Elogios dos Olhos
Eu não olharei em teus olhos
se eu não desejar você,
por isso, garota, esteja atenta
porque eu estou olhando você.
Não é possível dar um passo adiante com os olhos fitos no passado, mas olhando ao horizonte, e com os pés bem firmes no presente!
Tenho sempre diante dos olhos Tereza sentada num tronco, acariciando a cabeça de Kariênin e pensando na falência da humanidade. Ao mesmo tempo, surge para mim uma outra imagem: Nietzsche está saindo de um hotel em Turim. Vê diante de si um cavalo e um cocheiro lhe dando chicotadas. Nietzsche se aproxima do cavalo, abraça-lhe o pescoço sob o olhar do cocheiro e explode em soluços.
Isso aconteceu em 1889 e Nietzsche já estava, também ele, distanciado dos homens. Em outras palavras: foi precisamente nesse momento que se declarou sua doença mental. Mas, para mim, é justamente isso que confere ao gesto seu sentido profundo. Nietzsche veio pedir ao cavalo perdão por Descartes. Sua loucura (portanto, seu divórcio com a humanidade) começa no instante em que chora pelo cavalo.
É esse Nietzsche que amo, da mesma maneira que amo Tereza, acariciando em seus joelhos a cabeça de uma cadela mortalmente doente. Vejo-os lado a lado: os dois se afastam do caminho em que a humanidade, “proprietária e senhora da natureza”, prossegue sua marcha adiante.
Nem tudo que reluz é ouro.
Nem sempre o melhor está ao alcance dos olhos.
É preciso estar atento e aprender a perceber melhor as pessoas e o mundo à volta porque os diamantes não ficam na superfície e são o que de mais valioso há.
Crepúsculo
Teus olhos, borboletas de ouro, ardentes
Borboletas de sol, de asas magoadas,
Pousam nos meus, suaves e cansadas
Como em dois lírios roxos e dolentes…
E os lírios fecham… Meu amor não sentes?
Minha boca tem rosas desmaiadas,
E a minhas pobres mãos são maceradas
Como vagas saudades de doentes…
O silêncio abre as mãos… entorna rosas…
Andam no ar carícias vaporosas
Como pálidas sedas, arrastando…
E a tua boca rubra ao pé da minha
É na suavidade da tardinha.
Um coração ardente palpitando…
Porque quando fecho os olhos, é você quem eu vejo; aos lados, em cima, embaixo, por fora e por dentro de mim.
Tão abstrata é a idéia do teu ser que me vem de te olhar, que, ao entreter os meus olhos nos teus, perco-os de vista.
Orgulho! desce os olhos dos céus sobre ti mesmo, e vê como os nomes mais poderosos vão se refugiar numa canção.
Quando da bela vista e doce riso
Tomando estão meus olhos mantimento,
Tão enlevado sinto o pensamento,
Que me faz ver na terra o Paraíso.
Tanto do bem humano estou diviso,
Que qualquer outro bem julgo por vento;
Assi[m] que, em caso tal, segundo sento,
Assaz de pouco faz quem perde o siso.
Em vos louvar, Senhora, não me fundo,
Porque quem vossas cousas claro sente,
Sentirá que não pode conhecê-las.
Que de tanta estranheza sois ao mundo,
Que não é de estranhar, Dama excelente,
Que quem vos fez fizesse céu e estrelas.
Quando você foi embora, duas lágrimas de mim escorreram. Uma dos olhos, que logo chegou ao chão. Outra no coração, que congelou e cristalizou-se. Com o tempo, essa gota cristalizada vai escorrendo aos poucos, me cortando cada dia um pouco mais por dentro.
Caligrafia
Queria escrever uma carta anônima
Falando do quanto eu te amo
Mas não seria uma boa ideia
E tudo iria pelo cano
Quem dera ter a tua letra
Toda estranha, cheia de garranchos
Mas mesmo assim, eu não me importo
É por você que eu me desmancho
Minha caligrafia é toda caprichada
E muito bem elaborada
Uma simples carta
De uma pessoa apaixonada
Mas tudo bem, não tem problema
Eu te amo de qualquer jeito
Amo cada pedaço seu
Suas qualidades e defeitos
Minha letra pode até ser linda
Como uma obra de arte
Mas tudo que eu quero
É da sua vida fazer parte.
À mesa
Cedo à sofreguidão do estômago. É a hora
De comer. Coisa hedionda! Corro. E agora,
Antegozando a ensangüentada presa,
Rodeado pelas moscas repugnantes,
Para comer meus próprios semelhantes
Eis-me sentado à mesa!
Como porções de carne morta... Ai! Como
Os que, como eu, têm carne, com este assomo
Que a espécie humana em comer carne tem!...
Como! E pois que a Razão me não reprime,
Possa a terra vingar-se do meu crime
Comendo-me também.
A Fome e o Amor
A um monstro
Fome! E, na ânsia voraz que, ávida, aumenta,
Receando outras mandíbulas a esbangem,
Os dentes antropófagos que rangem,
Antes da refeição sanguinolenta!
Amor! E a satiríasis sedenta,
Rugindo, enquanto as almas se confrangem,
Todas as danações sexuais que abrangem
A apolínica besta famulenta!
Ambos assim, tragando a ambiência vasta,
No desembestamento que os arrasta,
Superexcitadíssimos, os dois
Representam, no ardor dos seus assomos
A alegoria do que outrora fomos
E a imagem bronca do que inda hoje sois!
Não sou capaz de amar mulher alguma, o amor da humanidade é uma mentira.
Cultivei de sorrisos uma vida-jardim;
em cada canteiro plantei um sorriso enfim,
Ah..de tanto sorrir pra vida,a vida floriu pra mim...
Andar de menina levada
Reação de menina dissimulada
Jeito de menina imaculada
Estilo de menina diferenciada
Pensamento de menina destrambelhada
Idéias de menina espevitada
Sorriso de menina ensolarada
Sonhos de menina equilibrada
Olhar de menina encantada
Vontade de menina encorajada
Emoções de menina amada
Pernas de menina desejada
Desejos de menina viajada
Choro de menina mimada
Quadris de menina desenhada
Razão de menina estudada
Boca de menina beijada
Personalidade de menina reservada
E coração de menina apaixonada…
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