Despedida de um Namorado q Faleceu

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Tudo às vezes questão de mão recusada ou dada, tudo às vezes por causa de um passo a mais ou a menos.

Clarice Lispector
Todas as cartas. Rio de Janeiro: Rocco, 2020.

Nota: Trecho de carta para Fernando Sabino, escrita em 8 de janeiro de 1957.

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Sofrer dói. Dói e não é pouco. Mas faz um bem danado depois que passa. (...) Meu tempo não se mede em relógios. E a vida lá fora, me chama.

Um fracasso novo é o mínimo que se espera de qualquer relação.

Martha Medeiros
MEDEIROS, M. Fora de Mim. Rio de Janeiro: Editora Objetiva, 2010.

Porque eu sou briguenta, mas sou mais sensível que maria-mole na frigideira. Eu queria ir para um planeta onde não existisse tempo de beijar e tempo de pirar.

Com o tempo eu aprendi, que nada é em vão, tudo tem um certo motivo para acontecer, já apanhei da vida, mas aprendi a bater, já caí no chão, mas aprendi a levantar, já chorei muito, por isso levo esse sorriso intenso hoje, porque conquistei um dos sentimentos mais valiosos... a Felicidade.

Que um mundo de vilezas e desigualdades seja uma realidade aceitável e presente, e que um mundo justo e fraterno seja uma realidade distante e utópica é o maior atestado da incompetência, do egoísmo, da fraqueza e da mísera evolução humana.

Aprendi que uma coisa (mal) dita não tem nada que apague. A palavra proferida é um tiro na alma. Pode matar um sentimento. Pode acabar com o amor de alguém. Pode destruir uma amizade. Pode arruinar uma família. Uma palavra pode valer mais do que mil gestos. Pode machucar mais do que um tapa na cara. Pode separar mais do que a distância. Com palavras, eu magoei muita gente que eu amo. Eu perdi gente que eu amei. Mas foi só quando eu tomei uma surra de palavras na cara que eu aprendi.

É porque ainda não sou eu mesma, e então o castigo é amar um mundo que não é ele. É também porque eu me ofendo à toa. É porque talvez eu precise que me digam com brutalidade, pois sou muito teimosa.

Clarice Lispector
Felicidade clandestina. Rio de Janeiro: Rocco. 1998.

Nota: Trecho do conto Perdoando Deus.

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Estou numa época que prefiro um bom sapato a um homem mais ou menos. Pelo menos o sapato aumenta minha auto-confiança e eu sei exatamente onde ele irá me machucar. Não estou certa?

Talvez não exista um motivo real e lógico, ou talvez nem exista sequer um motivo, mas, meu Deus! Como você me dói de vez em quando. E como me dói ultimamente. E já não sei mais agir diante da sua indiferença, a não ser com uma indiferença ainda maior. E orgulho. Não é que não doa.

O espírito não tem nome, é a verdade pura, está habitando aquele corpo por determinado período, e um dia o deixará - sem que Deus se preocupe em perguntar "quem é você?" quando a alma chega diante do julgamento final. Deus perguntará apenas: "Você amou enquanto estava vivo?" A essência da vida é essa: a capacidade de amar, e não o nome que carregamos em nossos passaportes, cartões de visitas, carteiras de identidade.

As suas reflexões não eram pensamentos, o seu sono não era repouso. De dia não era um homem, de noite não era um homem adormecido.

Se um dia eu não sentir mais saudade, com certeza meu coração não baterá mais.

Nenhuma montanha é tão alta para que você escale. Tudo que você tem que ter é um pouco de CONFIANÇA. Nenhum rio é tão imenso para que você o atravesse. Tudo que tem que fazer é acreditar na sua FÉ.

Círculo vicioso

Um dia, milhões de bebês choraram na liberdade uterina do milagre da vida: nasceram. Não vestiram seus corpos, não lhes calçaram sapatos nem lhes deram o conforto do seio materno, antes da posse do sonho infantil, foram rejeitados, ao rigor do abandono.

Um dia, mãozinhas trêmulas, inseguras, sem afeto, bateram na porta do vizinho, procurando abrigo. Não havia ninguém ali para oferecer afeto nem portas havia na pobreza do lado. O menino escorregou na direção da rua.
Um dia, a criança anêmica foi eleita à marginalidade da escura noite e disputava papelões e pães no lixo do depósito público. Aos tapas, cresceu como grão perdido no vão das pedras, sem a mínima possibilidade de sobreviver: sem teto, sem luz, sem chão.

Um dia, o adolescente esperto teve alucinações de vida e o desejo de conferir a sociedade: candidatou-se à luta amarga do subemprego. Alvejado pela falta de habilitação, foi condenado como vagabundo, recebendo etiqueta oficial de mendigo.

Um dia, o adulto desiludido, amargurado, sem emprego, sem referencial, saiu à procura do amor. No escuro, mas cheio de esperanças, foi colecionando portas fechadas pelo caminho. Sem Deus, sem nome, sem avalista, sem discurso, acreditou no “slogan” das campanhas sociais.

Um dia, o menino mal nascido, mal amado, mal educado, não soube cuidar do filho que nem chegou a ver. Não ouviu seu choro. Imaginou apenas que, após nove meses de duríssima gestação, alguém brotara de um rápido encontro, irresponsável, assustado e vazio que sempre ouviu dizer que se chamava amor.

Na maioria das vezes a gente não precisa de um “vai dar tudo certo” e sim de um “eu vou estar aqui até quando as coisas derem erradas”.

Procura-se um amor de verdade no meio de tanta gente que finge amar só pra fazer os outros sofrerem.

Todos vão te fazer sofrer. Mas um dia você conhece alguém que te faz chorar e segundos depois volta pra te fazer sorrir de novo.

Esse é o maior problema dos desejos, eles não aceitam não como resposta. Você só coloca um ponto final nele se for até o fim. Para matar um desejo é preciso viver, nem que depois você morra junto com ele.

filosofia da composição

sempre sonhei compor um poema narcísico
com tetas como tempestades e as
furibundas fêmeas com quem copulou
o bardo Gérard Éluard Du Kar´Nehru
na mui sensualmente San Sebastian
ciudad de los enganos
mas a musa dos meus verdes anos
perdeu-me em sua primavera de pentelhos
e, ainda melhor, furtou-me o espelho