Desabafo de um bom Marido

Queixam-se muitos de pouco dinheiro, outros de pouca sorte, alguns de pouca memória, nenhum de pouco juízo.

Sabei escusar o supérfluo, e não vos faltará o necessário.

Deus, arquitecto do universo, proibiu o homem de provar os frutos da árvore da ciência, como se a ciência fosse um veneno para a felicidade.

A vingança comprimida aumenta em violência e intensidade.

O receio aumenta-nos os desgostos, tal como os desejos os prazeres.

Quem muito nos festeja, alguma coisa de nós deseja.

Felicidade, árvore frondosa de dourados pomos. Existe, sim, mas nós nunca a encontramos porque ela está sempre apenas onde nós a pomos, e nunca a pomos onde nós estamos.

É na idade da ambição que se prova a têmpera dos homens.

O vento é o tempo:
sopra varre levanta lambe
desfaz o que foi feito.

A constância é o fundo da virtude.

A alma dos imperadores e dos sapateiros são tiradas do mesmo molde.

Não pode haver glória onde não existe virtude.

A ignorância que se conhece, se julga e se condena não é uma ignorância completa: para que o seja, é preciso que se ignore a si mesma.

Virtude invejada é duas vezes virtude.

Amai o que jamais se verá duas vezes.

O fraco ofendido desabafa maldizendo.

Deve-se julgar da opinião e caráter dos povos pelo dos seus eleitos e prediletos.

A razão do mais forte é sempre a melhor.

Deus é o poeta, os homens são apenas os actores.

Pouco saber exalta o nosso amor-próprio, muito saber humilha-o.