Dor seu Silencio
PÉ NA VIDA
Demétrio Sena, Magé - RJ.
Tome a causa. Construa seu efeito. Veja em volta, existe um mundo que gira, e pouco importa se alguém deixa de acompanhá-lo. Faça o peito sentir que seu coração tem a dor tão somente como corda propulsora de novos passos.
Entenda que só se morre de morte, para que se acenda o desejo de viver o tempo. Feito isto, leve o sonho nas asas e não traga o fim para o meio da jornada. Deixe o susto pra beira do infinito, que por ser infinito não tem pressa de assustá-lo.
Seja forte o suficiente para ser quem você é, enquanto está por aqui. Jamais esteja por força nem contingência, ou por não lhe restar alternativa. Seria viver por viver, e por viver não se vive de verdade. Só se deixa seguir.
Tenha fé na estrada, no sonho e nos próprios passos, ao despertar e saber o que deseja de si mesmo. Ponha pé na sorte, no chão e no futuro, a partir do presente. Só se vive de vida, o resto é morte, a morte fica para depois futuro.
BICHO LIVRE
Demétrio Sena, Magé - RJ.
Seu arreio termina
ou destoa
no meu lombo;
na minha paz...
Sua lei não combina
com quem voa,
leva tombo
e se refaz...
PONTO FRANCO
Demétrio Sena, Magé – RJ.
Contenha, de vez em quando, seu brio materno ou paterno, e tente ouvir as palavras que o seu filho não diz entre aquelas que soam, mas você despreza. Faz isso, porque a regra infeliz do poder maior que o afeto é sua reza tirana de quem manda e manda.
Pelo menos uma vez na vida, escute o choro espremido e amedrontado sob o pranto exposto em traços bem expressivos, mas cuja expressão nunca teve a leitura de sua preguiça. Quiçá o seu temor de se descobrir no mesmo patamar de quem seus olhos nunca viram de frente, pois o coração sempre fugiu do ponto franco em que pode morar o ponto fraco.
Deixe um pouco de lado essa praticidade gelada e cruel que revela um limbo de certezas ditadas. Um tribunal desumano de verdades forjadas pela distância estabelecida entre você e quem deveria ser bem mais próximo, exatamente porque veio de você.
Esse jogo de achar forçosamente que filho não tem voz audível, pode se reverter contra sua carência futura de gritar. Infelizmente, seu filho há de aprender, com seu exemplo, que pai ou mãe também não tem voz. Nem tem vez. Tudo será contra seu dom de matar o brilho do rosto, as expectativas e admirações de quem nunca foi quem deveria ter sido.
Preste bem atenção na faixa etária do mundo. Já estamos no século em que pai e mãe não são deuses... são seres humanos... tão humanos quanto seus filhos, que já sabem disso, mas podem não querer saber, se um dia resolverem virar o jogo.
SALOMÃO NO SÉCULO XXI
Demétrio Sena, Magé - RJ.
O rei Salomão se recompunha em seu trono, enquanto batia um papo ao celular, com a presidente Dilma, do Brasil. Dilma ensinava a Salomão, algumas espertezas políticas bem mais eficazes do que a sabedoria milenar do grande rei ressurreto.
De repente, adentram seu palácio duas mulheres. Ambas indignadas, levavam consigo uma criança recém-nascida. Uma das mulheres a segurava pela cabeça, e outra, pelas pernas. A confusão era porque ambas diziam ser a mãe verdadeira da criança que restou de uma tragédia na qual morrera outra criança, também filha de uma delas. Logo atrás, quatro soldados tentavam conter os ânimos exaltados e ninguém entendia nada por causa do grande volume de palavras proferidas aceleradamente pelas supostas mães.
"Já vi esse filme"; pensou o rei, enquanto se recompunha para que ninguém visse as suas partes íntimas sob o roupão de majestade. Salomão ficou calado, mão no queixo, como convém a um grande sábio, e de repente, pareceu também se lembrar do desfecho da história ou do "filme" parecido. Só não recordou que os tempos são outros. Estamos no século XXI.
- Soldado! Traga uma espada! Já sei exatamente como resolverei essa questão!
Temeroso, ciente das intenções do monarca, e com a certeza de que aquilo não tinha como dar certo, o soldado, mais sábio do que Salomão, tentou adverti-lo da mancada que estava dando, mas não teve sucesso.
- Responda uma coisa, soldado! Quem é Salomão aqui? Eu ou você?
- O senhor...
- Pois então faça o que lhe mando! Corte a criança em duas e divida entre as mulheres! Se ambas dizem que são mães da mesma criança, que se dê um pedaço a cada uma!
O soldado levantou a espada. Como não viu nenhuma reação das mulheres, o rei fez sinal para que aguardasse. Olhou profundamente nos olhos de ambas e perguntou, primeiro a uma, depois a outra:
- A senhora não diz nada?
A primeira não se fez de rogada. Ou melhor; se fez. Também encarou o rei, como se fosse uma rainha, e respondeu solenemente:
- O senhor é meu Rei. Seja feita sua vontade.
Já um tanto aliviado, e julgando adivinhar o que ouviria da outra mulher, Salomão não pressionou. Esperou com paciência, o quanto pôde, até que a perdeu e disse, asperamente:
- Qualé, mulher? Vai ou não vai dizer?
Depois de fazer um muxoxo, a segunda se recompôs. Estava meio distraída, mas voltou a si, pareceu se consultar com os seus botões, e disparou:
- Olhe, majestade... acho que um pedaço é melhor que nada.
Não acreditando no que ouvira, Salomão se "redescompôs": espumou, andou de um lado para outro e fez mil caretas, enquanto o soldado já se cansava de segurar a espada, em posição de carrasco. E foi o soldado quem acabou cobrando uma atitude do rei:
- Pô, majestade! O que faço com essa espada! Vai ou não vai dar a ordem? Já estou com câimbra!
Um brilho diferente, de satisfação e vingança chegou aos olhos do rei. Ele sorriu em silêncio, deu uma cusparada e reuniu a coragem necessária para mudar o fim do "filme" que já vira:
- Certo, soldado! Vá em frente! Corte as duas vacas em quatro!
TRAIÇÃO FIEL
Demétrio Sena, Magé - RJ.
Dê seu jeito e se arranje a qualquer preço,
no consolo evasivo desses braços,
nos espaços vazios que deixei
pra que alguém se aventure a preencher...
Improvise a paixão, simule amor,
um calor de artifício, alguns ruídos,
feche os olhos e finja que me vê
na tevê da saudade aí no fundo...
Ponha salsa e pimenta nos momentos,
como quem condimenta pão e água,
faz a mágoa vestir-se de prazer...
Só não diga o meu nome, se apiede,
pois lhe pede a resposta merecida
uma vida plantada em sua mão...
HUMANIDADE
Demétrio Sena, Magé - RJ.
Se o seu orgulho exigir uma reação ao ser desafiado por alguém, vá em frente... vença o desafio... mas tente não derrotar o desafiante.
ALÉM DO AMOR
Demétrio Sena, Magé - RJ.
Entendi seu adeus e não condeno
a palavra escondida em eufemismos;
mais pra frente, outro dia, qualquer hora;
um agora esticado pra depois...
Nem julguei que faltasse o sentimento,
que nevasse no chão do seu afeto,
fosse terra e cimento sobre a história
de vivências tão fortes e profundas...
Reconheço a distância das verdades
entre nossas quimeras, nossos sonhos,
nosso dom de saudades infinitas...
É por isso que aceito seu adeus
em silêncio, segredo que desvendo,
pois entendo as razões além do amor...
SABENÇA
Demétrio Sena, Magé - RJ.
Quem aprendeu a viver
tem um trunfo a seu favor;
bem discreto; quase mudo;
sabe quando não saber,
em auxílio ao falador
que se ostenta o sabe-tudo...
POEMINHA VOCACIONAL
Demétrio Sena, Magé - RJ.
Acreditou em seu sonho
até que acertou em cheio:
na fritura;
na textura;
no recheio...
Sempre achou a vida broa,
e não sabe o que faria...
que não fosse
salgado e doce
de padaria.
NO FORMOL
Demétrio Sena, Magé – RJ.
Seu olhar de cansaço deu canseira;
sua voz de coral gregoriano;
ladainha, novena e contrição;
perda e dano que pagam penitência...
Já não quero aspirar a sua névoa
nessa paz deprimida, o ar ausente,
nesse tom de quem paira num divã
onde a mente protege o coração...
Há um não que o silêncio formaliza
e avisa do tempo que acabou,
quando a sombra parece ter ciúme...
Ou é sim feito símbolo de amém
que não teve outro jeito nem saída;
sua vida não tem lugar pro sol...
TEMPOS DE SUPERPROTEÇÃO
Demétrio Sena, Magé - RJ.
Se é por seu filho, tenha medo do mundo. Faça isso, para que o medo não tenha que ser dele, quando chegar a hora jamais prevista por seu medo insano, instituído e massificado, de superproteger. Para que a falta de medo e o desaviso não guardem sua ruína entre o silêncio da passividade que permite o voo com asas incompletas.
Mesmo a águia, quando solta no espaço o seu filhote para testar as condições de voo, tem os olhos atentos sobre ele. Não o deixa escapar de sua mira, e ao perceber a inércia desse filhote, quando o chão já está próximo, precipita-se no ar e o resgata bem antes da concretização do perigo. Não aposta na sorte, muito menos na necessidade pedagógica de um tombo que possivelmente apenas o machucaria. Machucaria bastante.
A considerar os tempos que atravessamos, meio termo é disfarce de abandono. É preciso, mais do que nunca, perdermos o próprio sono para que o nosso filho sonhe, confiante no alcance de nossos olhos e na força de nossas garras. Filhos eventualmente mimados terão sempre a chance de se recriar e seguir. Filhos gravemente marcados pelo abandono do meio termo que não prevê as desgraças inerentes às brechas da criação fria e desatrelada, nem sempre.
Refiro-me aos filhos em formação. E se não há formação, não haverá formados. Formar é apontar caminhos, ensinar a seguir, mostrar o mundo, corrigir, mas estar sempre lá. Só deixar que o filho voe sem a supervisão de nosso amor presente, ocular e de garras atentas, quando ele se sentir pronto e puder, ele mesmo, decidir no que pode ou em quem pode confiar. A partir daí, os tombos e sucessos, as dores e as alegrias serão de sua inteira responsabilidade.
Sobretudo, é protegendo com a força e os critérios da possibilidade máxima de nosso amor, que podemos ensinar nossos filhos a proteger nossos netos. Nossas futuras gerações.
JOÃO BATISTA
Demétrio Sena, Magé - RJ.
Acho que uma voz no deserto já tem o seu valor, pois como cheguei ao deserto, alguém mais terá chegado. De uma forma ou outra, chegar além de mim mesmo já é uma grande façanha. Se trago amor para dar, isso vale, por si só, pelos próprios encalhes de meu estoque.
O que tenho está posto por natureza, e no tempo certo haverá quem o queira. Sigo em paz, por não ser uma lacuna vazia. Sinto-me a beira que a eira encontrará no caminho, bastando-lhe apenas desejar ou não, ser cultivada em mim. É por isso que sou poeta em tempos anti-poesia. Semeio textos no chão que meus passos carimbam. Faço versos do mundo e os recheio de vida. Só não posso empurrá-los goelas nem corações adentro.
Como entro e saio quando quero, porque sempre acho a saída, e sinto que sou livre para ser quem sou, concluo que a liberdade alheia vale mais que meus escritos. Isso não me demove da ideia pretensiosa de perda irreparável para quem despreza versos e afins.
Seja como for, uma flor no deserto equivale ao próprio jardim. Por isso planto. Semeio. Sou poeta.
PAPINHO BAIANO
Demétrio Sena, Magé - RJ.
Mana;
cadê mainha?
Ela saiu
com seu Jão.
Foi na feirinha
comprar coco,
mó de fazer
cocadas
de mamão.
MERCADO VITAL
Demétrio Sena, Magé - RJ.
Tenha tudo a seu tempo. Sempre na hora exata. Para tanto, seja muito criterioso na observação do tempo e no seu projeto pessoal. Na construção do sonho e do projeto. Tenha em mente que não se bebe uma vida em um trago intempestivo. Quem não edifica um passado não terá futuro, pois o tempo não é de se dar de presente.
Só herdamos do mundo as conquistas incontestes. A realização confiável surge quando caminhamos decididamente, mas com todas as etapas em dia, rumo ao fim desenhado no início. Isto só acontece ao passarmos nos testes de sonhar a prazo, sem aquele vício de crer que se vive num ato. Em um mergulho. Um salto no vácuo.
O que só se conclui com critério e processo, ninguém terá no atacado, mesmo que tente pagar à vista. Realizações sólidas têm acesso restrito a quem vai passo a passo, pois só se vive a varejo. Ao alcance da mão. Cada resposta do mundo é um trago adequado à verdade cabível para o momento. Viver é construir. Momento é matéria prima.
SEU SEM QUERER
Demétrio Sena, Magé - RJ.
Já não posso insistir no bem querer
que me leva, me joga, me deságua,
me desova no seu arquivo morto,
onde vivo a ilusão de que lhe tenho...
Abro mão desse porto pontual,
desse ponto cravado em alto mar,
do luau solitário que lhe rendo
pra ganhar uns trocados de afeição...
Guarde sua distância pra si mesma,
não a quero com tanto sem querer
ou com tanta preguiça e reticência...
Deixarei que a saudade seja sua
uma vez, uma lua, um por acaso;
quero troca; não quero doação...
VIDA PLENA
Demétrio Sena, Magé - RJ.
Uma vida não pode ser metade,
não importa o seu tempo, seu tamanho,
ela tem a verdade que lhe cabe
na medida e no sonho que alimenta...
Longa, curta, uma vida seja plena;
tenha o justo limite da missão;
pés no chão, pensamentos no infinito
e a velha certeza de quem somos...
Todos nascem completos, definidos,
nossa história já chega desenhada,
não há nada que a torne meia história...
É preciso saber deixar saudades
rubricadas, completas, isso é vida
que a partida não tem como partir...
REVIVER
Demétrio Sena, Magé - RJ.
Redescubra o seu sangue latente nas veias,
pra voltar a sentir que viver é vontade,
que dormir é covarde quando a vida espera
por aquela resposta que só é pra hoje...
Não adie o presente que o tempo lhe doa,
ninguém tem o futuro sem seguir pra lá,
nem existe passado pra contar ao mundo,
para quem se permite ser levado ao vento...
Reanime o sentido que dorme no peito,
ponha medo no medo e venha para fora,
pois a hora está pronta e requer atitude...
Valorize o trajeto com sonhos braçais,
tenha mais a fazer do que ter esperanças
cujas lanças esperam que o alvo se renda...
PRENÚNCIO
Demétrio Sena, Magé - RJ.
Ela vem passo a passo, estou indo ao encontro
do seu tempo, seu ponto e de sua estação;
meu outono faz contas, as folhas restantes
dão ao meu coração a surpresa da calma...
Hoje a vida me toma nos braços das horas,
minhas horas me levam nas asas da brisa,
meu olhar suaviza o que o mundo revela
e descansa os meus medos do que tem que ser...
Já me rendo ao seu cheiro, sua sensação,
minha mão sente a pele de sua verdade
cujo toque abstrato se pré-anuncia...
Sei amar a bagagem que trago no peito;
o que fiz e foi feito de minha viagem;
tudo vale a certeza do que não sei quando...
MEIA VIDA INTEIRA
Demétrio Sena, Magé - RJ.
Ainda que seja meia vida,
no seu tempo, na sua validade,
não alcance a velhice, a meia idade,
viva o todo; com sonho e com amor...
Validade não tem que ser valor.
E ainda que seja um sopro leve,
leve afeto; esperança; plante paz;
faça o seu nunca mais durar pra sempre,
nesse curto infinito que o convida...
Meia vida não seja meio vida.
PÃO DE QUEIJO
Demétrio Sena, Magé - RJ.
Quando a lua pousar no seu telhado
pra banhar a janela, o seu olhar,
fazer tudo fluir igual canção
que não é pra se ouvir; é pra se ver...
Deixe o sonho cair no seu agrado;
toda lua precisa ser luar,
ou não pode fluir no coração
nem na doce cantiga de viver...
Ao cair do crepúsculo de outono,
a friagem morninha será beijo
de saudade; profunda nostalgia...
Dê à sua emoção coroa e trono,
beba o céu, saboreie o pão de queijo
que o espaço tempera de magia...
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