Dor
A paz chegou no instante em que deixei de justificar minha dor, e aprendi que nem tudo precisa ser entendido para ser superado.
A vida me ensinou que nem toda dor precisa ser vista, algumas apenas pedem o silêncio e a presença de Deus.
Fui moldado pela dor e lapidado pela paciência. Cada sofrimento foi um cinzel nas mãos do tempo, esculpindo em mim a consciência de que nada é em vão. A dor me rasgou, mas também me abriu para o divino que habita no silêncio. A paciência, essa artesã invisível, me ensinou que o amadurecimento não é pressa, é entrega. Hoje entendo que fui forjado não para ser perfeito, mas para compreender a beleza do processo, o sagrado que existe em suportar e florescer, mesmo em meio ao fogo.
O amor não é ausência de dor, é persistência mesmo doendo. Amar apesar da dor é persistir na construção, mesmo quando o alicerce treme.
As dores me ensinaram a falar mais baixo e sentir mais fundo. A dor afinou os sentidos, ouvir, tocar, sentir, tudo ficou mais verdadeiro e profundo.
A vida me feriu, mas a esperança, com suas mãos firmes e delicadas, sempre soube transformar dor em remendo, e remendo em recomeço.
Nos dias em que a dor tomou a voz, foi a fé, em silêncio, que me deu bússola. Nesse silêncio aprendi a seguir.
Fui ferido por caminhos que me levaram à cura, cada estrada com dor ensinou um remédio, o atalho que fere traz lição e sentido, aprendi que toda rota guarda um aprender.
Fui forjado na dor, temperado na fé, a dor moldou, a fé deu resistência, tornei-me aço que aprende a se curvar, não quebro, aprendi a seguir.
A dor não me faz vítima, faz-me verdadeiro,
a dor revela uma essência sem máscaras,
ela não me derruba, revela quem sou, da dor nasceu autenticidade e força.
Pés despidos na pedra fria, olhos que sabem de dor. Mas há no rosto cansado a chama viva do amor. Quem carrega o que é amado não sente o peso que levou.
