nós sabemos, que depois dele nada expressivo se construiu. Que a nossa fama de outrora foi quase esquecida ou desprezada pelos que hoje, com a ignorância peculiar de jovens aprendizes de feiticeiro, confundiram o trabalho com a mágica.
Enquanto todos os que assumiram o poder depois do velho cacique preferiram receber os louros, por vitórias em batalhas que nem sempre travaram, a cidade chegou ao caos dos que gastam mais do que ganham, dos que tiram férias sem terem merecido , dos que dissipam as fortunas que herdaram sem nenhum mérito próprio.
Ninguém é unânime e nem todos seguiram nem seguirão o velho cacique...
Aliás, jamais deveria tê-lo chamado de velho cacique, melhor reverenciá-lo como velho guerreiro ou simplesmente como cacique guerreiro, sob as ordens de quem, ainda teremos sérias lutas e com certeza grades vitórias.
Meu respeito ao homem de muito valor, Jayme Daige.
Vida
Há uma época na vida que a gente não imagina que vai ficar velho e vai morrer.
Todas as descobertas são novidades e felicidades.
Cedo ou tarde a realidade começa a aparecer e a gente toma conhecimento do que é perder um bichinho de estimação, um ente querido, um parente mais próximo.
O contato com o fim quase sempre é numa sequencia é lógica e perdemos nossos queridos avós. Ainda assim, parece que a morte é coisa dos outros.
Parece que a gente vai viver para sempre.
Mas, finalmente, em algum momento a gente descobre a realidade das nossas vulnerabilidades.
Seja pela doença ou pela morte de gente bem próxima, caímos numa real de que a vida é efêmera, que a passagem por ela pode trazer muitas alegrias e conquistas, mas carrega sempre o os percalços e que a única certeza da vida é a morte.
Para muitos, onde me incluo, essa certeza não assusta. Esse é momento para parar de comer, fumar e beber. Todos sabem que essas são coisas onde menos é mais.
Breve você vai estar matematicamente mais perto do fim do que do começo, deve ter em mente que é hora de aproveitar a vida e pensar que a morte será puro e merecido descanso.
Homens mais velhos não sofrem decepções de amor porque buscar amor depois de velho é sempre uma aventura.
Morreu. Fedeu!
Lembro-me do nem tão velho avô Pacheco, que morreu nos anos 60.
Filho de portugueses, com um grande coração de homem rude, quando ouvia o comentário de que alguém havia morrido logo soltava a perola. Morreu fedeu.
Sei lá porque cargas d’água, quando eu almoçava na casa dele ele sempre perguntava:- Mais um bife? E eu educadamente agradecia. –Não obrigado. E ele retrucava: - Mais fica.
Como se vê, ficaram essas lembranças que com a aparência de rudes explicavam ao neto, as verdades da vida com poucas palavras.
Morreu. Fedeu!
Santa Fé.
Algumas histórias têm várias versões e interpretações.
Diz um velho ditado,que a vida não é fácil e 2.011 foi um ano excepcionalmente difícil para mim que sempre tive uma vida fácil, confortável, prazeirosa e cheia de conquistas, eu diria invejáveis.
Falta de dinheiro, por conta do encerramento de várias atividades comerciais, doença na família, desentendimentos e aborrecimentos com muita gente, me deram conta, da pior forma possível, da condição de humano e dessa nossa vida terrena e imperfeita.
Fui criado no catolicismo e tendo estudado por muitos anos em colégios religiosos, tive o que se pode chamar de overdose de informações e de práticas obrigatórias, como assistir à missa todos os dias.
Talvez por isso e certamente, por falta de humildade eu me afastei da Igreja e o que é pior, de Deus.
Esse é um texto escrito para qualquer pessoa, mas quem me conhece talvez possa me avaliar melhor. Sou tido como justo e bom na maior parte dos meus atos e pela maioria das pessoas que me cercam.
Li e ouvi muito, que o distanciamento de Deus pode levar o indivíduo provações que o levem a acreditar que não estamos aqui por acaso.
Às vezes penso que 2.011 foi um ano em que fui colocado à prova.
Há pessoas que pedem a Deus e outras que o agradecem pela vida e por tudo mais que recebem.
Talvez eu estivesse num estágio onde acreditei mais em mim do que na bondade divina. Como muitos, na hora das dificuldades recorri a Deus. Passei a acompanhar a Amanda à missa e a rezar com ela alguns minutos todos os dias.
Se antes eu nada pedia a Deus, também não o agradecia, e nessa hora difícil, conheci o Salmo 91- Confiança em Deus, e a Oração do Poder, que agora recito todos os dias e que pode mostrar, pela sua leitura, o desespero que eu estava passando.
Em meados de janeiro de 2.011, portanto faz um ano, Amanda me contou que uma amiga nossa, de mais de dez anos, convidou-a para receber uma bênção .
Deixo de entrar em detalhes para não ser extenso. Amanda voltou muito impressionada pelo que ouviu, me contou e eu não a levei a sério. Escutei-a só para não demonstrar minha incredulidade com qualquer tipo assunto sobrenatural.
Entre tantas coisas, essa pessoa teria lhe dito que os todos os nossos problemas iriam terminar como um final dos contos de fadas. Saúde restabelecida e todos os problemas, inclusive financeiros resolvidos.
Disse também, que ela estava vendo o final feliz para todos os problemas de dinheiro e isso se daria quando eu vendesse um imóvel, valioso porém muito difícil de vender, e que já via a Amanda curada e radiosa dirigindo um carro de luxo, um Santa Fé que faria parte do negócio.
Naquela época eu havia recebido uma proposta onde receberia um carro desse modelo. Imediatamente repreendi Amanda e disse que isso era charlatanismo, que provavelmente a nossa amiga teria ouvido algo e contado para essa pessoa.
O tempo passou, Amanda está totalmente curada porque teve os melhores médicos, no melhor hospital e porque certamente ela mereceu e merece cada Graça que recebe. Ela é a melhor pessoa que eu conheci em toda a minha vida!
A única proposta que eu havia tido para a venda do tal imóvel não prosperou.
Com a venda de outros imóveis eu resolvi, graças a Deus, todos os problemas financeiros e a vida tomou seu rumo, o rumo certo e que eu esperava.
Estávamos muito felizes até dia 17 de fevereiro de 2.012, dia que não poderá ser jamais esquecido.
Ontem , vendi o tal imóvel caro, que vai finalmente me livrar do pesadelo de ter convivido, por mais de dez anos, com algumas pessoas que me deixavam doente e amargo.
Como parte de pagamento, por exigência do comprador, recebi um carro Santa Fé, ano 2.012, placas EYZ 3731, com 2.085 quilômetros .
Já o entreguei para Amanda, que ontem mesmo desfilou com ele felicíssima, radiante, linda como ela é, e o mais importante, cheia de saúde ...
Santa Fé!!!
Ser velho.
A gente não fica mais velho e mais inteligente.
A gente fica mais velho e mais experiente e por isso sabe, que buscar conselhos das pessoas mais novas, mais inteligentes e mais preparadas em algum assunto, é ser inteligente.
Ninguém sabe tudo sobre todos os assuntos e quando a gente quer acertar mesmo, não se preocupa de quem serão os louros pelo sucesso de uma ideia ou ideal.
Nem todo jovem é inexperiente. Muitos são na verdade mais experientes do que pessoas mais velhas.
Ser maduro só quer dizer que não se é verde e isso não quer dizer que os mais velhos já passaram do ponto, nem que os maduros são mais eficientes.
Todas as idades têm seus encantos e a velhice só quer dizer que alguém passou por todas as fases, tirou da vida o que melhor pode, o que a experiência lhe ensinou a aproveitar.
Ser jovem e inexperiente é uma verdade irrefutável e inexorável, mas ser velho, só quer dizer que se foi à escola, não que se aprendeu a lição.
A gente deveria ser antes velho e depois novo.
Sábias palavras do meu avô Antonio Perez, repetidas tantas vezes que eu jamais esqueci.
Uma das raras vantagens de envelhecer é que o conjunto das experiências pelas quais passamos pode ajudar a não cometer alguns erros e para que não repitamos os velhos. Erros, que podem variar de simples enganos até os monumentais, que comprometem toda uma vida ou deixam sequelas irreparáveis.
A observação atenta, que só a experiência dá, pode fazer com que algumas vezes, em vez de aprendermos como os nossos erros nós os evitemos vendo os erros dos outros.
E se a nossa imaturidade não nos permitiu isso, é bom que alertemos os mais jovens, ainda que na maioria das vezes ninguém bata com a cabeça dos outros.
Internet é coisa de velho.
Todo mundo sabe que cruzeiro marítimo tem muito velho. Com dinheiro no bolso, tempo à vontade e facilidades, quem já fez conhece, milhares de idosos e idosas perambulam pelo mundo nessas embarcações maravilhosas.
Tem uma senhora aqui no navio que já fez mais de cento e quarenta e muitos outros ultrapassaram a marca dos cinquenta. Estou na casa dos trinta ou mais e não pretendo parar.
Em cada canto a gente vê senhores e senhoras de idade com tablets e iphone, navegando não sei onde e teclando com não sei quem, mas estão na internet direto.
Ontem vi uma cena que preciso contar.
Numa mesa ao meu lado três ou quatro casais, todos passados dos sessenta, conversavam e riam ruidosamente, quando e aproximou um senhor ainda mais velho, devia ter bem uns oitenta.
Bengala numa das mãos, tablet na outra, dirigiu-se diretamente a um dos senhores e perguntou em inglês:- Por acaso você é o Gordon? Ao que o outro respondeu surpreso:- Sim, Gordon é meu sobrenome, meu nome é Phillis, Phillis Gordon.
O mais velho disse:-Ontem eu estava teclando no Facebook com meu amigo Stein, que mora em West Berlim, você conhece Stein? E o outro ainda com cara de espanto disse:- Sim, é meu querido amigo que não vejo há uns dez anos mas falo sempre com ele pela internet. O velho disse então:- Pois é, ele me disse que tinha um amigo fazendo esse cruzeiro, passou a sua foto e me disse que se eu encontrasse, lhe desse o abraço apertado que ele gostaria de dar.
Eu o achei e estou aqui para dar o abraço.
O Gordon levantou-se, deram um abraço apertado sob os olhos atônitos da pequena plateia e notei umas pequenas lágrimas rolando, sob muitos aplausos.
É a internet, coisa de velhos!
Os que vão e os que ficam.
Ninguém fica velho antes do tempo e ninguém deveria morrer antes dessa hora.
Ficar velho é algo que não se ensina porque não dá para aprender.
E nesse caso, os conselhos valem pouco, porque de verdade, para pouco servem.
Quem faz como os outros dizem, faz o dos outros, não o seu próprio.
É nessa caminhada sem volta, onde é possível olhar para trás mas impossível refazer qualquer coisa, ou fazer o que deixou de ser feito que mora o arrependimento.
Alguns se arrependem muito, uns poucos não se arrependem de nada e a maioria vive demais os últimos anos com essas lembranças imutáveis.
Quem parte leva tudo dele consigo, deixa um pouco de lembrança, e aquilo que um dia possa ter sido seu tesouro de nada valerá porque só há uma certeza, do pó viemos e ao pó retornaremos.
Ser velho é uma experiência que os novos não tiveram e deveriam abster-se de tentar analisá-la.
Só os velhos podem escrever com propriedade sobre certos aspectos da velhice, pois olhar para o precipício não é a mesma coisa que mergulhar no precipício.
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